CAPÍTULO XXV

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Último capítulo na área! ;)

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Quando se recebe um diagnóstico de alguma doença você logo pensa que agora só falta fazer o tratamento correto e você estará curada em pouco tempo, infelizmente não é assim!

O tratamento de anorexia para o qual eu me submeti inclui terapias em grupo, familiar e comportamental, além disso eu tenho uma dieta personalizada grudada na geladeira da minha casa e no apartamento do Arthur, bem como lembretes no meu despertador. Como se isso não fosse suficiente, ainda passei alguns meses tomando alguns suplementos alimentares que precisei para suprir as carências nutricionais provocadas pela doença na época em que eu cheguei ao ponto de nem mesmo me alimentar, graças a Deus fiquei pouco tempo fazendo uso deles, pois meu corpo começou a se recuperar rápido.

A nutricionista que vem fazendo o acompanhamento da minha alimentação elaborou um plano alimentar adequado aos meus gostos gastronômicos e a minha rotina de faculdade/estágio. Com a percepção de que eu tenho anorexia nervosa alguns outros sintomas foram constatados por mim ao analisar meu próprio corpo sob essa ótica, pois ao me alimentar meus cabelos ficaram bem mais cheios, brilhosos e fortes; minhas unhas que estavam quebradiças, voltaram a ser fortes e a crescer, mesmo eu tendo que mantê-las aparadas por causa do uso de luvas no estágio; além disso, a minha pele ganhou mais viço, cor e maciez.

Passei a fazer um acompanhamento psicológico inicialmente três vezes na semana, a Dra. Andreia fez com que eu tivesse uma melhor conscientização da minha imagem corporal real, bem como ajudou com que eu descobrisse qual era o motivo que desencadeou a minha doença, apesar de ter começado a perceber isso antes de começar o tratamento, foi só depois disso que tive uma confirmação real.

Tudo isso começou com a minha autoestima que ficou lá embaixo quando o Marcelo me trocou pela ex-namorada modelo dele, é triste tomar consciência de verdade sobre isso, mas eu não sou o que chamamos de uma pessoa de personalidade forte, então a minha baixo autoestima, aliada a minha personalidade sensível iniciou um processo de início de anorexia que até então estava controlado.

O que piorou a situação mesmo foi que, eu me deixei abater mais do que o saudável quando pensei que Arthur tinha me traído também, só que agora não era uma modelo, mas sim uma mulher da sua idade, formada, médica conhecida e uma mulher bonita completamente dona de si, totalmente diferente da menina que sou. Isso tudo apenas prejudicou o meu quadro psicológico anterior.

Além do tratamento com a psicóloga, também frequentei os grupos de apoio, nos quais conheci meninas e meninos que passavam pelo mesmo que eu, é claro que cada um deles se dava por um motivo diferente, mas dividir nossas experiências e resultados fez a diferença não só na minha vida, mas também na vida de vários dele, o que é reconfortante. Apesar de que, sempre que alguém voltava a ter comportamentos nocivos novamente era como se todos nós voltássemos um pouco, pois aos poucos fomos nos tornando amigos, saímos juntos, fomos a passeios no parque, ao cinema, pizzarias, praias, estendemos nossa amizade além, o que foi bem diferente, pois segundo a psicóloga que acompanhava o grupo, Luiza, era muito difícil quando um grupo se encontrava fora das paredes dos centros de reabilitação.

O que me deixou mais confortável com o tratamento foi o fato de que não foi necessário que eu tomasse antidepressivos, era um medo que eu tinha, mas não foi preciso. Além disso, meus pais, minhas irmãs e principalmente Arthur foram muito pacientes comigo, sempre me rodeando, mantendo um olhar sobre mim, mas sem me deixar desconfortável, pois eu via neles um apoio e não julgamento.

Como namorado, Arthur foi impecável. Ele não se descuidava de mim, em nenhuma área da minha vida. Era meu parceiro de estudos pras provas, participou das sessões de terapia comigo, fazia as refeições na minha casa sempre que a minha mãe inventa um almoço ou jantar de família, me levava pra ficar em seu apartamento sempre que via que eu me sentia sufocada na minha casa, me assumiu completamente no hospital e ai de quem falasse qualquer coisa me depreciando, isso sem falar nos passeios tanto só nós dois como casal quanto com nossos amigos. Até me ensinar a surfar ele ensinou, e apesar de não ser tão boa quanto ele, eu até que gostei de aprender, era mais uma atividade que dividimos.

Esmeralda - Série Preciosas - Livro 01Onde histórias criam vida. Descubra agora