Berço de Ouro

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TW: HOMOFOBIA

POV DAY

O dia amanheceu cinzento. Eu estava nervosa e completamente tensa, voltar para a casa de minha mãe sempre era assustador para mim e ter Carol junto me preocupava. Minha mãe não era uma mulher de afeto e carinhos, ela era mais uma pessoa de ordens e regras indiscutíveis, cujas eram totalmente passíveis de punição caso não fossem seguidas. Eu estava nervosa durante o desembarque no aeroporto enquanto Carol não poderia estar mais tranquila. Eu respirei fundo o ar da minha cidade natal e desci do avião. Eu sabia que minha mãe ja estava esperando por mim, logo era muito provável que um dos empregados dela já estivesse me aguardando.

-Hm Carol... -Comecei.

-Sim, Day?

-Minha família é meio... Bom, a gente tem dinheiro. -Carol parou de andar e me encarou, eu parei junto a ela.

-E? -Os olhos castanhos me analisavam.

-E talvez ela seja um pouco rude... De qualquer forma, se você quiser sei la ir embora antes ou sei lá, me avisa...

-Day. -Carol segurou meu rosto entre suas mãos. -Eu tô aqui. E não pretendo ir pra lugar algum.

Eu assenti e ela sorriu antes de me soltar. Fizemos nosso desembarque de forma tranquila e por sorte, foi rápido despachar as malas. Descemos as escadas em direção a área comum do aeroporto e eu estava com o coração parado na garganta quando li meu nome escrito numa plaquinha sendo segurada por uma mulher que eu assumi ser a secretária de minha mãe.

-Senhorita Dayane! Seja bem vinda! -A loira disse quando eu e Carol nos aproximamos. -Assumo que não tenhamos nos conhecido antes. -Ela constatou e me estendeu a mãe, que eu apertei desconfiada. -Meu nome é Samantha, prazer em te conhecer.

-Prazer Samantha, essa é a Carol, minha...

Por um momento bateu um desespero. O que eu era de Carol? Eu não traria uma amiga qualquer para conhecer minha mãe no ano novo e ela sabe disso, tambem não diria que Carol é só uma amiga ou um ficante qualquer. Quase como se sentisse meu desespero, Carol interrompeu e apertou a mão de Samantha antes de que eu pudesse completar minha frase.

-Prazer, Carol Biazin! Eu sou atriz e namorada da Day. -Samantha arqueou a sobrancelha em surpresa mas logo sorriu e apertou sua mão.

-É um prazer, senhorita Biazin!

Eu observei a forma que a postura de Carol mudou imediatamente, mas me incomodou ela se forçar a assumir um relacionamento que claramente não existia. Samantha seguiu pelo aeroporto com a minha mala e a de Carol em mãos, eu desacelerei meus passos e entendendo meu sinal, a ruiva desacelerou comigo, dando uma distância consideravel entre nós e a loira.

-Presumo que você não deu distância dela para aproveitarmos a vista. -Carol disse tentando me fazer rir e me cutucou eu neguei com a cabeça séria. -O que aconteceu?

-Você disse que é minha namorada. -Carol me olhou curiosa.

-Sim, o que tem?

-O que tem? -Parei no caminho e a olhei espantada. -Carol, nós não somos namoradas. A gente nunca nem foi num encontro decente porque eu nao te levei.

-Ei. -Ela se aproximou novamente e segurou meu rosto. - Isso vai facilitar muito as coisas com a sua mãe, não vai?

-Hm... Vai... -Eu disse e desviei o olhar.

-Então a partir de agora você é minha namorada. -Ela sussurrou antes de me beijar brevemente e eu senti borboletas na boca do meu estômago.

O caminho até a casa de minha mãe foi feita num silencio parcialmente desconfortável. Carol segurava minha mão o tempo todo e eu não sabia dizer se era nervosismo da parte dela ou se ela estava tentando me passar tranquilidade. No banco da frente, Samantha dirigia sem dizer uma palavra. Quando finalmente chegamos no condomínio, Carol parecia surpresa ao ver o grande lago no centro do condomínio e mais surpresa ainda quando viu a casa enorme em que minha mãe morava. Eu engoli em seco e desci do carro quando Samantha parou.

1460 dias de você (DAYROL)Onde histórias criam vida. Descubra agora