— Haru, onde está Neji?
— Majestade, bom dia, Neji está em outra tarefa hoje. — O soldado da guarda disse rapidamente após a mensura, abrindo a porta para sua rainha.
— Muito obrigada. — Saiu dando as costas ao quarto.
Não entendeu o afastamento do Otsutsuki e até se sentiu culpada por isso. Imaginou que o motivo para o sumiço de seu fiel guarda real era a sua falta de decoro na biblioteca. A reunião com o conselho, onde ele estava aéreo, foi o segundo aviso de que algo estaria ligeiramente errado e a falta do moreno pela segunda manhã consecutiva dava a certeza de que Hinata havia ido longe demais.
Neji era um homem honrado e de moral impecável. Nunca ouvira rumores sobre mulheres nos aposentos do moreno, como de tantos outros guardas que não levavam tão a sério o voto de fidelidade à coroa. Não podiam procriar nem manter esposas, eram seus soldados, sem vínculos, sem legado; somente a dedicação total, e suas vidas para que o reino e a rainha se mantivessem à altura de outros tantos que os rodeavam. Poder é poder, e a servidão cega aos ideais de seus antepassados.
Pareceu pedir demais que um homem tão bom e de coração tão leal abrisse mão de tudo isso para ser o que quer que Hinata pensasse. Ela não tentou confundi-lo ou usá-lo somente deu voz ao desejo que sentia e se ele se sentiu pressionado, e se não sentiu o mesmo e resolveu sumir para que não fosse grosseiro com a Hyuuga? Ela nunca pensaria em puni-lo caso não fosse correspondida. Será que ele tinha tais pensamentos?
Sentou-se na grande mesa posta com tudo que aquela terra abençoada produzia de melhor, mas faltava algo. Olhou para sua direita e viu que não era ele. Haru estava calmo como Neji, silencioso e muito solícito, contudo não era ele. Não o via há três dias e os preparativos do baile consumiam seu tempo impedindo-a de ir procurar por ele, mesmo que sua vontade fosse de largar aquele banquete e ir de uma vez perguntar se um beijo era o suficiente para deixá-lo tão distante e cheio de obrigações que de uma hora para outra só poderiam ser resolvidas por ele, mesmo que isso a estivesse consumindo, ela nada poderia fazer por enquanto. Seus deveres antes de seus quereres, seu pai lembrava.
Respirou fundo, derrotada, terminou de fazer a sua refeição e começou os seus deveres. Incubiu serviçais a arrumarem o grande salão do jeito que ela queria, não se importava em agradar os reinos vizinhos que vinham apenas com o intuito de disputar a atenção da rainha em busca de um tratado político. Aquilo com certeza a irritava, estava apenas cumprindo uma formalidade, pois como já havia se decidido, não casaria por um acordo e jamais abriria mão disso. Gostaria de ser que nem os seus pais, casaram-se por amor, claro que o destino deu uma ajuda pela sua mãe ser a princesa do Reino da Nuvem, no entanto, ela não se importava com títulos.
Seguiu suas atividades e ao entrar na biblioteca deu de cara com os olhos perolados tão parecidos com os seus. Hinata chegou até a se assustar com a presença repentina de Neji, não costumava ter ele à sua frente e sim guardando suas costas, como Haru o fazia agora.
— Estou de saída, majestade. — O Otsutsuki mirou a porta, mas foi impedido pelo braço ereto da Hyuuga a sua frente.
— Haru, nos dê licença.
— Como queira, majestade. — O guarda se retirou fechando a porta grossa de madeira e Neji sentiu seu coração errar uma batida.
— Sente. — Hinata caminhou até sua poltrona atrás da grande mesa de madeira.
— Eu preciso resolver...
— Seja lá o que for, a sua rainha é mais importante, não? — A morena o cortou, já estava irritada com o seu comportamento e o Otsutsuki sentiu isso na voz dela. Parou e deu meia volta, ficando em posição de respeito à frente da rainha, que já estava sentada. — Ótima escolha. Agora me diga o por que de estar tão evasivo?

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Casulo de Seda
FanfictionHinata sabia de côr todas as suas responsabilidades como rainha, mas nenhum conselho retrógrado, um mar de exigências, regras ou futuros pretendentes poderiam parar um amor que nasceu discreto e tomou proporções gigantescas. Em um mundo onde uma mul...