Uma Garota Discriminada [COMPLETO]

21 | Foi um fim necessário

Sim, ele está vindo atrás de você, ele vai quebrar você... Não, ele não está para brincadeira. 

- Cage The Elephant. 

(tradução adaptada)

Estar na prisão foi ainda mais aterrorizante do que imaginei que seria. A sorte é que o sistema carcerário canadense é muito superior ao brasileiro. Confesso que imaginei encontrar celas coletivas com inúmeros detentos, refeitórios envelhecidos, escassez de água e alimentos, mas ali os detentos eram tratados diferentemente.

As celas raramente eram divididas com outros presos, achei até solitário, mas, por outro lado, foi bom porque evitava brigas e discussões. Pelo menos foi o que pensei, até me meter em uma porque fiquei encarando Letty por tempo demais.

Como o julgamento de Lisa ainda não aconteceu — e nem o meu — ela estava no mesmo presídio que o meu, o que foi bom porque nos encontrávamos nas refeições ou em alguma atividade como a lavanderia, limpeza, e outras coisas. Os guardas não toleravam conversas entre os detentos, mas dávamos um jeito.

Depois da visita de Jacob e Michelle, Lisa e eu conversamos e soube de várias informações preciosas e detalhadas. Nem sempre acreditei na garota, mas havia algo me dizendo que ela não era a verdadeira culpada de tudo, como chegamos a pensar antes.

Não tinha certeza se Tom estava mesmo vivo, mas se estivesse mudaria tudo, então começamos as suposições. Sei que passei horas cogitando tudo o que poderia ter acontecido já que sabia que Flynn havia armado tudo, manipulado toda a situação e ferrado com a vida de todos nós.

Foi aí que me dei conta de que, se ele escapasse, seria com ajuda e quem melhor do que Lisa para isso? Encurralei a loira contra a parede e ela me revelou que ajudou Tom, abrigando-o em sua casa até ser presa. Não sabia o que teria acontecido com ele depois, já que ele sabia de todas as possibilidades do que estava prestes a acontecer, menos da minha prisão devido às minhas digitais na arma.

Ainda havia esperança para mim, afinal. Aquilo me encheu de expectativa, até se passarem alguns dias e nada de Tom aparecer. Não entendi muito bem a ideia deles, já que Michelle veio me visitar um dia depois do reaparecimento dele na casa de Jacob, mas concordei em ficar um tempo mais.

Ao que parecia, Tom tinha um plano para encurralar Flynn, mas não poderia fazer nada se o loiro soubesse que ele não estava morto naquele momento.

Continuo jogando a bolinha estranha — que um psicólogo deu para cada detento, afirmando ser para o estresse — contra a parede, que retorna sempre para mim. Quem dera tudo na vida fosse como essa bolinha e a normalidade retornasse fácil assim.

Sons de passos me deixam alerta e quando vejo o guarda parado com o molho de chaves, destrancando a cela, meu coração acelera loucamente. Levanto-me rapidamente em expectativa, encarando-o com uma certa desconfiança.