Acordei sentindo um perfume diferente, abri meus olhos e dei de cara com Arthur dormindo ao meu lado. Inicialmente me assustei em ter ele tão próximo a mim, então as minhas memórias da noite anterior voltaram e eu percebi que quem tinham ido procurar por ele foi eu e que a cama em que estávamos nesse momento era a dele.
Parei uns minutinhos e fiquei analisando o quão lindo ele é, todo homem feito, alto, forte, aquele rosto bonito, masculino até a raiz dos seus cabelos lisos e levemente compridos, senti uma vontade de passar meus dedos pelos seus fios para saber se eles eram tão macios quanto parecia. Percebi que ele parecia um pouco mais leve relaxado assim, o que será que se passava em seus sonhos?
- O que você tanto observa em meu rosto? - sua voz saiu em um sussurro baixo e rouca pelo sono, tão ele que era estranho como isso me parecia familiar.
- Eu só estou pensando o que um homem lindo como você viu em uma menina boba como eu! - dei de ombros como se aquela observação não fosse nada demais.
- Não se deprecie assim... - ele abriu seus olhos e me deu a visão mais linda que poderia, era tão verdadeiro as emoções que se passavam ali, tão franco que me senti ainda mais acolhida ao seu lado, o que era estranho, pois estava deitada na cama de um homem que até a dois dias atrás era apenas o meu orientador do estágio, não temos nenhuma relação além dessa, e mesmo assim cá estou eu, vestindo a sua camiseta e cueca. - Você é tão linda... Além de ter o olhar mais doce e meigo que já vi... Sinto como se mergulhasse no céu quando encaro os seus olhos...
- Que nada! - ri de leve. - Meus olhos são verdes e os seus são bem mais legais... - olhei bem dentro de suas íris. - É um azul tão... Intenso!
- Obrigada, senhorita! - ele pegou a minha mão e a apertou entre os seus dedos, seus olhos nos meus, senti uma paz tão grande por estar ao lado dele, até que meu estômago roncou alto. - Parece que alguém aqui está com fome... - ele riu e soltou a minha mão e se assustou ao olhar o relógio sobre o criado mudo. - Putz... Já são quase dez da manhã...
- Mentira! - sentei-me sobre a cama assustada com o adiantado da hora. - Ai, onde coloquei meu celular...? - apalpei a colcha da chama procurando o meu aparelho, até que o encontrei embaixo do travesseiro. - Cinco ligações da Regina, espero que ela não tenha ligado pros meus pais...
- Seus pais acham que você está aonde? - perguntou com cara de quem não lembra nem qual foi a última vez em que deu satisfações aos seus pais, me senti ainda mais infantil ao seu lado.
- Na casa da Regina! - falei discando pro celular dela, que atendeu no primeiro toque. - Alô regina?
- Esmeralda? - ela disse com sua voz ficando mais alta algumas oitavas. - Graças à Deus! Onde você está? Sua mãe já me ligou procurando por você e eu tive que inventar uma desculpa...
- Primeiro... Eu estou bem! - disse me sentindo envergonhada por deixá-la preocupada. - E em segundo, estou no apartamento de um amigo... - falei olhando pro Arthur sentado na cama usando apenas uma calça de moletom e uma regata que deixa seus braços fortes de fora.
- Que amigo? - sua voz passou de preocupação para curiosidade na velocidade da luz. - O que você está escondendo de mim, Esmeralda Carvalho e Castro? - ela era muito esperta e estava sempre descobrindo as coisas apenas na base da intuição. - Me diz que esse amigo não é o Marcelo! - gritou estridentemente, tanto que tive que afastar o aparelho do ouvido, Regina tinha adquirido um ódio ad eternum (para sempre, eternamente) do meu ex namorado, e eu começava a perceber que ela estava certa, ele ficava se fazendo de bonzinho, mas era um bom de um canalha.
- Não! - falei com a voz firme, estava decepcionada com ele e nem queria ouvir a sua voz. - Outro amigo...
- Oh, Deus... - ela deu um gritinho animado. - Você está com o Dr. Alcântara? - ela parecia estar emocionada do outro lado da linha. - Sua safada, passaram a noite brincando de médicos!
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Esmeralda - Série Preciosas - Livro 01
RomanceEsmeralda Carvalho e Castro vem de uma das famílias mais importantes do Rio de Janeiro, herdeira de uma Construtora, é a quarta filha de cinco irmãs, todas mulheres, com as mais diferentes personalidades e características, mas ainda sim uma família...