Talvez em outra vida eu possa voar e nunca cair... Eu poderia ser o que quisesse e nunca sentiria minhas cicatrizes.
- Isak Danielson.
🚨Este capítulo pode gerar algum desconforto em pessoas sensíveis, tanto por citações de um relacionamento abusivo, quanto por sintomas de depressão e anorexia. Peço que pensem bem antes de iniciarem a leitura. Boa leitura!
Batendo a perna freneticamente no chão, cruzo os braços e encosto a cabeça na parede. Tiro o celular do bolso para me distrair até chegar a minha vez e me lembro do beijo com Ana. Seus lábios tão macios de encontro com os meus, seus olhos brilhantes... tiraram meu fôlego.
Eu não deveria ter deixado as coisas chegarem a essa proporção, jamais deveria ter puxado assunto quando nos conhecemos e agora ela sabe. Ela sabe o que aconteceu no último dia de ação de graças. Ela sabe que a minha família problemática está acobertando duas fatalidades. Ela sabe de tudo e não deveria saber.
Vejo o meu nome aparecer no telão e antes de entrar no consultório, confirmo a minha presença na casa da Courtney, com quem não tenho muita afinidade.
Entro na sala branca, onde o doutor Miller me aguarda, com sua caderneta e seu óculos de armação grossa.
— Boa tarde, Jacob — meu terapeuta me cumprimenta.
— Boa tarde, Miller.
Acomodo-me em uma das poltronas de couro, ficando à vontade como nas últimas seções. Faço terapia desde que tinha 12 anos e meu irmão, Christian, 14. Foi quando as coisas saíram do controle pela primeira vez em anos, quando precisei ajudá-lo com os hematomas.
— Como vem se sentindo?
— Melhor do que da última vez, mas ainda assim angustiado — confesso e ele me dá um sorriso acolhedor.
— Quer dividir comigo o motivo da sua angústia?
— Muitas coisas, na verdade — começo, umedecendo os lábios. — Minha mãe está cada vez pior e na madrugada passada a encontrei na varanda do quarto, com a porta aberta. Meu corpo gelou com a possibilidade de ela tentar pular do segundo andar, cara. Vou precisar redobrar os cuidados da casa e não me sinto preparado pra isso.
— Ela continua fazendo o tratamento? — ele pergunta, retirando os óculos e coçando os olhos, que estão mais compassivos do que de costume.
— Está, mas não vejo nenhum progresso desde a cerimônia do Henry. Não sei como ela conseguiu sair da cama e testemunhar outro enterro.
— É comum pacientes com o quadro dela agirem assim durante o tratamento — ele assegura. — Mas sei que não é só isso, o que mais está te abalando?
— Estão acontecendo alguns assassinatos, Richard — revelo, com a voz baixa e ele mantém a expressão neutra. Psicólogos merecem um Oscar pela atuação.
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Uma Garota Discriminada [COMPLETO]
Mystery / ThrillerBailes costumam ser sinônimo de glamour, alegria e bebedeira. Porém, quando tudo isso sai do controle, o evento pode virar um banho de sangue em uma cena de crime. No período da adolescência pessoas podem ser o que outras não esperam. Mocinhos talve...