Capítulo 34

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Os dias que seguiram ao ataque a Roni passaram tensos e longos. Ninguém tinha coragem de olhar para Ema que se mostrava furiosa e desconfiada de todos. Cameron investigava de sua forma e a cada novidade contava a Ema que mandava bilhetes através de Gerlane a Henry e Ian informando seus progressos.

Descobriram que ninguém deixou a Abadia naquela noite, nem pelo portão principal nem pelas passagens secretas, o que confirmava as suspeitas de que o agressor era alguém de dentro.

Em uma noite durante o jantar Cameron se aproximou de Ema e disse:

- Precisamos conversar, tenho uma informação, mas não deve contar a ninguém.

- A quem se refere ao dizer "ninguém"?

- A ninguém mesmo Ema, acho que alguém da sua alcateia está envolvido.

Ema engasgou com o vinho que tomava ao ouvir tais palavras.

- Não diga absurdos, sussurrou, você não conhece minha alcateia, somos fieis e leais uns aos outros. 

- Você mesma disse que sua alcateia acolheu sobreviventes da batalha contra Duncan Black, talvez alguém tenha guardado rancor contra sua família.

Ema não queria ouvir, mas o que Cameron disse fazia sentido e isso a irritava muito, muito mesmo.

- Está bem, ela disse tomando o último gole de seu vinho, vá ao meu quarto para conversarmos mais tarde.

Cameron assentiu com a cabeça e se levantou sumindo entre as mesas espalhadas pelo salão.

Ema ainda permaneceu por mais alguns minutos observando Cameron se afastar e depois sumir entre a multidão que se preparava para se recolher. Seus pensamentos estavam confusos e sua raiva transbordavam por seu corpo, precisava de uma corrida urgente, e só então se deu conta de nem se lembrava da última vez que o fizera.

- Algo a preocupa milady? Perguntou Douglas se aproximando de Ema e sentando-se ao seu lado.

Ema observou o amigo, mas infelizmente não podia mais confiar em ninguém, não agora com alguém atacando membros de sua alcateia.

- Estou bem Douglas, estou apenas pensando, só isso. E você, está com saudades de casa?. Douglas abriu um sorriso imenso com as recordações e Ema não pôde deixar de sorrir também, pois o rosto dele se transformou  fazendo-o parecer um garoto.

- Sinto falta das minhas irmãs, ele disse, puxa como elas me atormentavam.

- Não sabia que tinha irmãs.

- Ah tenho, tenho três. 

- Nossa, disse Ema sorrindo, eu tenho dois irmãos, e eu os adoro. Eles não se dão tão bem, mas sei que se amam.

- Minha irmã mais nova, Raika era a pior, ela colocava todos os tipos de insetos na minha cama, vivia aprontando.

Ambos ficaram presos em saudosas lembranças até que Douglas quebrou o silêncio dizendo:

- Não a imagino aqui, e sei que ainda nem vivemos o pior disso tudo.

- Gostaria de fazer algo para que os  mais jovens não precisassem passar por isso, como nós.

Douglas se levantou e em um sussurro disse:

- Se alguém pode fazer algo, esse alguém é você. Boa noite princesa.

Douglas se curvou e saiu da vista de Ema a deixando mais confusa e agora triste pela saudade.

Após alguns minutos voltou para seu quarto ainda atenta ao seu redor esperando por um ataque ou qualquer coisa. Entrou em seu quarto e viu Cameron deitado de costas na sua cama.

- Demorou, disse ele se apoiando em um dos cotovelos, o que estava fazendo?

- Saia da minha cama, ela disse sentando-se em sua poltrona favorita, e diga logo o que descobriu.

- Não precisa ser tão mal humorada, gosto disso tanto quanto você.

O homem ruivo e alto se sentou e ficou de frente para Ema enquanto a observava. Ela retribuiu o olhar e apesar da raiva que compartilhavam um pelo outro, era dificil não o achar bonito.

- Sei quem da sua alcateia é descendente de Ducan Black. 



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