Mesmo ele estando sob condições de inimigo, Ghislaine e Ayla - a mulher amiga da bruxa acadêmica - conversavam com Azriel, tentando desvendar um jeito para ele voltar para casa.
Ayla, apesar de ter confirmado que não possuía sangue de bruxa em sua linhagem, exalava uma essência peculiar como se, além da origem bruxa, também possuísse outra mistura. O illyriano estava fascinado pela originalidade daquela mulher.
Os três conversaram durante quase uma hora. Ao longo da conversa, o feérico às vezes deixava seu olhar ir até onde o corpo de Manon descansava, ainda desacordado.
- Ela vai ficar bem - Ghislaine disse, chamando Azriel de volta a realidade. - Ela já levou piores e saiu rindo.
O illyriano olhou de volta para a bruxa de pele negra.
- Além disso - a voz de Edda se aproximou - o sangue humano vai amenizar a dor. - ela ousou rir de leve, divertindo-se com a ideia.
- Edda, cuidado. - Vesta a repreendeu de longe.
A bruxa sombria deu de ombros, como se a autoridade de Vesta não precisasse ser levada a sério, e se sentou perto de Ghislaine.
Azriel observou aquele momento entre as bruxas, sem a líder estar consciente, e percebeu que gostava delas assim. Isso só confirmou para o macho que, talvez, Manon precisasse de alguns conselhos sobre liderança.
Dando uma última olhada para a líder caída, Azriel voltou a conversar sobre as possibilidades que eles podiam tentar.
Algumas envolviam alternativas que arrepiavam os cabelos de sua nuca, outras pareciam que tinham sido tiradas de livros que se lia quando criança. Mas teve duas que chamaram a atenção do illyriano: uma envolvia espelhos e uma tal de Baba Pernas Amarelas e outra consistia em desvendar um idioma antigo, que invocava magia desconhecida.
No fundo, Azriel não ficou completamente animado com nenhuma das opções, porém, essas duas pareciam mais viáveis do que atravessar oceanos em busca de objetos perdidos.
Ainda amarrado na árvore, Azriel sentiu - antes de ouvir - o momento em que Manon recobrou a consciência. A bruxa, envolvida pela capa vermelha se movimentou no chão, grunhindo. O macho foi atingido pelo cheiro do ódio dela.
Por uns segundos, as quatro bruxas subalternas e Ayla, se encararam, como se não soubessem o que fazer.
- Saiam daqui - Azriel pediu. - Eu lido com ela.
- Az... - Ghislaine tentou discordar.
- Vão - ele olhou para Ayla. - Ela não pode ficar aqui por enquanto - ele abaixou o tom de voz. - O problema dela é comigo, deem uma volta, qualquer coisa. - seu olhar passeou entre as bruxas.
Uma leve hesitação passou pelo olhar das bruxas.
- Eu digo que vocês foram levar Ayla de volta para casa, ou caçar - Azriel reforçou o pedido.
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Um Conto das Sombras
FantasyManon Bico Negro está em uma das suas muitas caçadas ao clã das Crochan, quando se depara com um feérico alado perdido. Vítima de um desastroso experimento elaborado pelo Grão-Senhor da Corte Noturna, Azriel acaba atravessando algumas barreiras en...