Elena Lee - capítulo 22
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Domingo, 8 de março de 2020 (mesmo dia do capítulo 17 e 18)
ㅤ“Pois então eu nunca serei mãe de um monstro insensível e orgulhoso, como você.”
Monstro… insensível…? O meu filho? O meu Donald?
As memórias frescas estavam impregnadas nos meus pensamentos. Tudo o que passava pela minha cabeça eram cenas e mais cenas de minha discussão recente com Donald e tudo o ódio que ele propagou durante a reunião no Zoom. Eu estava entorpecida pela dor contida nessas memórias.
Ainda era inacreditável para mim o fato de que aquele era o Donald. Que o meu filho havia se tornado aquele homem tão bruto e primitivo. E pior ainda, que eu havia desistido tão fácil dele.
Ele errou, é claro que errou. Ele está errado. Mas eu deveria mesmo ter dito que não sou mãe dele? Eu fiz exatamente o que ele está fazendo com o meu neto… que moral eu tenho para julgar ele agora?
Eu deveria ter ficado lá… ou ido numa outra hora… eu não sei. Mas tenho certeza de que deveria ter tentado conversar com ele de uma forma mais calma. Como eu pude achar que era uma boa ideia discutir com Donald quando ele está estressado?
Ele não pode ter dito tudo aquilo sinceramente… ele devia estar muito transtornado para pensar racionalmente. Não é possível que o meu filho esteja tão cego pelo ódio que não consegue enxergar as próprias atitudes e medir as palavras.
Pobre Gerard… Ele parecia tão abatido e temendo pela própria saúde, mas mesmo assim foi capaz de esquecer disso por alguns segundos apenas para dar atenção à mãe.
Eu fiquei tão feliz pela atitude de Donna... mas tudo acabou quando ele apareceu. Eu, sinceramente, não o reconheci.
Donald sempre foi uma pessoa fechada e fria, eu sei disso, mas aquele não era ele. Ele sempre amou muito a família… Não faz sentido essa mudança tão drástica de comportamento apenas porque Gerard está apaixonado por um homem. Não faz sentido!
Até eu, que sou da geração passada, consigo entender que não tem nada de errado na relação do Gerard com o Frank, contanto que ambos estejam felizes com esse relacionamento e eu tenho certeza de que eles eram muito felizes juntos.
Me corta o coração pensar no que ele está passando para conseguir respeito e carinho da própria família. O meu netinho não merecia passar por isso… me sinto tão mal por ele. Como ele está aguentando? Todo esse tempo sendo julgado, rejeitado, massacrado e invalidado pelas pessoas que o criaram e disseram o amar… É claro que agora Donna parece estar mudando, mas e antes? Como ele conseguia lidar com a rejeição do amor materno?
Eu tentei tantas vezes conversar com Gerard sobre isso, mas ele é tão fechado quanto o pai, quando o assunto é expor os seus sentimentos… Ele diz que está bem e que vai conseguir superar tudo sozinho, mas eu sei o quanto ele está destruído por dentro. Eu, com certeza, estaria destruída.
Eu sei que ele não é mais uma criancinha que não sabe lidar com os próprios sentimentos, mas eu me preocupo com a saúde física e mental do meu neto. Esse sentimento de proteção é incontrolável, ainda mais considerando todo esse tempo de ausência da figura materna dele.
Pelo menos agora as coisas parecem estar mudando… Finalmente Donna tomou consciência da maternidade dela e quer mudar, por isso eu estou minimamente esperançosa que a atitude dela funcione como um bom exemplo para o Donald.
Mas eu não sei se posso alimentar tal esperança, considerando tudo o que eu vivi até agora. Eu estou realmente decepcionada e com medo do que o meu pequeno se tornou.
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Quarantine Limits ✱ ғʀᴇʀᴀʀᴅ
RomanceApesar de ter sua independência financeira, Frank Iero, um humilde guia turístico, nunca fora alguém com um grande patrimônio e depois de uma desilusão amorosa, tudo em sua vida se tornou infeliz, amargo e sem sentido. Consequentemente, sua fonte de...