the kings of filha da putagem

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Mikey Way - capítulo 6


Você acredita que as pessoas mudam ou elas apenas tomam atitudes que você não esperava?

Eu acredito na mudança, seja ela boa ou ruim.

Digo isso porque muitas coisas mudaram de uns tempos para cá e eu não me refiro somente ao fato de que estou vivendo uma pandemia, não podendo sair de casa. Minha vida vem mudando há um bom tempo.

Até porque, literalmente, tudo começou com uma mudança (mas essa história é papo para outra hora). 

O fato é que houveram muitas mudanças. Gerard mudou, meus pais mudaram e pode ser que isso esteja me influenciando também.

Falando bem a verdade, quando Gerard assumiu a sua bisexualidade eu achei que ele iria mudar completamente a sua personalidade, o modo de se vestir e se adequar a todos os estereótipos de homem homossexual que meus pais sempre me contaram. Mas não... o máximo que aconteceu foi que ele parou de ser um cafajeste que comia todas as garotas que sentia vontade.

Aliás, eu diria que essa mudança de comportamento se deu por um conjunto de circunstâncias, como a idade batendo na porta, acompanhada das responsabilidades da vida adulta. Mas com certeza aquele baixinho teve uma grande importância nesse processo.

Eu diria que Gerard mudou para melhor, se não fosse o fato de que agora ele é um louco apaixonado que só falta se arrastar aos pés de Frank em busca de perdão.

Nós conversamos quase todos os dias, só para eu poder ter certeza de que ninguém matou ninguém naquela casa, porém ele não me conta muita coisa do que acontece lá dentro. O que me reconforta é que eu sei que ele está muito melhor agora do que quando estava sozinho.

Dá para perceber no tom de voz dele o quão feliz Gerard está por conviver com Frank, por mais que o anãozinho não queira mais nada com ele. Se quiser a minha opinião mais sincera, eu acho que só um milagre vai fazer o Frank mudar de ideia e eu não tiro a razão dele.

Mas como o Gee ainda não perdeu a esperança, eu vou continuar dando toda a ajuda e o apoio que não o dei no início.

E, contrariando todas as minhas expectativas, são os meus pais os problemáticos dessa situação toda. São eles quem tratam o Gerard como um verme, como se Gerard não fosse mais da nossa família, quiçá da espécie humana.

Eu e meu irmão estávamos idealizando uma reconciliação, mas não conseguimos nem mesmo estruturar um plano decente, porque a pandemia chegou e estragou tudo.

Talvez isso nem tenha sido tão ruim, pois na primeira (e única) vez que eu toquei no assunto Gerard aqui em casa, as coisas não saíram muito bem...

— Vocês viram qual é a nova moda? - perguntei casualmente, num jantar qualquer dessa quarentena.

— Qual? - Donna perguntou, aparentemente interessada.

— Os encontros virtuais, ou "lives", se preferir. Sabe como é... com a pandemia ninguém está podendo fazer confraternizações, por isso estão usando plataformas como o Zoom para fazer reuniões e conversar um pouco, botar o papo em dia, essas coisas... esses dias participei de uma com o Ray, foi bem legal! - expliquei tentando tornar este assunto o mais atrativo possível.

— E com quem nós poderíamos fazer uma dessas reuniões? - Donald questionou e naquele momento meu estômago embrulhou em nervosismo, pois eu sabia que minha resposta poderia gerar uma discussão. 

O que de fato aconteceu.

— O pessoal de New Jersey deve estar com saudades... - limpei minha garganta, em busca de um pouco mais de tempo para me acalmar, mas logo completei minha frase sem gaguejar, porém com um tom inseguro — E tem também o Gerard, ele sente fal-

Quarantine Limits  ✱  ғʀᴇʀᴀʀᴅOnde histórias criam vida. Descubra agora