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Azriel acordou ao cair da noite

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Azriel acordou ao cair da noite.

Suas costas, levemente doloridas, o lembraram onde ele tinha dormido. E mesmo com o tapete relativamente macio, dormir com as asas estendidas sobre o chão, não era a melhor forma de descansá-las por completo.

Ainda de olhos fechados, o illyriano girou o corpo, ficando de bruços e esticando suas asas ao máximo, a fim de relaxá-las um pouco mais. Não era o ideal, mas o movimento já ajudava a aliviar a tensão em suas costas.

Com a cabeça descansando sobre os braços, o macho abriu os olhos para o cômodo escuro. A única luz do lugar vinha da lareira ao seu lado, o que deixava o ambiente em uma penumbra tranquilizante, quase o fazendo esquecer do onde ele realmente estava. Como um eco de seu pensamento, a luz da lareira tremeluziu, formando sombras que envolviam suas asas, quase adorando-as.

Erguendo levemente a cabeça, Azriel olhou para a cama de Manon, verificando se a bruxa ainda dormia. A cama estava vazia. Apenas cobertas reviradas e almofadas espalhadas por todo o redor. Curiosamente, ao pé da cama, um coberto se desdobrava até seus pés, como se alguém tivesse tentado jogar a peça sobre ele mas não ousasse se aproximar demais.

Com a lareira como sua companheira, o illyriano não sentiu necessidade do cobertor enquanto dormia, mas concluiu que, se fosse preciso, ele apenas precisaria esticar as mãos e puxá-lo sobre o corpo.

"Interessante" ele pensou, se erguendo do chão.

Com o olhar atento, estudou o quarto a procura da bruxa. Não havia sinal de Manon em lugar nenhum, apenas sua capa vermelha surrada sobre uma poltrona.

Com curiosidade, Azriel foi até a peça de roupa. Ao tocá-la, o macho se surpreendeu com o toque de leveza do tecido, jamais poderia ter imaginado que era algo tão delicado. Olhando de longe, ela parecia ser espeça e pesada, como um artefato de guerra, mas agora, ao senti-la, era do mais delicado tecido, como seda pura.

Azriel puxou a capa até próximo ao rosto, deixando seus instintos de macho feérico falarem mais alto, e cheirou o tecido vermelho. O intuito era descobrir algo novo, algum cheiro que talvez ele pudesse reconhecer, mas o illyriano quase cambaleou, inebriado pelo cheiro da bruxa.

Não era bem o cheiro dela, de pele e suor que ele geralmente sentia nas fêmeas que conhecia, era um cheiro forte, marcante... tinha poder. Era puro poder.

Não o poder que ele sentia em seu Grão-Senhor, por exemplo, mas um poderio que, de longe, lembrava Amren. Algo quase sobrenatural. E sob esse cheiro de poder, havia sangue, muito sangue. Sangue humano que se misturava com sangue indefinido, mas que era como o sangue de Manon.

Aquela capa tinha testemunhado muitos eventos cruéis de sua dona, mas trazia algo de mais sombrio que Az não seria capaz de definir.

Retomando sua atenção para o mundo ao seu redor, o illyriano ouviu passos vindo do corredor. Rapidamente, repousou a capa onde estava e voltou para o tapete.

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