POV DAY
17:55 chegou. Eu desci as escadas acompanhada de Carol, ambas estávamos nervosas e não sabíamos o que esperar desse jantar. De longe, avistei a silhueta rígida de minha mãe. Os dedos deslizando pela base da taça que eu presumi que só poderia conter um vinho bordô, já que ela costumava beber apenas isso. Respirei fundo e tomei a mão de Carol, entrelaçando nossos dedos antes de me aproximar.
-Mãe. - Disse e engoli em seco parando logo atrás dela.
Como se fosse um filme, minha mãe se virou lentamente, os olhos castanhos me encararam descomovidos e ela trouxe a taça para seus lábios antes de voltar seus olhos para frente. Acompanhei seu olhar até seu relógio de prata fina e ela repousou a taça na mesa delicadamente.
Todos os movimentos feitos com a classe que eu já esperava dela.
-Dayane. São 17:56. Está quatro minutos adiantada. - Ela disse e eu me movi, Carol logo atrás de mim. Tomei meu lugar na mesa de vidro e a ruiva sentou-se ao meu lado.
-Selma. Melhor adiantada que atrasada, não acha? - Os olhos escuros me fitaram atentivamente antes de se dispersarem para Carol.
-E quem seria a nossa... - Ela mediu Carol o máximo que pôde de baixo a cima, parando nos olhos da ruiva. Qualquer um desviaria o olhar de uma pessoa estranha, mas Carol manteu o olhar de minha mãe e a encarou como igual.- ...Convidada?
Convidada? Essa era nova.
-Caroline Biazin. Minha namorada. - Disse e os olhos atentos em Carol voltaram para mim.
-Namorada? - Minha mãe me olhou atenta.
-Sim. - Disse simplista e assisti a empregada trazer os pratos até a mesa, colocando em frente a cada uma de nós.
-Eu diria que não fiquei sabendo de muito desde que você saiu de casa mas você sabe bem disso. Fez questão de cortar comunicação, não é mesmo? -Ela pegou os talheres e levou até a boca uma colherada do cheiroso risoto de camarão e cogumelos servido.
-Eu então, diria que foi uma decisão necessária. - Me servi de vinho. - A senhora sabe como é. Sua própria filosofia de vida sempre disse que as melhores decisões não dizem respeito a ninguém além de nós. Nem mesmo nossos filhos.
Carol observou a troca de farpas e delicadamente tirou a garrafa de vinho da minha mão.
-Acho que essa quantidade de vinho já é o suficiente para você, meu amor. - A mão suave pousou em minha coxa e apertou numa tentativa clara de me calar.
Ouvi minha mãe suspirar e então ela começou a comer em silêncio. O jantar prosseguiu assim. Minha mãe parecia pensativa e eu não sabia exatamente se isso era bom ou ruim. Apenas que era alguma coisa.
-Dayane. -A voz de minha mãe soou e eu a encarei.- Eu não te chamei aqui hoje para brigar... A realidade é que eu queria... -Ela desviou o olhar cortante de mim para qualquer outro canto do cômodo.
-Queria? -Disse e Carol segurou minha mão sob a mesa.
-Eu queria me redimir. Me desculpar. -Ela disse num suspiro e eu paralisei. - Você provavelmente sabe que não é do meu feitio pedir desculpas. Isso para mim é tão difícil quanto...
-Quanto deixar as outras pessoas saberem que você tem emoções? - Terminei e ela me olhou.
Eu gostaria de dizer que sentia algo, mas naquele momento eu me senti anestesiada contra qualquer emoção. Os olhos castanhos me olharam por um breve momento antes de abaixar a cabeça e massagear as têmporas.
-Exato. Mas não é mais difícil do que saber que eu poderia ter sido melhor para você. Você não mereceu tudo o que aconteceu. Eu fui irresponsável e-
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1460 dias de você (DAYROL)
Romance1460 Dias de Você é um romance sobre Dayane, uma jovem recém mudada de Goiânia, matriculada em uma faculdade em São Paulo em busca de realizar seu sonho de ser uma artista visual. Após se mudar para o dormitório da sua nova faculdade, ela conhece e...