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- Agora, tire suas mãos de mim - Manon sibilou, quando Azriel se recusou a soltá-la de imediato

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- Agora, tire suas mãos de mim - Manon sibilou, quando Azriel se recusou a soltá-la de imediato.

Manon não se importava se aquele joguinho de ego acabaria com a cabeça do feérico fora do pescoço, ela teria que mostrar o quanto Azriel estava errado ao dizer que a bruxa estava com medo.

- Prometa. - O macho sustentou o olhar de Manon.

- O quê?

- Prometa que, por seja lá qual for o seu deus, você não encostará essas unhas em minhas asas. - por mais que ele demonstrasse rispidez, a bruxa percebeu que algo brilhava em seus olhos, como se ele precisasse de sua promessa.

Em algum lugar, bem fundo, Manon reconheceu aquela insegurança de perder algo precioso. Perder algo que era vital demais. Como se Azriel lesse seus pensamentos, ele lançou um olhar pela clareira, lenta e preguiçosamente, como se estudando como deveria matar cada uma das suas.

Manon sentiu a própria garganta ondular ao perceber que, se a bruxa tocasse em suas asas, o feérico tiraria o que ela tinha de mais importante. Apesar dele não ter demonstrado intenção de atacá-las, a bruxa sabia que por baixo daquela fachada calma do macho, escondia-se uma força e ira que ela não arriscaria enfrentar por um motivo banal.

O olhar de Azriel recaiu sobre Manon, frio e predatório, pronto para revidar qualquer forma de ataque. A bruxa sentiu o ódio velado pelo silêncio entre eles, sentiu o pulso, ainda seguro pelo macho, formigar e esquentar.

Cada fio de vida do seu corpo pareceu responder ao toque dele, espalhando por todo seu corpo, até sua coluna, onde um calafrio a atingiu.

- Não toque nelas - Manon disse em um tom que as outras bruxas não seriam capazes de ouvir.

E se odiou por quase deixar transparecer o tremor que atingiu sua voz.

- Prometa - Azriel insistiu, ainda sustentado seu olhar feroz.

Sua voz saiu quase entredentes, mas Manon notou, levemente sobressaltada, que estava tão perto do feérico que foi capaz de sentir o toque quente do hálito dele em seu rosto.

Aquilo estava indo longe demais, ela sabia que aquele duelo de ego era assistido por pelo menos metade das Trezes.

Com um grunhido de raiva, ela resolveu dar fim naquela batalha silenciosa

- Não encoste nas minhas irmãs e eu não tocarei em um fio de cabelo seu - a bruxa disse por fim.

Azriel achou aquilo o suficiente e soltou o braço de Manon, que já estava dolorido.

"Babaca alado" pensou a bruxa, fervilhando de ódio.

- Manon - a voz de Vesta a trouxe para a vida real -, você está bem?

Virando-se para a direção da voz de sua subalterna, Manon percebeu que ainda estava presa em meio as sombras. Do outro lado, Vesta era quase um vulto, apenas reconhecível pelos cabelos ruivos.

- Desfaça essa coisa - Manon gesticulou para a parede de sombras, encarando novamente Azriel.

- Sim, milady - o macho respondeu com escárnio.

Enquanto Briar e Edda se recompunham, Azriel controlou suas sombras novamente, dissipando quase todas elas e mantendo somente algumas ao seu redor.

Assim que o escudo de luz azul e sombras se desfez, suas irmãs se aproximaram de Manon, com Sorrel e Vesta a frente, mantendo a formação de ataque, caso fosse necessário. Ao fundo da formação, Manon viu o cabelo volumoso de Ghislaine.

- Ghislaine - Manon a chamou, como um comando.

- Sim, Manon. - a bruxa se pôs a frente das outras.

- O que sabe sobre magia? - a bruxa líder perguntou cautelosa.

Atrás de si, sentiu a sombra de asas negras se aproximarem, em um claro interesse de Azriel.

- Ghislaine - Manon gesticulou para a bruxa de pele negra - é minha fonte de informações, a cabeça pensante de todas nós. - a líder explicou assim que Azriel se posicionou ao seu lado.

O feérico olhava para a outra bruxa com um brilho de interesse nos olhos.

- Qual tipo de magia você se refere? - Ghislaine sustentou o olhar no macho, quase hipnotizada de interesse.

Manon sentiu um amargor na garganta ao perceber que, talvez, Ghis não tivesse se interessado apenas academicamente. De que adiantava ser tão inteligente se era tão tola em deixar a beleza feérica subir a cabeça.

- Magia entre mundos - Azriel respondeu antes de Manon.

Ghislaine pareceu levemente sobressaltada ao ouvir isso, deixando a insegurança transparecer em seus olhos. Manon sabia que se houvesse alguém, entre as Treze, que poderia ajudar Azriel, seria aquela bruxa, ela tinha passado doze anos em terras mortais, apenas estudando e agora, recém voltada de Terrasen, deveria saber algo que pudesse dar um rumo ao feérico.

- Será que podemos conversar sobre isso em particular? - Ghislaine lançou um olhar inseguro para Manon.

"Patética" a líder pensou, segurando um revirar de olhos impaciente. Porém, com um gesto de sua mão de ferro, Manon dispensou a subalterna, dando espaço para que eles pudessem conversar e compartilhar seus preciosos segredos.

Virando-se para o restante das bruxas, Manon caminhou despreocupadamente até Sorrel e Vesta. Ela tinha ficado apenas três dias fora, mas já tinha sido o suficiente para sua avó fazer uma bagunça entre elas.

Sem Asterin para controlá-las e levantar os acontecimentos, a líder precisava pegar o relatório de cada uma que tinha saído em missão e voltado enquanto ela estava fora. Uma tarefa chata e excruciante, mas que Manon tinha que fazer, e também daria tempo o suficiente para que Ghislaine jogasse charme para Azriel, naquela desculpa esfarrapada de conversarem em particular.

Edda e Briar finalmente tinham se recuperado o suficiente para se levantarem do chão, e alcançaram Manon assim que ela parou de frente para Sorrel, que esperava em posição de guarda, pronta para qualquer comando.

- A espada. - a líder estendeu a mão esperando Ceifadora.

Sorrel a entregou com uma guardiã entrega um tesouro, com cautela absoluta, mantendo o artefato seguro em suas mãos. Manon pegou Ceifadora como se não fosse um objeto e sim parte de seu corpo.

O peso da espada junto ao corpo da bruxa foi quase um alívio instantâneo, um lembrete da realidade.

Atrás de si, Manon ouviu uma risada reverberar pela clareira. A líder virou a cabeça procurando a origem do som e se deparou com Ghislaine apoiada de lado em uma árvore, enquanto ria, com a mão sobre a boca, de algo que, provavelmente, Azriel tinha contado.

Manon sentiu o ódio pela indisciplina de sua subalterna subir pelo corpo.

- Fallon - a líder chamou - vá até aqueles dois, e lembre a sua irmã, que não estamos em uma taverna para que ela fique de risinhos com o babaca alado. - Fallon, uma das bruxas demônio assentiu e foi até os dois, na borda da clareira - E isso serve para todas vocês. - Manon olhou ameaçadoramente para o restante das bruxas, sem se dar ao trabalho de alterar o tom de voz baixo.

Como uma, todas assentiram e voltaram a atenção para sua líder.

- Vesta - Manon falou novamente, mantendo a voz firme - relatório.

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