baby, you will haunt my house

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Gerard Way - capítulo 2


— Você só pode estar de brincadeira comigo, Gerard! - a voz um tanto robotizada de meu irmão saía do auto-falante de meu celular e se dissipava por toda a minha espaçosa cozinha, enquanto eu preparava o almoço. Talvez ele estivesse bravo com minhas escolhas e isso era explícito em sua tonalidade vocal, mas eu daria um jeito de acalmá-lo.

— Não, Mikey, não estou. Eu convidei, sim, o Frank para morar aqui comigo durante a quarentena e ele aceitou. - respondi com toda a calma que me cabia, tentando passar a segurança que tinha em meus atos.

— Cara, isso é loucura... porra, é o teu ex! Vocês vão acabar se matando e esse é pior momento pra alguém morrer, já que nem velório pode fazer agora. - meu irmão respondeu e, pelo seu tom de voz, parecia um pouco mais convencido da ideia... ora ora ora, estou conseguindo atingir meu objetivo.

— Sem exageros, Mikey. Além disso, você prometeu que iria me apoiar neste momento. - disse, tentando fazer uma chantagem emocional. Sempre funciona.

— Gerard, isso não se trata mais da sua sexualidade. Isso é sobre vida ou morte! - e lá vamos nós de novo... Mikey e sua indignação estão voltando. Será que é tão difícil entender que eu só estou tentando fazer uma boa ação?

— Pffff... Olha, eu só estou querendo ajudar ele, entende? Eu sei pelo que ele estava passando... essa pandemia pegou todos de surpresa e o ramo dele foi um dos mais afetados, talvez até o mais afetado. Michael, eu não poderia continuar vivendo sozinho nessa casa gigante, com tudo de bom e do melhor, em home office e 100% em segurança, quando o cara que eu amo está passando por dificuldades. Eu não posso deixar que ele sofra mais do que já sofreu ao meu lado... - disse tudo, um tanto rápido demais, mas com toda a sinceramente que me cabia.

Pois tudo o que disse é verdade. Logo quando o Lockdown começou aqui, em Miami, a primeira coisa que passou pela minha cabeça era como Frank iria se virar daqui pra frente... ele é um guia turístico, como poderia trabalhar se todos estamos proibidos e com medo de sair de cada, que dirá viajar ou turistar?

Eu sei que ele daria um jeito de se sustentar (ele é o anão mais determinado que eu já conheci), mas agora é pior momento pra ele tentar se reinventar, pois além de toda essa confusão global, eu tenho consciência do quão machucado ele está... do quão profundas foram as feridas que eu causei...

Enfim, ele precisava de ajuda e eu não pensei duas vezes antes de oferecer a minha casa e todo o conforto que a mesma proporciona. Aqui ele estaria ao meu lado, mas acima de tudo, estaria seguro.

Seria apenas nós dois vivendo em minha enorme propriedade, sem contato com o mundo exterior. Nem mesmo os funcionários que contratei para fazerem as compras e as entregar em minha porta teriam contato direto conosco. A faxina seria por nossa conta, pois apesar de continuar pagando a diarista, ela não faria mais o seu trabalho aqui em casa.

— Gerard! Gee! Irmão, você ainda está aí? - quebrando toda a minha linha de raciocínio, ouço a voz alterada de meu irmão me chamar.

— Oh! Sim, sim. Desculpa, estava distraído. - respondo e volto a fazer o meu almoço vegetariano especial.

— Tudo bem... Bom, o que eu estava dizendo é que entendo seus motivos, mas você não acha essa ideia um pouco precipitada? Sabe... o que vocês passaram juntos foi muito... intenso. Não acha que dar um espaço pro Frank e até pra você, não seria o mais saudável agora? Tipo, eu sei o quanto você sente falta dele e tenho medo de vocês acabarem confundindo as coisas e ambos saírem machucados... de novo. - Mikey não tinha mais um tom acusador, apenas... preocupado e eu entendia o motivo, então logo respondi:

— Olha, Mikey... eu entendo o seu ponto de vista, afinal eu também estou com medo do que está por vir. Mas eu não poderia deixar ele lá... não é só uma questão de ter o que comer. O psicológico dele está tão fodido quanto o meu, talvez até pior e ficar isolado dessa maneira só iria piorar tudo. Todo mundo só fala disso... do quanto essa pandemia vai abalar as pessoas que moram sozinhas. - faço uma pequena pausa para um suspiro, me dando conta que eu também seria prejudicado se continuasse vivendo sozinho. Mas isso não é sobre mim, então logo emendei — Eu tenho muito medo do que isso pode trazer ao Frank... imagina só se ele desenvolve algum tipo de ansiedade, depressão ou qualquer transtorno do tipo? Irmão, eu não sei o que eu faria se isso acontecesse... É por isso que eu quero zelar por sua segurança e estar com ele neste momento difícil. E eu... Mikey, você não tem ideia do quanto eu sinto falta dele... do quanto eu ainda o amo e me importo com seu bem estar. - apenas deixei que esse desabafo corresse por meus lábios. Eu precisava disso e agora me sentia muito mais leve.

Um silêncio se instaurou pelo ambiente, mas logo foi preenchido por um suspiro vindo do meu irmão e logo sua voz encontrou meus ouvidos.

— Okay... talvez você esteja fazendo a coisa certa. Mas só talvez! - a última frase foi dita com um tom brincalhão, seguida de uma risada, a qual acompanhei.

— O seu apoio é muito importante para mim, Michael. Obrigado por isso. - disse tentando passar a ternura que sinto por meu irmão.

— Imagina... estou aqui pra isso, não é mesmo? - mesmo que ele não pudesse ver, balancei a cabeça em concordância e estava pronto para o responder, quando ele emendou — Mas eu só te peço uma coisa: não machuque ele de novo. Nem o Frank, nem você merecem passar por isso novamente. - ele disse sério. Isso me abalou, tanto pelo tom, quanto pelo pelo significado de sua fala.

— Eu não vou fazer isso. Os meus fantasmas já não mais me assombram e eu estou disposto a fazer de tudo para curar todas as cicatrizes que deixei em Frank. - digo com convicção, pois essa é a mais pura verdade. Talvez eu não consiga reconquistar o meu Frankie, mas o mínimo que posso fazer é ajudar na cura de suas dores. As mesmas que causei.

— Imagino que vá mesmo. Bom, eu preciso ir... mamãe está me enchendo o saco pra sair desse quarto a uns dois dias e acho que de hoje não passa. Apesar de eu não ter nada pra fazer fora dele, eu não to afim de sair daqui sendo arrastado pela orelha. - ele disse com um tom bem humorado e não pude deixar de rir junto ao mais novo. Apesar da menção a palavra "mamãe" ainda me abalar, Mikey a disse de uma maneira tão leve que quase não me afetei, por isso prossigo:

— Tá tudo certo, pode ir lá. Eu preciso mesmo me concentrar nessa lasanha que estou fazendo. - respondi com um bom humor na voz. Me sinto mais leve depois dessa conversa com meu melhor amigo.

— Beleza, dona de casa! Termina aí o almoço do seu macho. - ele disse quase caindo na gargalhada. É um tonto mesmo. Mas um tonto que me diverte.

— Até mais, Mikes! - foi a última coisa que saiu de minha boca, antes de eu finalizar a ligação, sem dar ao meu irmão a oportunidade de se despedir. Mas está tudo bem, ele sabe que eu não me ofendi com a sua fala (até achei graça, devo admitir), mas mesmo assim eu estava no meu direito de fazer um drama, não estava?

Então eu apenas continuei a fazer meu especial almoço, com um simples sorriso no rosto, a espera da pessoa que mais sentia falta.

Ainda tinha bastante tempo até ele chegar, por isso fiz tudo com o maior cuidado, atenção e carinho que me cabia. Hoje meu dia seria totalmente dedicado a outro homem.

E, meu Deus... como eu estava ansioso pra isso.


· 𖤜 ·

► e vamos de Gerard cadelinha, au au

▷ eae, meus amores e amoras! o que acharam do capítulo?

o gee é esse monstro destruidor de corações que o frank descreveu? eu não sei vocês, mas pra mim ele é só uma cadela.

de qualquer forma, agora que os personagens estão devidamente apresentados, podemos começar a nossa história de verdade. ta na hora de conhecer os limites da quarentena pras esses dois...

finalmente vem aí ~


ouçam baby you are a haunted house do gerard way

Quarantine Limits  ✱  ғʀᴇʀᴀʀᴅOnde histórias criam vida. Descubra agora