Por que você fez isso comigo?

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Juliette's POV

Despertei do meu sono em um susto, olhei para o lado e Sarah não estava na cama, ainda era cedo. Levantei com certa dificuldade para enxergar devido a luz forte nos meus olhos. Ela estava sentada no último degrau da escada, com uma xícara de café na mão e eu apostava que ela não havia dormido aquela noite. Sabia no fundo de minha alma que algo não estava bem. Tentei descer em silêncio mas era quase impossível, ela percebeu e chegou para o lado para que eu pudesse sentar.

– Tudo bem? - falei a encarando, ela fitava a parede na nossa frente, com um olhar vazio.

– Na verdade... Sim. Insônia. - ela sorriu, mas não me encarou.

– Ah, vamos Sarah! Me fale o que há de errado! Primeiro você chega com os olhos inchados de chorar e agora sai da cama no meio da madrugada. Vamos, fale alguma coisa. - não pude evitar, fiquei irritada, não queria entrar em jogo algum, procurar por pistas ou qualquer coisa. Queria ouvir da boca dela. Ela me encarava, tentando falar.

– Marcela.

E não foi preciso mais nenhuma palavra, mas eu ainda tinha várias perguntas. Okay, ela estava pensando na tal mulher que uma vez destruiu seu coração? Ela estava a trazendo para dentro da nossa relação?

– O que? - eu tinha dúvidas, muitas dúvidas.

– Ela está aqui. Em São Paulo, Juliette. Ela é psiquiatra na clínica onde Cleo está internada. Ela está aqui. Está aqui. - ela dizia encarando a xícara, a parede, mas nunca me encarando.

– Sarah...- minha voz saiu embargada, estava prestes a chorar. De repente toda a angústia que estava sentindo desde cedo começou a fazer sentido. – Está tudo bem, não está?

– Eu não sei... - ela me encarou. E uma lágrima caiu dos olhos dela, e dos meus também. O que? Ela não sabia? Marcela apareceu e então ela começa a nos questionar?

Levantei e fui correndo para o meu quarto, ela continou lá sentada, chorando. Tranquei a porta, não queria ser incomodada no meu momento de desabar. Todos haviam tido seu momento naquela semana, agora era o meu. Me sentia uma perfeita adolescente chorando, estava com ciúmes. Não queria perdê-la. Mas como eu poderia competir com um primeiro amor? O resto da noite foi como se eu estivesse caindo em um abismo, como naqueles pesadelos, a diferença é que, eu sabia que não teria fim. Talvez, fosse só o começo, o começo do abismo que minha vida se tornaria se eu a perdesse.

Eu sentia raiva do que tinha me tornado. Nunca precisei de alguém romanticamente, nunca antes tinha me apaixonado por alguém, por que fui permitir que ela entrasse debaixo da minha pele de maneira que não conseguiria mais arrancá-la? Você é uma burra Juliette. Como pode acreditar que uma mulher como Sarah te amaria de volta? Era tudo o que eu conseguia pensar. Minha cabeça dava voltas e voltas. Hora atrás ela estava ali, fazendo amor comigo, ou não era amor? Agora estava me sentindo usada. E se ela estivesse pensando em outra pessoa enquanto transava comigo? Senti enjôo, precisava vomitar. Fui até o banheiro e coloquei tudo para fora.

Várias e várias vezes, o chão que antes era frio agora estava quente devido ao tempo em que eu havia ficado ali. Não queria sair de lá. Não queria ouvir mais nada que fosse partir meu coração. Teria sido tão mais fácil se não tivéssemos cruzado a linha. Mas cruzamos, eu diria que nós arrebentamos a linha. Pelo menos, da minha parte era de verdade. Eu era dela e a amava por inteiro. Não tinha espaço para outro amor no meu coração. Eu não tinha um passado e sabia que ela não tinha culpa por ter um, mas, meu primeiro amor era ela e naquele momento eu desejei com todas as forças que não fosse.

– Juliette? Ju... Abra a porta por favor.- ela bateu algumas vezes.

– Sarah... Eu quero ficar sozinha.

Amor Por Contrato | Sariette Onde histórias criam vida. Descubra agora