As cordas iam apertando um pouco mais a cada puxão dado. Duas criadas e um espartilho que gradativamente apertava seu interior já cansava, e nem havia saído do quarto. Neji esperava paciente de pé, perto da porta enquanto ela agarrava a beira de sua cama para não ser arrastada pela força que as duas mulheres faziam. Quando sua respiração estava no limite, acenou dispensando a ajuda então uma das criadas, amarrou a geringonça feita unicamente para torturar pobres mulheres. Terminou de se vestir e virou para o moreno com a mão em seu abdômen.
— Já agradeceu por não ser uma mulher hoje? — Sorriu da careta que tomou o belo rosto.
— Faço isso todos os dias, alteza.
— Creio que essa armadura não seja a mais confortável, mas isso — apertou a mão que pousava em sua barriga —, é desumano.
— Não precisa usar, majestade. — Não precisava mesmo. As belas curvas eram naturais e nada que Hinata vestisse durante seu dia chegaria aos pés da beleza da morena.
— A moda infelizmente, está acima de mim. — Sentou em sua cama para se acostumar com o aperto, antes de sair. — O que uma jovem princesa de outro reino diria se me visse com um vestido velho? Sairia por aí correndo como vento, boatos de que o nosso reino está mal economicamente. Poderiam nos atacar de surpresa pensando que não temos mais uma moeda forte, ou quem sabe, pensarem que aceitaremos qualquer proposta de negócios, fazendo outros concorrentes trazerem propostas também absurdas, nos fazendo aceitar a menos pior delas.
— A moda diz tudo isso?
— Infelizmente... — Levantou se aproximando do moreno que abriu a porta do quarto para que a rainha passasse. — Minha mãe vestia os mais belos vestidos e se portava como a mais perfeita rainha, sem tirar o mérito de meu pai, claro. Faziam o par perfeito, demonstrando força e poder para qualquer um que ousasse pisar nesta terra. — Sorriu olhando para trás.
— Gostaria de ter aulas sobre moda, quem sabe ajude nas batalhas que poderemos travar. — Não evitou sorrir com a brincadeira, mas estava verdadeiramente mais admirado com o trabalho que Hinata empenhava.
— Aulas seriam interessantes, mas estou aqui usando a moda para evitar mais batalhas. — Virou-se para ele interrompendo o caminho até a sala de jantar, onde o café da manhã seria servido. — Não me custa muito perder um pouco de ar para manter meu reino em paz e feliz.
Após a refeição Hinata queria fazer um passeio pelo reino, afinal, era importante estar sempre presente e ver seus súditos, isso fazia parte de ser uma ótima líder. Neji deu a mão para a Hyuuga subir na carruagem e quando ela estava confortável, deu a volta e subiu do outro lado. Deu sinal para o boleeiro¹ para que pudesse ir, foram aos poucos deixando a propriedade do castelo, além do Otsutsuki, quatro guardas reais a cavalo faziam a segurança da rainha. Conforme a grande carruagem branca com detalhes em dourado passava pelas ruas os súditos acenavam e sorriam para Hinata, todos a adoravam. Ela retribuía, ficava feliz de ver as pessoas trabalhando, vivendo uma vida digna e saudável em seu reino onde ninguém passava fome ou dificuldades.
Andaram por toda a cidade e ao chegar ao final do vilarejo, Neji deu ordem para que o criado voltasse ao castelo e no caminho de volta a Hyuuga pareceu pensativa, olhava os campos de girassóis e respirava fundo puxando o ar puro para seus pulmões. O sol estava aquecendo a sua pele e aquilo estava tão bom que por um momento esqueceu de tudo, todos os seus deveres e preocupações. Virou mirando o seu guarda pessoal que estava sentado à sua frente, o moreno franziu o cenho confuso com a expressão que ela fazia em seu rosto.
— Está tudo bem, majestade? — perguntou preocupado.
— Você já pensou em ser outra pessoa, Neji? — Tudo que ele conseguiu pensar foi que sua alteza sempre o fazia perguntas inusitadas, o deixando sem palavras e ele gostava disso, apenas ela conseguia tal feito; era instigante.
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Casulo de Seda
FanfictionHinata sabia de côr todas as suas responsabilidades como rainha, mas nenhum conselho retrógrado, um mar de exigências, regras ou futuros pretendentes poderiam parar um amor que nasceu discreto e tomou proporções gigantescas. Em um mundo onde uma mul...