Capítulo 40

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- Onde está Henry? perguntou novamente  Ema para os dois homens a sua frente.

- Não o encontramos Ema, procurei por toda parte. Deixei os demais membros da alcateia responsáveis por encontra-lo, não se preocupe - respondeu Ian.

- Ele não nos deixaria sozinhos em um momento como esse, algo aconteceu - falou Ema tentando levantar-se da cama.

- Ei, calma ai moça, ainda deve estar com a cabeça zonza - disse Ian se aproximando dela - você não é imortal, ou é?

- Não seja tolo, é claro que não. Mas sou uma pessoa que se surpreende as vezes, você atirando uma flecha descente está no topo da lista.

- O que posso dizer - respondeu sem graça passando a mão pelo cabelo - resolvi treinar um pouco e acabei me tornando um adepto. 

Ema sorriu mas depois olhou para Ian que mostrava um semblante sério. Com um pouco de ajuda conseguiu se levantar e colocou suas ideias em ordem.

- Cameron, busque o monge superior e ninguém mais, Ian, volte antes que alguém o veja e me mantenha informado sobre Henry, estarei com você daqui a pouco.

Os dois sairam sem dizer nada empenhados em suas tarefas, mas Ema só consegui pensar em Henry e no quanto estava preocupada. Instintivamente levou a mão ao peito para tentar controlar sua dor e focar no que realmente precisava, avisar seu pai.


Henry sentia uma dor terrível nas costas e sua cabeça parecia girar, tanto que tentava abrir os olhos e não conseguia. Sentia uma mão em sua testa com um pano úmido e seu corpo relaxava por um instante mas então a dor surgia.

- Ema - sussurrava em meio ao pesadelos dela morrendo ou sendo ferida.

- Ela está bem - dizia a voz doce -  não se preocupe, apenas se concentre em ficar bem.

Depois de alguns minutos sentiu algo amargo descer por sua garganta e finalmente caiu em um sono profundo e sem sonhos. 


- É isso Monsenhor - terminou de dizer Ema ao relatar todos os fatos ao monge queolhava horrorizado para o corpo de Sonaira estirado no quarto de Ema - Quero que meu pai seja informado agora mesmo, assim como quero falar com minha alcateia agora mesmo.

O homem concordou com a cabeça e deu instruções para que seu assistente  cumprisse os pedidos de Ema.

- Espero que tenha em mente o que teria acontecido aqui caso os planos dessa mulher fossem cumpridos. Nem mesmo a igreja seria capaz de deter essa guerra, pelo contrário, minha família teria matado todos vocês sem hesitar, por isso espero que colabore com o que for preciso para solucionarmos esse problema. 

O homem engoliu em seco e assentiu para Ema que saiu da sala em direção a ala dos demais integrantes de sua alcateia. Rezava em silêncio para que Henry tivesse aparecido ou não saberia o que fazer, como viveria se algo tivesse acontecido a ele?


Henry acordou lentamente com os olhos ainda pesados sem saber ao certo onde estava. Estava deitado de bruços e com muita dificuldade viu uma mulher de costas mexendo em algo. Seus instintos tentavam se aguçar e conseguiu ver que estava em um tipo de cabana desconhecida. A lareira estava acessa e um caldeirão fumegava com algo cheiroso dentro fazendo sua barriga roncar. Olhou para o lado e viu seu punhal em uma mesa ao lado da cama, então levantou-se com muita dificuldade e o pegou se aproximando da mulher encostando a lamina fria em seu pescoço.

- Onde estou?- sussurrou ele.

A mulher gritou de surpresa antes de responder:

- Está em segurança -  e lentamente virou-se de frente para ele com as mãos para cima em rendição.

- Gerlane? Falou ele confuso antes de uma dor terrível lhe acometer - o que está acontecendo?

Ela passou os braços por seu pescoço e o ajudou a voltar para cama.

- Você está muito ferido, te encontrei na abadia quase morto e o trouxe para cá. 

- Ema! gritou ele antes de tentar levantar-se.

- Ela está bem, não se preocupe. O herdeiro Fraser e Ian a ajudaram, mataram o monge assassino e Sonaira. 

- Ela deve estar preocupada comigo, preciso voltar.

- Você não pode, está muito ferido. 

- Mas...

- Você quer mesmo saber a verdade? Quer saber de tudo?

Henry entendeu a gravidade da situação e se ajeitou na cama para ouvir a história.

-O perigo não acabou com a morte da Sonaira, ela é apenas uma das herdeiras de Duncan Black. Quando ele fugiu para as Terras Baixas formou uma alcateia de deserdados e fugitivos. Os piores de sua espécie. Seu lema era destruir os Hunt e passou para seus filhos e netos seus ideais, e lhe garanto, são muitos. Sou dessa alcateia, para minha vergonha, e fui oferecida por meu pai para servir como informante de Sonaira ao lado de Ema, ela que sugeriu aos monges que uma criada pessoal seria necessário. Eu nunca concordei com nada, e encarei essa oportunidade como uma chance de fugir de todos, nunca tive a intenção de prejudicar Ema, sempre dei informações falsas a ela. 

Henry a encarava com desconfiança e raiva, aquele plano estava sendo tramado a muito tempo e com muito cuidado, nada garantiria que ela falava a verdade ou se estava apenas tentando usa-lo.

- Eu sei o que está pensando - falou Gerlane - sei que não acredita em mim, mas saiba que estava indo embora quando te encontrei, não precisava te salvar, mas percebi que isso nunca acabará e que essa guerra atingirá a todos ao redor, além do mais, Ema é especial, sempre me tratou com respeito. 

Henry fechou os olhos e respirou profundamente antes de dizer:

- Qual seu plano?

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