20 | Uma bala dói menos do que uma traição

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Sem corpo, sem crime.

- Taylor Swift.

Visitar a brasileira na prisão é ainda mais doloroso do que imaginei que seria

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Visitar a brasileira na prisão é ainda mais doloroso do que imaginei que seria. Michelle está ao meu lado, com milhares de roupas para impedir que o frio perverso a alcance e eu estou igual a ela. As temperaturas parecem não subir nunca e o inverno continua a todo vapor. Estamos no fim de fevereiro e só de pensar que falta apenas um mês para toda essa neve nos deixar, sobe um alívio.

— Como acha que ela está?

— Tenho certeza de que tudo, menos bem — falo, entrando no presídio acompanhado por ela.

— Esse lugar deve ser terrível. Pobre Ana — ela lamenta, com a voz repleta de tristeza.

Decidi não fazer nenhum comentário a respeito disso e seguimos até à revista policial, feita por dois policiais, uma mulher para Chelle e um homem para mim. Em seguida fomos conduzidos para uma sala e fiquei surpreso, já que quando Ana foi visitar Lisa se falaram por uma espécie de cabine.

Sentamo-nos nas cadeiras disponíveis, de frente para a cadeira solo onde provavelmente a brasileira se sentará e aguardamos. Michele não conseguiu ficar parada e, sinceramente, nem eu. Ela começou a bater a perna freneticamente no chão, enquanto eu batucava uma melodia dos Beatles na mesa velha de metal.

— Por que ela está demorando tanto? — Resmunguei.

Sons de passos nos deixaram alerta e quando vimos a brasileira vestida pelo macacão laranja com os cachos amarrados e um corte na boca, levantamos imediatamente.

Michelle foi mais rápida que eu, abraçando a brasileira com toda a sua força, aparentemente. Ana abriu um sorriso caloroso para ela, com os olhos brilhando de alívio.

Em seguida foi a minha vez de abraçá-la e quando seu corpo encaixou no meu senti vontade de não soltá-la nunca mais. Ela parecia cabisbaixa, mas mesmo assim colocou um sorriso no rosto, feliz em nos ver. Beijei seus lábios rapidamente devido ao guarda que pigarreou, dizendo que não tínhamos muito tempo.

Ana se sentou na cadeira solo e nos sentamos de frente para ela.

— É tão ruim quanto parece? — Chelle pergunta.

— É suportável, na medida do possível. Tenho certeza de que o sistema carcerário do Brasil é mais precário. — Ela tenta sorrir, mas seus lábios tremem.

— Pelo menos está vestindo sua cor favorita — brinco e ela ri.

— É uma vantagem.

Ela fica em silêncio por um tempo, tentando se recuperar de algo e mordo a língua para não perguntar quem machucou seu lábio inferior.

— É ótimo ver vocês, mas acho que não viriam até aqui se não tivessem novidades.

Uma Garota Discriminada [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora