Capítulo quarenta e seis

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_ É óbvio que ela é filha das trevas, não estou dizendo nesse sentido, Leesa. - Proferiu nervoso. _O que é a nossa filha? - Saímos da sala para que ninguém escutasse a nossa conversa.

_ Agora é nossa? - Ri sem emoção. _ Engraçado, uns anos atrás não queria nem que eu estivesse grávida, o que que mudou, Tom? Me diga? Acabei de voltar de algo inexplicável e....

Ele me calou com um beijo, ele me beijava como antes, sem nenhum arrependimento ou muito menos algo por trás desse beijo, somente um sentimento de saudade. Tudo em nossa volta parecia um inferno, mas naquele momento podíamos ver o nosso pequeno paraíso, paraíso que não estava longe e nem muito perto.

_ Eu te amo, Leesa. - Proferia rouco. _ Nesses anos que eu passei sem você, foram os piores, mas eu tinha filhos para cuidar e talvez uma guerra para vencer, nossos filhos não dormiam nos seus quartos, era sempre com você, você não se mexia e cada vez que você tinha uma pequena reação, uma parte de minha pulsava e eu achava que teria meu mundo de volta, mas... - Soluçou. _ Você não acordava, fiquei quase sete anos sem ouvir você falar ou ser afrontosa como você sempre foi.

_ Tom. - Seu rosto estava escondido no meu ombro. _ Ei, olhe para mim, por favor. - Ele se desgrudou e me olhou. _ Eu não posso dizer que não te amo ou muito menos dizer que não quero mais lhe ver. Fiz isso tudo para salvar os meus pais. Mas depois de me lembrar que eu tinha outra missão. A missão de salvar a pessoa que mudou a minha vida, que a mudou no passado, no presente e talvez num futuro. - Ri acariciando seu rosto. _ Eu amo você, cada parte, até a parte que você é um psicopata, eu amo. Então me ajude a entender esse mundo. Me ajude a não deixar você morrer, por favor. - Meus olhos já estavam marejados. _ Não aguentaria ver você ou a nossa família morrer novamente, não aguentaria ver ele acabar com tudo.

Estava chorando, chorando por causa de mortes que talvez não aconteceria, mas era doloroso lembrar daquelas cenas, cenas que eu queria esquecê-las, mas minha mente não queria esquecê-las ou muito menos apagá-las, o que seria de mim sem eles?

_ O que você esconde de mim? - Perguntou secando as minhas lágrimas. _ Me diga.

_ Escondo a minha vida de você, escondo seu futuro de você.

Ele estava segurando algumas lágrimas, eu queria consolá-lo e dizer que estava tudo bem e que o pesadelo acabou, mas nós estávamos vivendo o pesadelo e talvez viveríamos nele para sempre.

Subo a escadaria que me levaria para o quarto dos meus filhos. Se a minha menina era igual a mim, ela não teria salvação ou talvez teria, mas seria mínima. Entro dentro do quarto e vejo a minha pequena.

_ Oi, meu amor, o que houve? - Ela estava tremendo.

Lissa saiu de sua cama e correu até mim, ela chorava baixinho, mas era audível se prestasse atenção, peguei ela no colo e fui à varanda com ela, quando passamos da janela, ela tampou os ouvidos e se contorcia de dor.

_ M-mamãe, isso dói. - Chorava.

_ Eu sei, querida, mas tente ouvir os Dementadores e você vai escutar uma história. - Falei acariciando seus cabelos.

_ Que tipo de história? - Perguntou retirando as mãos dos ouvidos.

_ Um tipo que pode conter fadas, príncipes ou até mesmo bruxos que viajaram no tempo, é só ouvir.

Ela fechou os olhinhos e ficou quieta por vários minutos, até que ela começou a rir.

_ Que história eles contaram? - Perguntei curiosa.

_ Sobre uma fada que se apaixonou por um bruxo. - Riu novamente.

_ E posso saber a graça dessa história?

_ Pode. - Sorriu. _ É que eles se casaram e tiveram um filho humano, mas a fada é pequena, então é engraçado pensar num humano fado.

_ Isso é verdade. - Ri imaginando. _Mas já está tarde e é melhor que nossa princesinha das trevas durma.

_ Mamãe?

_ Sim?

_Não dorme de novo, se não, você vai dormir para sempre e eu não vou poder te contar mais histórias.

_ A mamãe promete que não vai dormir, mas você tem que dormir igual aos seus irmãos. - Apontei para os dois que já roncavam. _ Eles já devem estar no terceiro sono. - Dei um beijo em sua testa. _Boa noite.

Saio do quarto r vou em direção da porta dupla onde aconteceu a reunião, ainda continha uns Comensais lá dentro, e os outros estavam quase indo embora, mas não iriam, não agora.

_ Sentam-se, temos assuntos para resolver. - Eles me olharam com uma face de nojo. _ São surdos? Mandei se sentarem.

_ Não recebemos ordens de você. - Falou um deles.

_ Claro, mas quem é a cabeça de tudo isso que vocês estão vivendo sou eu e não o Lorde. Então não me subestime, seus tolos.

Sentei-me no mini trono que Tom estava sentado antes e peço a todos que se sentassem nos seus lugares, alguns eram orgulhosos demais para me obedecerem, então esses orgulhosos ficaram em pé.

Eu não estava com cabeça para torturá-los, estava mais concentrada no planejamento da guerra, passei anos pensando a melhor forma de invadir e matar todos naquela maldita escola, mas não todos.

_ Que fiquem em pé, meu marido está descansando, então a segunda reunião será feita por mim e não quero nenhum pio. - Falei os observando. _ Num futuro que não vai mais acontecer, eu acho. Vocês não tinham nenhuma formação, era só atacar e matar, mas eu não quero isso, isso que estamos vivendo é uma guerra e se é uma guerra, tem que lutar como uma. Primeiro temos que ter alguns 'animais' exóticos, não gosto de falar cada nome das criaturas das trevas.

Com um balançar de varinha, Hogwarts apareceu no meio da mesa, a imagem era pequena, mas daria uma ótima maquete de simulação. Explico cada detalhe a eles e os orgulhosos se sentaram nas cadeiras que restavam e davam suas opiniões, a reunião foi gratificante, mas também esgotante.

_ Como foi a reunião? - Perguntou Tom.

Entrei no quarto e fechei a porta atrás de mim. Tom estava sentado na cama lendo um livro, o cabelo dele cresceu e ficou mais bonito.

_ Precisa cortar o cabelo, algumas Comensais não gostaram desse visual. - Falei tirando os sapatos.

Engatinho até ele e retiro o livro que ele estava lendo de suas mãos com delicadeza e ponho na mesa de cabeceira, fico em cima dele e coloco a minha cabeça no seu peito nu, aquilo era confortante e o seu perfume me acalmava.

Ele, sem jeito nenhum para contato físico, colocou suas mãos em minha cintura e de vez em quando me apertava, como se quisesse confirmar que não era um sonho.

_ Não ligo para nenhuma Comensal, só você e os nossos filhos e um casamento que temos que preparar, mas me conte como eles foram contigo? - Perguntou me abraçando cada vez mais.

_ Seus Comensais são uns amores de pessoa. - Falei sarcástica.

_ Suas piadas melhoram a cada dia.

_ Tom. - Falei seu nome como se fosse para confirmar que ele realmente estava ali. _ Tenho medo de deixar vocês novamente, então me prometam, se acontecer qualquer coisa comigo, não deixe os nossos filhos.

_ Nada irá acontecer com você, eu juro pela minha vida eterna.

_ Se palavras fossem o suficiente para suprimir esse desconforto dentro de mim. - Suspirei cansada. _ Eu amo tanto você, Riddle. Que eu morreria por você.

_ Não quero que morra por mim ou muito menos me largue, você é imortal como eu, então é impossível de você morrer.

Se ele soubesse a verdade, de toda a verdade, ele me perdoaria? 

Total de palavras: 1.265.
Revisado: 10/09/2022.

A Garota de Tom Riddle (Versão UM)Onde histórias criam vida. Descubra agora