Amor Por Contrato | Sariette

Paris.

Quando finalmente chegaram ao aeroporto depois de um trânsito infernal, Sarah se dirigiu ao balcão de informações enquanto Juliette cuidava das malas. Dentro de alguns minutos ela voltou e lhe entregou o passaporte.

– Tudo resolvido. - disse sorrindo - Um vôo saíra dentro de 40 minutos com destino a Paris. Já comprei nossas passagens, vamos de primeira classe.

– Ótimo. - ela limitou-se a dizer cansada.

Sarah percebeu..

– Eu te avisei para dormir... - Juliette fez uma careta e guardou o passaporte na bolsa.

– Não tive tempo.

– Venha. Tem uma lanchonete logo ali. Vamos tomar um café.

Café seria ótimo. Iria mantê-la acordada e isso era bom. Dois cappuccinos com chantilly foram servidos assim que elas escolheram uma mesa perto da janela.

– Você sabe que dia é hoje?- Sarah quis saber enquanto a admirava tomando seu café.

– É quarta... Por quê? - Juliette disse arqueando uma sobrancelha.

– Por nada. - ela disse suspirando e tomando seu café.

Juliette já a conhecia muito bem para saber que ela havia ficado frustrada, porém achou melhor continuar calada, afinal o silêncio já se tornara algo habitual entre as duas.

– Tem certeza que não sabe que dia é hoje? - Sarah perguntou de novo.

– Não me diga que eu esqueci o seu aniversário... - ela começou a dizer com pesar, mas Sarah a interrompeu
– Não... meu aniversário já passou. - disse dando de ombros.

Ela parou para pensar, mas a única coisa que havia para comemorar naquele dia era a última coisa que Sarah poderia estar se referindo, porque ela nunca lembraria. Por isso Juliette não arriscou...

– Eu devia me lembrar mesmo de algo?

Sarah assentiu, séria.

Juliette ficou paralisada, enquanto sua cabeça dava voltas procurando pela lembrança "perdida".

– Você realmente não lembra, não é mesmo? - ela disse sorrindo.

– Desculpe...

– Não tem problema. - ela disse dando de ombros – Eu lembrei apenas hoje de manhã. Talvez você lembre até o final do dia. - brincou.

– Talvez. - Juliette disse sorrindo. Era impossível ficar brava por muito tempo com Sarah.

A morena terminou o café primeiro, e como esperado a deixou mais alerta. Já a loira bebeu seu café devagar enquanto intermináveis minutos passavam.

– Vamos? - Sarah disse se levantando e deixando sob a mesa dinheiro suficiente para pagar os cafés e alguma gorjeta para a garçonete.

Quando já dentro do avião, Juliette se surpreendeu com tamanho luxo.

– Aqui. - Sarah apontou para os assentos – Quer ir na janela?

– Sim. - ela disse eufórica – Se você não se importar.

– Por favor... - ela disse fazendo sinal para que Freire se sentasse.

Ela havia andado uma vez apenas de avião e tinha adorado a sensação e o friozinho na barriga, porém nunca tinha ido na janela. Sarah sentou-se ao seu lado suspirando.

– Pronta? - ela quis saber colocando o cinto.

– Sim. - Juliette disse a imitando enquanto os restantes dos passageiros embarcavam.

O avião deu partida e o piloto se apresentou, porém Juliette não ouvira, estava ocupada demais admirando a cidade diminuir cada vez mais e mais, até que só ficaram as nuvens...

– Lindo, não? - Sarah disse inclinando-se sobre ela para ver um pouco da janela também.

– Sim. - admitiu sorrindo.

Após mais alguns minutos admirando as nuvens a tarefa acabou por se tornar monótona. Se sentando em uma postura informal no banco bastante relaxada Juliette arriscou perguntar.

– Está chateada por ter se atrasado e não estar viajando com os caras da França?

– Não. -  disse sorrindo – Na verdade foi até bom. Se eles estivem aqui agora estaríamos falando sobre negócios. - ela fez uma careta.

– Pra você é importante fechar esse negócio não é? - perguntou deitando a cabeça em seu banco.

– Sim. Paris é o centro financeiro da França, bem como um dos principais centros culturais e científicos, qualquer negócio com as empresas de lá, traz bastante lucro. Por isso essa urgência em fechar com eles. - explicou rapidamente.

– Hum. - ela murmurou com os olhos quase fechando.

– Durma, Ju. - ela disse percebendo seu cansaço – Prometo que te acordo quando chegarmos.

– Não estou com sono. - mentiu.

– Você realmente não sabe mentir. - Sarah disse divertida.

Ela bocejou sorrindo e fechou os olhos por apenas um minuto...

– Ei bebê, chegamos. - Sarah disse lhe dando vários beijos na bochecha.

Só ali Juliette percebeu que havia dormido o vôo inteiro. Precisou de cinco segundos para realmente raciocinar e abrir os olhos.

–O que está fazendo? - ela perguntou se endireitando no acento enquanto ela lhe dava outro beijo na bochecha.

– Estou acordando minha linda esposa como ela merece. - Sarah disse parecendo achar divertido.

– Eu já acordei. - ela disse totalmente envergonhada, alisando os cabelos quando ela ameaçou beijá-la de novo. Sarah apenas riu.

– Vamos? Ainda temos que pegar nossas malas.

Juliette assentiu sem ao menos ouvir o que Sarah tinha dito. Ainda custava a acreditar que tinha dormido tanto.

– Eu dormi o vôo inteirinho? - ela perguntou baixinho.

– Sim, - ela riu – nem a turbulência que passamos te acordou.

– Tivemos uma turbulência? - ela perguntou visivelmente nervosa.

– Sim. Talvez tenha sido bom você dormir. Não adiantaria muito ficar apavorada.

– Eu estava mesmo com sono... - ela disse ainda mais baixo - desculpe.

– Eu disse para você dormir. - ela disse enquanto saiam do avião – E foi bom, descobri coisas... interessantes.

– Tipo? - ela perguntou com súbito interesse a seguindo pelo saguão do aeroporto.

– Que você faz biquinho quando dorme. E meio que, ronca um pouquinho. - Sarah disse fazendo seu sorriso alargar-se mais e Juliette corou.

– Não faço. E muito menos ronco. - ela rebateu lhe dando um tapa no ombro.

– Faz sim. - ela disse parando em sua frente – É irresistível te olhar dormindo e não querer te beijar. - disse de repente em um tom sedutor.

– Pare com isso, estamos bem no meio de um aeroporto. - ela ralhou, porém sua ordem pareceu descrente até mesmo para os seus próprios ouvidos.

Sarah pareceu notar, pois riu e a abraçou mediante aos protestos.

– Já lembrou de que dia é hoje ? - ela perguntou em seu ouvido.

– Não. - ela admitiu arrepiada – Quando você vai me falar?

Sarah sorriu e entrelaçou seus dedos com os de Juliette, voltando a caminhar.

– Quem sabe mais tarde. - Sarah disse sorrindo, e algo na voz dela soou como uma armadilha para Juliette.