Amor.

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A noite tinha sido longa, pararam de transar apenas quando o sol já estava nascendo.  Pelo menos Juliette não ia poder fugir de sua cama hoje. Ela agradeceu mentalmente enquanto abraçava a esposa para continuar dormindo. Resolvera se dar um dia de folga da empresa. A noite teria o jantar, na casa de Cleo.

E esse era um assunto que ela não queria ter com Juliette. Apesar de ter aberto seu coração no dia anterior ela conhecia a mulher bem demais para saber que teria um ataque de ciúmes. Não era preciso, ela tentava se convencer disso.

Desde que Cleo aparecera seus sentimentos ficaram confusos, aquela mulher era de outro mundo. E o jeito que o olhar dela cruzava com o de Sarah vez ou outra, fazia a loira ter certeza que havia alguma chama ali.

E estava nas mãos dela apagá-la, ou fazê-las queimarem juntas.

Sarah levantou primeiro, preparando um café delicioso para as duas. Juliette com certeza iria adorar a surpresa, ela pensou. Largou a bandeja em cima da mesa de cabeceira, e foi acordar Juliette, ela espalhou vários beijos pelo rosto da esposa que acordou meio assustada.

- Ai!- ela disse sorrindo e escondendo o rosto nas cobertas.- Para.

- Vamos, acorde! Eu fiz seu suco favorito, não vai querer provar? - ela disse fazendo Juliette sair debaixo das cobertas com cara de surpresa.

- Você, Sarah Andrade, fez meu suco favorito? E você lá sabe qual é?- ela disse puxando a loira pra um beijo rápido.

-É lógico que sei. Laranja, oras.- ela disse sorrindo e levantando para pegar a bandeja.

- Então você acertou, meu amor.

Sarah sentiu seu coração errar uma batida, e roubou mais um beijo da esposa.

– Se eu soubesse que acordaria assim, não teria fugido nenhuma vez.- ela disse enquanto comia um pedaço de torrada.

– Não deveria ter fugido mesmo. É frustrante dormir com você e acordar sozinha.- ela disse olhando para baixo e fazendo o coração de Juliette derreter.

Sarah foi obrigada a sair de seu paraíso quando o celular tocou. Era Filipe, avisando que teria uma reunião urgente com os acionistas antigos e os novos. Juliette continuou na cama e sair dela não estava nos seus planos.

Sarah se aprontou rapidamente, não estava com paciência para todos falando de seu atraso. Se despediu da morena e saiu.

'Até mais tarde, amor.'

Juliette sorriu com a mensagem. Rolou para o lado e dormiu. Agradecia por não ter que fazer nada aquele dia, estava realmente exausta.

A reunião durou cerca de três cansativas horas, Sarah se perguntava porque não tinha herdado do pai o prazer de fazer aquilo. O prazer que ela via em todos ali, mas ela própria não conseguia sentir.  Já era o sexto copo de café, desde que ela havia começado a contar, que tomava desde que chegara na empresa.

Os acionistas em sua maioria estavam satisfeitos com os rumos que a empresa estava tomando. Cleo já tinha conquistado todos com sua competência, tinha projetos ótimos e era a única coisa que ainda mantinha Sarah acordada.

O problema ainda era o mesmo: Caio. Todos acreditavam nisso. Mas Sarah havia notado que ele estava visitando a empresa mais do que de costume, ultimamente.

Três batidas e a porta se abriu. Era Karine.

- O Ca... O Sr. Afiune vai se juntar aos senhores na reunião. Com licença.- Karine falou abrindo espaço para o homem entrar.

Era impressão de Sarah ou ele estava com um sorriso no rosto? Dificilmente havia o visto sorrir. O mundo acabaria aquele dia, com certeza. Ela riu consigo mesma. Todos cumprimentaram o homem que não estava nenhum pouco disposto a brigas. Filipe olhou com surpresa para Sarah que deu de ombros.

Seja lá o que fosse que estivesse o deixando tão alegre, todos queriam que continuasse. Todos levantaram para ir embora, se despedindo.

– Você sorrindo? Agora passei a acreditar em milagres. -  Sarah disse enquanto lhe estendia a mão.

-Digamos que não tem me faltado motivos para sorrir, Sarah.- ele disse piscando um olho para ela.

Logo quando ele saiu, Sarah percebeu do que se tratavam os sorrisos e as idas constantes na empresa: Karine.
Os dois foram de mãos dadas em direção ao elevador e a loira não pode deixar de sorrir com tal visão.

O amor mudava as pessoas. Ela estava certa que sim.

Saiu de seus pensamentos e voltou para arrumar suas coisas. Levantou o olhar e Cleo a observava.

- Te assustei? Me desculpe, não era a intenção.-  disse se aproximando.

- De jeito nenhum. Aliás, você foi ótima hoje. Dificilmente eu presto atenção em alguma coisa nessas reuniões.- ela disse revirando os olhos.

-Fico feliz por prender sua atenção.- ela disse se aproximando

- Eu sou casada.- as palavras pularam da boca de Sarah - Eu.. E..Eu não sei porque disse isso.

A morena sorriu, não era uma surpresa.

- É uma grande pena, Sarah!- ela riu- Espero que isso não te impeça o nosso jantar.

– Não impedirá.- Sarah disse sorrindo.

Esperava que Cleo tivesse entendido. Não queria machucar Juliette. Não queria fazer nada de que fosse se arrepender depois. Ainda mais com quem dividiria a empresa daqui pra frente.

Pela primeira vez na vida Sarah estava pensando antes de agir. Em outras épocas ela teria apenas ficado com Cleo, sem se importar com as consequências que seus atos teriam. Estava orgulhosa de si mesma. Finalmente estava amadurecendo.

O mais importante para ela agora não eram todas as mulheres com quem ela conseguiria transar. Não era acordar com alguém diferente todos os dias, sem as vezes nem lembrar do nome.

Sarah tinha tudo o que queria agora. Tinha Juliette.

Ela escolheria apagar aquela chama.

Amor Por Contrato | Sariette Onde histórias criam vida. Descubra agora