Capítulo 4

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— Haru, onde está Neji?

— Majestade, bom dia, Neji está em outra tarefa hoje. — O soldado da guarda disse rapidamente após a mensura, abrindo a porta para sua rainha.

— Muito obrigada. — Saiu dando as costas ao quarto.

Não entendeu o afastamento do Otsutsuki e até se sentiu culpada por isso. Imaginou que o motivo para o sumiço de seu fiel guarda real era a sua falta de decoro na biblioteca. A reunião com o conselho, onde ele estava aéreo, foi o segundo aviso de que algo estaria ligeiramente errado e a falta do moreno pela segunda manhã consecutiva dava a certeza de que Hinata havia ido longe demais.

Neji era um homem honrado e de moral impecável. Nunca ouvira rumores sobre mulheres nos aposentos do moreno, como de tantos outros guardas que não levavam tão a sério o voto de fidelidade à coroa. Não podiam procriar nem manter esposas, eram seus soldados, sem vínculos, sem legado; somente a dedicação total, e suas vidas para que o reino e a rainha se mantivessem à altura de outros tantos que os rodeavam. Poder é poder, e a servidão cega aos ideais de seus antepassados.

Pareceu pedir demais que um homem tão bom e de coração tão leal abrisse mão de tudo isso para ser o que quer que Hinata pensasse. Ela não tentou confundi-lo ou usá-lo somente deu voz ao desejo que sentia e se ele se sentiu pressionado, e se não sentiu o mesmo e resolveu sumir para que não fosse grosseiro com a Hyuuga? Ela nunca pensaria em puni-lo caso não fosse correspondida. Será que ele tinha tais pensamentos?

Sentou-se na grande mesa posta com tudo que aquela terra abençoada produzia de melhor, mas faltava algo. Olhou para sua direita e viu que não era ele. Haru estava calmo como Neji, silencioso e muito solícito, contudo não era ele. Não o via há três dias e os preparativos do baile consumiam seu tempo impedindo-a de ir procurar por ele, mesmo que sua vontade fosse de largar aquele banquete e ir de uma vez perguntar se um beijo era o suficiente para deixá-lo tão distante e cheio de obrigações que de uma hora para outra só poderiam ser resolvidas por ele, mesmo que isso a estivesse consumindo, ela nada poderia fazer por enquanto. Seus deveres antes de seus quereres, seu pai lembrava.

Respirou fundo, derrotada, terminou de fazer a sua refeição e começou os seus deveres. Incubiu serviçais a arrumarem o grande salão do jeito que ela queria, não se importava em agradar os reinos vizinhos que vinham apenas com o intuito de disputar a atenção da rainha em busca de um tratado político. Aquilo com certeza a irritava, estava apenas cumprindo uma formalidade, pois como já havia se decidido, não casaria por um acordo e jamais abriria mão disso. Gostaria de ser que nem os seus pais, casaram-se por amor, claro que o destino deu uma ajuda pela sua mãe ser a princesa do Reino da Nuvem, no entanto, ela não se importava com títulos.

Seguiu suas atividades e ao entrar na biblioteca deu de cara com os olhos perolados tão parecidos com os seus. Hinata chegou até a se assustar com a presença repentina de Neji, não costumava ter ele à sua frente e sim guardando suas costas, como Haru o fazia agora.

— Estou de saída, majestade. — O Otsutsuki mirou a porta, mas foi impedido pelo braço ereto da Hyuuga a sua frente.

— Haru, nos dê licença.

— Como queira, majestade. — O guarda se retirou fechando a porta grossa de madeira e Neji sentiu seu coração errar uma batida.

— Sente. — Hinata caminhou até sua poltrona atrás da grande mesa de madeira.

— Eu preciso resolver...

— Seja lá o que for, a sua rainha é mais importante, não? — A morena o cortou, já estava irritada com o seu comportamento e o Otsutsuki sentiu isso na voz dela. Parou e deu meia volta, ficando em posição de respeito à frente da rainha, que já estava sentada. — Ótima escolha. Agora me diga o por que de estar tão evasivo?

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