Capítulo 2

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— Todos de pé para a entrada da rainha.

Um guarda real ordenou quando bateu a lança, que estava em suas mãos, três vezes no chão. O gatilho oco, chamou a atenção dos súditos que conversavam sobre os problemas que vieram discutir com sua majestade. Hinata entrou no salão que recebia os aldeões uma vez a cada semana e se colocou à frente da cadeira alta e desconfortável, que estava em cima de um pequeno púlpito acompanhada de Neji e mais cinco guardas atrás dele. Todos à postos em seus devidos lugares e o guarda que estava à porta, mais uma vez chamou a atenção do público.

— Vossa alteza, rainha do reino da Lua. Curvem-se. — E assim todos os presentes fizeram.

Sentou e esperou que seu guarda pedisse a aproximação do primeiro aldeão que atenderia naquele dia. Os motivos variavam, alguns eram muito importantes e outros mais simplórios, o fato era que para governar bem, deveria estar ciente de tudo que acontecia em suas terras.

— Vossa alteza... — Curvou-se novamente ao se aproximar. Um homem velho com barba branca, vestido de forma simples se apoiava em um adolescente moreno de olhos negros, como os do senhor. — Há um monstro atacando minhas cabras. As mesmas que são o meu sustento, vendo os bichos no mercado central da vila e a pouco mais de sete dias, elas vêm sendo atacadas. Não sei que monstro faria algo assim, mas peço humildemente sua ajuda para que eu não perca mais nenhum animal. Minha família depende disso, alteza.

— Mandarei guardas investigarem. É possível que seja algum animal perdido de outros reinos próximos. Nunca houve nada parecido por aqui. — Virou-se para o seu guarda — Mande alguns homens para o local e cace o causador de tantas perdas. — O moreno somente concordou com um aceno. — Algo mais que queira senhor?

— Não sua, majestade. Está de bom tamanho sua bondade em ajudar um simples pastor de cabras.

— Não há trabalho simples em um reino, meu senhor — disse interrompendo o homem. — Todos os trabalhos ajudam nosso reino a ser melhor. Espero que consigam resolver isto, caso não, volte novamente na próxima semana.

— Muito obrigado, alteza. — Reverenciou novamente e saiu a passos arrastados acompanhado de dois guardas reais.

Outro homem se aproximou e fez o mesmo que o anterior, reverenciou e fez sua reclamação. O pedido de ajuda era mais simples, um local para que pudesse vender seus legumes e verduras na praça central. Concedido, e novamente um novo súdito com algo que só Hinata poderia resolver. Pedidos de materiais para consertos de casas, telhados, pequenas embarcações e até carroças, vinham com uma chuva de novidades a serem discutidas com seu pequeno conselho. O dia seria somente ali, fazendo gradualmente a quantidade de pessoas na sala diminuir. Algumas horas passaram voando e o desconforto da cadeira fazia a rainha virar-se algumas vezes, à procura de uma posição mais confortável.

— Deseja que eu encerre o dia, alteza? — A voz rouca e grossa ecoou perto de sua orelha, trazendo o arrepio que Hinata não conseguia mais ignorar. Desfez do toque de sua outra mão que pousava em seu colo e pegou no pulso do homem que estava bem perto.

— Não é necessário. — Soltou o aperto vendo os olhos assustados de Neji. — Vamos continuar, faltam poucos.

Voltou a pose de soberana, unindo as mãos novamente em seu colo e respirando fundo, acenou para o novo aldeão que se aproximou. Ouviu mais algumas histórias e pedidos, designou mais alguns guardas sempre com a aprovação de Neji e assim o dia passou, o mais cansativo, diga-se de passagem. Receber a plebe era bom, mas naquela quantidade e com a cadeira que seu pai deixou, cansava até a alma.

Não poderia negar, eles eram parte de seu reino, deveria fazer aquele trabalho da melhor forma, mesmo que sua mente algumas vezes vagasse para o homem ao seu lado, deveria se concentrar em ser uma governante justa, como aprendeu com seu pai.

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