Manon Bico Negro está em uma das suas muitas caçadas ao clã das Crochan, quando se depara com um feérico alado perdido.
Vítima de um desastroso experimento elaborado pelo Grão-Senhor da Corte Noturna, Azriel acaba atravessando algumas barreiras en...
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Tudo era escuridão novamente.
Manon queria muito que a escuridão fosse pelas sombras que ela tinha aprendido a apreciar a companhia nas últimas semanas. Mas não era. Essa escuridão era fria, gelada e fétida.
Mesmo consciente, a bruxa se sentia fora de si. Através do tecido que cobria toda sua cabeça ela tentava enxergar onde estava, ou se havia alguma das suas ali também. Frustrada, Manon se sacudiu nas correntes que a prendiam contra a parede gelada.
- Calma aí, bonitinha - a voz de um homem soou próxima.
- Essa daí é das valentes - outro homem comentou, rindo.
Valente? Eles não tinham ideia de com quem tinham se metido. Manon ia arrancar a cabeça de cada homem que a prendera. Ela se vingaria de todos, lenta e dolorosamente. Sua fúria reverberou em sua garganta e o rosnado acompanhou outra tentativa frustrada de se soltar das correntes.
O aço a prendia em cada membro e na sua cintura. Esse caçadores poderiam não ter noção de quem a bruxa era, mas sabiam o que era preciso para segurá-la. Manon forçou mais uma vez as correntes, usando todo seu ódio.
- Já falei para se acalmar! - uma dor aguda atingiu sua perna esquerda.
O maldito carcereiro havia enfiado algo em Manon. Ela poderia gritar de dor e raiva, se não fosse pela mordaça em sua boca. A Dente de Ferro estava completamente a mercê daqueles caçadores. Ela não conseguia enxergar para saber como era o lugar onde estava e nem quanto tempo havia ficado desacordada.
Aflição não era do feitio de Manon, mas algo começou a crescer em seu peito a cada vez que tentava lutar e só resultava em mais cansaço e frustração. Ela não poderia morrer ali, não daquele jeito, acorrentada, como um animal selvagem.
As horas foram passando. As vezes, suas tentativas contra as correntes eram retalhadas com agressividade, outras eram apenas ignoradas. Seu tronco começou a doer a certa altura, e ela foi incapaz de saber se era pela luta para se libertar, ou por fome.
O frio se intensificou e, com ele, as dores pelo seu corpo. O aço retarda a cura das bruxas, seus pulsos e tornozelos provavelmente estavam sangrando, em carne viva. Estar usando somente uma camisa não ajudava contra o frio, cada pedaço do seu corpo era dor.
Ela não se renderia.
Não para esse covardes amaldiçoados. Fome começou a fazer seu estômago se revirar, ela provavelmente já estava ali há, pelo menos, um dia inteiro. Eles estavam deixando-a fraca para poderem torturá-la de igual para igual. Manon já tinha matado caçadores o suficiente para saber como eles agiam.
Primeiro passo era atingir a fraqueza física, com fome, frio e aço. Segundo, tortura psicológica, eles sempre tinham alguma criança bruxa para usá-la contra as adultas. O principal objetivo desses homem era a descoberta dos esconderijos bruxos, sejam eles Crochan ou Dente de Ferro. E sabiam que bruxinhas eram uma das maiores fraquezas em todos os clãs.
