Muitas coisas faziam a jovem eternidade de Manon Bico Negro valer a pena, voar em sua vassoura era uma delas, principalmente se fosse em uma missão atrás de algumas Bruxas Crochan. Sua avó, Matriarca das Dente de Ferro, havia incumbido a Manon a caçada ao clã rival.
Manon sentia o vento beijar seu rosto, enquanto seguia para a provável localização do acampamento rival. A Matriarca tinha ordenado que Manon fosse sozinha e confirmasse a presença do acampamento Crochan nas Montanhas Anascaul. Segundo a informação passada pra ela, o grupo não era grande, então a bruxa Dente de Ferro tinha deixado as Treze encarregadas com outras missões.
Ela gostaria que Asterin ou Sorrel pudessem tê-la acompanhado, mas ambas tinham ido para outros lugares no continente, Asterin nas Montanhas Canino Branco, e Sorrel percorria mais ao sul em uma incumbência particular da Matriarca.
Não que Manon se importasse em estar sozinha, mas caçar Crochan com suas iguais era sempre mais prazeroso. A bruxa sabia que, por mais que o acampamento que ela rastreava pudesse ser grande, poucas eram as Crochan que ousavam revidar o poder de Manon.
Sua capa vermelha escarlate oscilou contra o vento, como um lembrete da mortalidade que pairava sobre a Dente de Ferro.
O Demônio Branco, como muitas Crochan tinham sussurrado antes de Manon cortar suas cabeças.
O sabor ferroso da caça preencheu a boca da bruxa, a vivacidade percorrendo todo seu corpo. Era para isso que Manon Bico Negro viva; matar cada Crochan nojenta que existia em Erilea.
Ao longe, as montanhas já tomavam forma e com elas o frio intenso do inverno de Terrasen. Seus picos brancos eram como boas-vindas para a bruxa, porém seus dentes trincaram em resposta à lufada de ar gélido que a atingiu.
Ela apertou os punhos na vassoura e aumentou sua velocidade. Quanto antes saísse do ar, menos sofreria com o frio. Com aquela rapidez, era provável que chegasse até as montanhas em questão de pouco mais que uma hora.
A noite de lua cheia fazia seus cabelos quase acenderem em um brilho alvo, sua trança era apenas um risco contra a escuridão do céu. Ela sabia que seria facilmente visualidade por qualquer um que olhasse para cima, naquela direção. Mas Manon não se importava, depois que chegasse próximo o suficiente para achar o rastro das Crochan, a caçada seria mais prazerosa em meio ao desespero em fuga delas.
Um sorriso sombrio brotou nos lábios da Dente de Ferro.
As montanhas se aproximavam cada vez mais, quando Manon viu um rastro quase incandescente cortar o céu. Por um momento ela diminuiu a velocidade para observar o que era aquilo que tinha surgido ao acaso no meio da noite. Não era uma estrela, ela já tinha visto muitas estrelas caírem, o brilho deste que caia era quase negro. Manon desconfiou que se não fosse pela lua cheia, seria impossível perceber aquele ocorrido.
Ainda com a vassoura quase parada no ar, a bruxa viu o trajeto feito pelo caído até a base das montanhas, em meio as árvores.
Acelerando novamente, Manon seguiu em direção ao local da queda.
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Um Conto das Sombras
FantasyManon Bico Negro está em uma das suas muitas caçadas ao clã das Crochan, quando se depara com um feérico alado perdido. Vítima de um desastroso experimento elaborado pelo Grão-Senhor da Corte Noturna, Azriel acaba atravessando algumas barreiras en...