Quando você olha para si mesmo, você é um homem ou um monstro?
- Sam Tinnesz
O reflexo das sirenes em minha visão periférica ainda estão bem recentes em minha mente. Os murmurinhos. As suposições. E então... as imagens que vi quando corri em busca de Ana ao descobrir que dois assassinatos aconteceram nesta noite.
Ainda posso sentir o suor se acumulando em minha testa, as mãos frias, o coração tão acelerado e a mesma sensação que senti quando eles morreram. Ao parar em frente ao banheiro feminino e sentir meus sapatos pisando em algo molhado minha circulação se esvaiu, especialmente ao olhar para baixo e constatar a água com sangue diluído.
Quando entrei no banheiro e vi aquela cena, tudo desmoronou tão depressa que ainda me assusta. O vestido de Ana manchado de sangue, a arma em suas mãos também ensanguentadas, ela olhando fixamente para o corpo no chão. Ao seu lado estava Lisa, com as vestes ainda piores e sangue respingado em seu rosto, também focando na figura do chão.
Ao olhar para baixo e encontrar o cadáver de Evangeline com sua garganta cortada precisei me beliscar para ter certeza de que não estava sonhando. Precisava acordar daquele pesadelo e não sabia o que pensar. Ainda posso sentir o toque gélido de Ana em meu braço, garantindo que poderia explicar a situação, que não era o que eu estava pensando.
A questão era: o que eu estava pensando? Tudo sumiu, os pensamentos se esvaíram e eu só queria sumir.
Evangeline era, sem dúvidas, a pior pessoa que já conheci, mas seu fim deveria ter sido na cadeia e não de uma forma tão... surreal.
Depois que saí daquele lugar e retornei à quadra, os policiais fardados passaram por mim e em questão de minutos levaram as duas jovens algemadas. Depois disso, tudo desandou.
— Senhor Campbell!
Minha mente volta para essa sala de interrogatório e o detetive sentado à mesa em minha frente. Olho o copo com água na minha mão e bebo um gole.
— Compreendo que esteja em choque dado os últimos acontecimentos, mas precisamos completar seu depoimento.
Concordo com a cabeça, sem saber o que dizer.
— Acredita que Ana McRae e Lisa Moore sejam as assassinas da vítima?
— Não — respondo, firme.
Inúmeras vezes presente nessa mesma cadeira me ensinaram uma coisa: mesmo que tenha dúvida de seu depoimento, jamais demonstre isso.
— Mesmo tendo visto as duas em situação extremamente incriminadora?
— Conheci Evangeline o suficiente para acreditar que ela seria capaz de armar a própria morte.
— Está afirmando que a senhorita Leblanc arquitetou a própria morte para acusar Lisa e Ana?
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Uma Garota Discriminada [COMPLETO]
Mystery / ThrillerBailes costumam ser sinônimo de glamour, alegria e bebedeira. Porém, quando tudo isso sai do controle, o evento pode virar um banho de sangue em uma cena de crime. No período da adolescência pessoas podem ser o que outras não esperam. Mocinhos talve...