Escuridão pura e densa, foi o que Manon sentiu sobre si.
A bruxa sabia que ainda estava parada em algum lugar na clareira, que era assistida por suas Treze, que tinha um feérico alado perto dela e que tinha se entregado ao poder dele por livre e espontânea vontade.
Mas ela não conseguia nem enxergar ou se mover. Era como se todos os músculos de seu corpo tivesse sido congelados. Com a ira subindo pelo próprio corpo, ela sentiu seu coração acelerar e a respiração pesar.
O toque sombrio aveludado tornou-se gélido como ferro. Seu corpo, sua circulação, tornou-se gelo, como se todo o metal presente em seu corpo tivesse sido congelado.
Seus joelhos tremeram, ela sentiu as mãos fecharem em punho, cortando a palma com as unhas de ferro que já tinham se expandido em resposta à raiva. Um calafrio percorreu sua coluna, como um sopro de neve, fazendo-a arquear, quase sem ar.
Aquelas sombras estavam matando-a. Manon tentou reagir sem sucesso, só era capaz de mover os dedos e seu tronco descompassado com a respiração irregular.
- Manon - a voz de Briar soou ao longe. - Concentre-se na minha voz. - ela não parecia nervosa - Manon, concentre-se.
A voz de Briar era como um sussurro, quase um beijo soprado de muito longe.
Manon tentou se concentrar na voz da bruxa, mas sua respiração tornava-se cada vez mais irregular e curta, como se o oxigênio estivesse deixando de existir.
Ela tentou mover a mão até onde repousaria Ceifadora, ela daria um jeito naquilo, não podia deixar um feérico alado estrangeiro matá-la. Lutando contra as algemas invisíveis ela tentou em vão alcançar a espada. Porém lembrou-se da inutilidade daquele movimento, Ceifadora estava com Sorrel.
Aquilo deixou-a mais desnorteada. Seu peito doeu procurando ar. O toque das sombras era completamente gelado, quase queimavam e uma dor a cada toque delas ameaça fazer Manon quase gritar.
Ela não podia morrer, não nas mão do babaca alado.
A bruxa desconfiou ouvir um murmúrio de vozes ao longe, mas a dor em seu peito era forte demais e a impediu de conseguir prestar atenção em qualquer outra coisa.Os joelhos de Manon ameaçavam ceder a qualquer momento.
Ela não ia morrer assim, não mesmo. Manon Bico Negro não poderia morrer como um covarde encurralada e desarmada.
Com o ódio brotando na garganta ela gritou, ou achou que tivesse feito um som próximo a um grito. Sua garganta estava travada, incapaz de emitir qualquer som discernível.
- Manon - a bruxa teria pulado de susto com a voz masculina ecoando alto sobre si - Manon, não sinta medo, elas se alimentam de medo.
A bruxa rosnou com raiva em resposta.
A risada do feérico a atingiu como um soco no estômago.
"Como ele ousou rir?!" Ela pensou irada.
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Um Conto das Sombras
FantasyManon Bico Negro está em uma das suas muitas caçadas ao clã das Crochan, quando se depara com um feérico alado perdido. Vítima de um desastroso experimento elaborado pelo Grão-Senhor da Corte Noturna, Azriel acaba atravessando algumas barreiras en...