Anna narrando
Acordo, percebo que Victor não está e agradeço mentalmente por isso.
Ontem foi um dos piores dias da minha vida. Eu matei um homem, mas não foi só isso, eu matei o homem que me ajudou, o único homem que soube respeitar minhas vontades. Nunca irei me perdoar por isso.
Infelizmente eu não tenho mais ninguém, todos que amo sempre morrem.
Meu Deus o que para merecer tamanho sofrimento. Para piorar, eu descobri que o homem que chamei de pai durante minha vida toda, talvez seja somente meu padrasto.
O que mais me machuca é saber que dentro do meu ventre, carrego um filho desse monstro.
- Vejo que minha esposa já acordou. - Victor fala saindo do banheiro e vindo me beijar.
- Me deixe sozinha por favor. - viro o rosto.
Só de pensar em Victor me tocando sinto nojo. Parece que todo o amor que construímos nesses dois anos morreu.
- Eu tenho nojo de você. - o olho com desprezo.
Ele se aproxima mais e sinto uma dor muito forte no peito.
- Ai. - gemo de dor.
- Ainda nem encostei em você.
Tento me mexer e sair de perto, mas não consigo, meu corpo é incapaz de obedecer minha mente. Não consigo controlar e logo as lágrimas escorrem por meu rosto. Eu nunca senti isso em toda a minha vida.
- Me... ajuda... - suplico para Victor.
Sinto minha cabeça ficando leve e não demora muito, tudo fica escuro.
Abro meus olhos, vejo um teto branco, provavelmente estou em um hospital. Olho para o lado e vejo Victor sentado segurando em minha mão.
- Você acordou, vou chamar a médica. - ele sai me deixando sozinha.
Ele volta com a médica e uma enfermeira.
- Como você se sente ?
- Cansada. - respondo. - meu filho está vem doutora ?
- Não se preocupe Anna, seu bebê está bem.
- Então por que desmaiei ?
- Você teve uma crise de pânico Anna. Irei te recomendar para um psicólogo e ele poderá dar um diagnóstico mais detalhado.
- Gostaria que fosse uma psicóloga. - Victor fala e reviro os olhos.
- Tudo bem. Por agora a enfermeira irá examiná-la. - faz uma pausa. - também encaminharei os papais para começar o pré-natal. - uma pausa novamente. - por agora iremos administrar alguns calmantes.
- Tudo bem. - respondo. - você deverá ter alta amanhã depois de uma consulta com a psicóloga.
Ela sai, a enfermeira termina de me examinar e medicar e sai.
- Não quer falar sobre o que aconteceu ?
Como um ser humano pode ser tão frio. O que aconteceu ontem não foi nada para ele ?
- Não fale comigo.
- Você pode me desprezar e tentar me ignorar Anna, mas agora nós somos iguais. - ao ouvir essas palavras meu coração rapidamente dispara.
- Não somos !
- Agora você e igual a mim. - ele acaricia meu rosto.
- Victor... - sinto meu peito apertar novamente. - estou sentindo aquilo de novo.
Ele chama a doutora e logo ela chega.
- Anna. - a doutora me chama e tento me acalmar. - preciso que respire fundo e pense em algo que te fez feliz.
Fecho os olhos e então lembro do dia em que saí de casa pela primeira vez.
Flashback On
Augusto estaciona o carro em uma das vagas, abro a porta e saio. Ao andar por aquela praça vejo todas as fotos que via dentro de casa tomarem forma.
Charlotte me disse que essa praça é a mais famosa de toda Paris e que aqui inclusive tem muito turistas.
Olho a minha volta e observo tudo com muito cuidado, eu não quero perder nenhum detalhe.
Entro em uma cafeteiria, peço um capuchinhos, Charlotte paga e sento em um banco no centro da praça.
Olhar tudo que acontece a minha volta é fascinante. Eu não vejo a hora de sair da casa de meus pais e construir a minha vida.
Flashback Off
Aos pouco minha respiração volta ao normal e já me sinto calma.
- Irei chamar a psicóloga agora mesmo. - ela sai.
Victor está no canto do quarto mexendo no celular.
Depois de um tempo, a doutora aparece com junto de uma mulher muito bonita, loira, cabelos curtos e que parece estar na faixa etária dos 30 anos.
- Esta é a psicóloga Lia, deixarei vocês a sós para conversarem. - ela olha para Victor. - espere lá fora por favor senhor.
- Estarei lá fora, tome cuidado. - ele fala olhando dentro dos meus olhos.
Victor sai com a médica e fico mais a vontade.
- Olá Anna. - ela senta na cadeira que tem ao lado da minha cama. - sinta-se a vontade para falar comigo. Tudo que você disser ficará aqui dentro dessa sala. - ela olha em meus olhos.
Pela primeira vez em algum tempo eu pude perceber alguém me olhando com carinho.
- Pode me chamar de Lia e começaremos quando estiver pronta.
Por mais que eu soubesse que ela não contaria nada a ninguém, não é justo envolvê-la em um assunto tão pesado. Mas também tenho que lembrar que preciso da ajuda de alguém, minhas forças acabaram e estou completamente destruída, do jeito que estou não conseguirei sequer cuidar do meu filho.
Respiro fundo e conto toda a minha história para Lia.
- Anna isso é muito sério. Não posso deixar que continue passando por tudo isso.
- Lia tudo que eu preciso é estar bem para cuidar da minha filha. Não me importo mais com o Victor, já aceitei a minha realidade. - falo chorando.
Depois de horas conversando com ela, finalmente encerramos a sessão.
- Irei arranjar um jeito para continuarmos as consultas, por agora prescrevi alguns medicamentos para evitar qualquer crise. - ela levanta da cadeira, caminha até a porta. - até breve Anna. - ela sai.
Um tempo depois Victor entra no quarto com a minha refeição.
- Já passou da hora de você almoçar. - fala colocando a bandeija no meu colo. - coma tudo. - ele senta ao meu lado. - já pedi para que meus homens comprem seus remédios.
- Ok. - tento ignorá-lo.
- Coma.
Eu passei a manhã toda sem comer, porém mesmo assim não sentia nenhum pouco de fome.
- Estou sem fome.
- Coma pelo menos a fruta.
- Tudo bem.
Como a fruta e não demora muito começo a sentir um maldito enjoo. Viro a cabeça para o lado e acabo vomitando no chão.
- Vou chamar a médica. - ele fala.
- Não precisa. Esqueceu que estou grávida ? - pergunto com sarcasmo.
- Se tivesse esquecido, pode apostar que você estaria no mesmo lugar que o Christopher. - ele sussura em meu ouvido me deixando nervosa.
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Encerramos mais um capítulo meninas. E agora o negócio está tenso. Coitadinha da Anna. Será que ela conseguirá passar por todas essas dificuldades ? Deixem nomes para a filha da Anna e Victor e não esqueçam da meta para o próximo capítulo.
4 estrelinhas e 6 comentários.
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Máfia Francesa
RomansaAnna Cooper viveu sua vida inteira com restrições, seus pais nunca a deixavam sair de casa ou fazer amigos, eles alegavam que as pessoas de fora eram maus e a machucariam. Quando completou 18 anos com a ajuda de uma das empregadas e do motorista da...