Uma Garota Discriminada [COMPLETO]

5.2

Sorrindo a todo tempo, chorando por dentro, criando um personagem para cada ocasião.

- Jovelina.

Morto. Um dos meus amigos estava morto. Merda! Isso é demais para mim, é demais para qualquer um. Lisa deve estar arrasada, perdeu uma das pessoas que mais a compreendia, assim como aconteceu com Beatrice no ano anterior. É muita coisa para uma pessoa só, uma pessoa cheia de problemas.

Quando me juntei a eles na quadra de hóquei, e vi que Henry não estava ali, automaticamente pensei no pior. Só haviam duas possibilidades rondando a minha mente: ou ele havia matado, ou ele estava morto. E sinceramente? Não sabia qual seria a pior.

Ouvir o diretor dizer que Henry James Adams estava morto, foi como levar uma facada. Foi como se toda a minha adolescência tivesse passado em um piscar de olhos. Fiquei imóvel, assim como todos os meus amigos, principalmente Lisa, que já estava pálida antes mesmo de receber a notícia.

Zayn se sentou na arquibancada, enterrando o rosto entre as mãos enquanto todos ainda estavam em pé. Evangeline abraçou Lisa, que parecia pronta para desmaiar a qualquer momento. Flynn, eu e Courtney continuamos ouvindo atentamente, não querendo acreditar no que estava acontecendo.

Por um minuto não consegui mais pensar. Quem seria tão cruel ao ponto de matar um garoto de 19 anos? Henry era o cara mais tranquilo que eu já tive a oportunidade de conhecer. Não tinha muitas inimizades, apenas pessoas que discordavam das suas opiniões. Ele tinha pulso firme e sempre dizia o que pensava, talvez esse seja um dos motivos misteriosos para alguém querer o seu fim.

Dou uma última olhada no meu reflexo, abotoando a camisa social preta. A segunda vez que eu a uso pelo mesmo motivo. Fecho a fivela do cinto e termino de calçar os sapatos sociais, frustrado.

Além da dor de quando perdemos alguém, o enterro é a pior parte. Vestir uma roupa escura, ir em um cemitério ou igreja, ouvir pessoas recitando textos sobre o falecido, é muito doloroso.

Sabemos que um dia todos se vão, é claro que sabemos. Mas se dissermos que aceitamos, entendemos e estamos prontos para isso, estaremos mentindo. Ninguém sabe quando a morte vem, ela apenas vem, e isso é o que assusta muita gente, principalmente eu.

Passo os dedos pela pele marcada do meu pescoço, sentindo uma dor diferente da última que senti. Com ele foi muito pior e não é que eu não tenha consideração pelo meu amigo, mas não devemos comparar as perdas. Volto a focar na tatuagem, seguindo o desenho da cruz diferenciada. Lembro-me de quando a fiz... há quase 1 ano.

— Filho? — a voz da minha mãe soou pelo quarto, assustando-me.

— Oi.

— O motorista já está lá embaixo — ela avisa, tentando sorrir.

A verdade é que a minha mãe foi uma das pessoas que mais sofreu com as atitudes dele. Perder duas pessoas ao mesmo tempo ferra com qualquer um. Encarando-a atentamente, percebemos que os olhos dela nem brilham mais, assim como suas ações se parecem com as de um robô sem emoções. Depressão é fogo. Acaba com a sua vida e atinge a vida de todos que se preocupam com você também.