Capítulo 43

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Henry havia se tornado um dos membros mais importantes do clã Black, como gostavam de se denominar. Isso se deu muito mais por falta de preparo por parte deles do que qualquer coisa, mas o seu objetivo maior ainda não conseguira atingir, que era se encontrar com o chefe do clã que não estava por perto por motivos desconhecidos. 

Em uma noite enquanto se preparava para dormir Gerlane entrou em seu quarto discretamente. 

- Está chegando a hora - sussurrou.

- Do que está falando?

- O chefe está vindo, escutei está manhã uma conversa com os barões do clã.

- Tem certeza?

- Sim, e seu nome foi citado, ele quer te ver. Será que estão desconfiando de alguma coisa?

- Desconfiando do que - se irritou Henry - estou aqui há meses e nunca mais sequer tentei conversar com a minha família, com a Ema, pelo contrário, todos me odeiam agora, inclusive meu pai, o que mais você quer de mim? Sinto muito te dizer, mas não tenho mais nada a oferecer.

- Ei calma, está bem, estou do seu lado.

Henry sentou-se  na cama e apoiou a cabeça entre as mãos tentando controlar a raiva e tristeza que sentia. Fora um tolo ao pensar que poderia vencer essa guerra sozinho e poupar Ema de qualquer sofrimento, muito hipócrita pensar isso, pois seu rosto decepcionado era a primeira e a última coisa que via ao acordar e dormir e isso o estava matando pouco a pouco. 

Gerlane se aproximou e sentou-se ao seu lado com semblante triste. Henry era um homem honrado e aquilo era um sacrifício para ele.

- Eu sei que você está sofrendo, te conheço bem e sei disso, mas que alternativa temos agora, já começamos, não tem volta, só precisamos manter a calma e seguir o plano.

- A vinda dele muda tudo não acha?

- Talvez, mas só saberemos amanhã. 

Henry a encarou por alguns instantes e tentou recobrar os sentidos. Ainda tinha esperanças de que aquilo tudo terminasse logo e pudesse recuperar tudo que deixara para trás. Por isso respirou profundamente e concordou com a cabeça e levantou-se.

- Quer algo para beber?

- O que você tiver de mais forte.

Ele sorriu aproximando-se de sua mesa que já estava pronta com uisque e serviu dois copos. Aquelas garrafas estavam sendo suas melhores amigas nos últimos tempos e não se arrependia, somente assim poderia parecer-se um pouco com aqueles homens fedorentos e tolos daquele clã.

Gerlane aceitou o copo e tomou um longo gole. Suas preocupações eram imensas, mas ainda assim era uma mulher, isso a dava uma vantagem, ninguém achava que uma mulher poderia ser perigosa ou sequer pensar, então poderia ver e ouvir tudo sem ser notada.

- Tem outra coisa que ouvi, mas não sei se você deve saber.

Ele voltou a sentar-se , agora em sua poltrona, e esticou os pés sobre um banco, esperando pela próxima pancada. O que deveria ser? Nada o abalaria mais, não depois de tudo que passara nos últimos tempos.

- Diga Gerlane, estou preparado par qualquer coisa.

Ela tomou um último gole de sua bebida antes de falar.

- Os barões também disseram que Ema vai se casar.

Ele abaixou as pernas e apoiou o queixo entre as mãos olhando para a parede. Um longo silêncio tomou o quarto e Gerlane começou a ficar apreensiva. Não queria mentir, por isso contou-lhe tudo, mas sabia que ele ficaria desfocado, ema era seu ponto fraco.

- Henry...eu sinto muito.

- O que eles disseram?

- Não acho que...

- O que eles disseram? bradou ele a olhando com raiva.

- Eles disseram que seu pai firmo um acordou com o clã Fraser. Após os ataques que sofreram na escola, juntar os clãs seria o mais inteligente. Ainda expressaram preocupação quanto a isso, afinal são os dois clãs mais fortes. 

Ele levantou-se e começou a sentir a garganta a queimando. Seus pés ganharam vida própria e começaram a mover-se pelo quarto sem parada. O que fizera da vida? O que fizera com Ema? Agora ela seria obrigada a se casar com aquele desgraçado arrogante por causa de sua imprudência. 

- Não posso permitir isso, não posso.

- O que fará? Aparecerá sem mais nem menos no seu clã? Eles te matarão. 

- Eu não me importo! Gritou.

- Tudo bem então - gritou ela - vá lá e morra, deixe que os Blacks a matem, vai logo.

Henry parou por um instante e percebeu que ela tinha razão, mas mesmo assim sentia-se com raiva, por isso pegou sua garrafa da mesa e a jogou contra a porta, depois agachou-se e chorou. 

Gerlane não sabia o que fazer, ver aquele homem enorme e sempre forte tão exposto daquela forma fazia seu coração apertar. O considerava um amigo, depois de tudo, e não queria que sofresse.

- Eu sinto muito Henry - falou ela abaixando-se e tocando seu ombro - não queria que sofresse, mas não poderia mentir, você precisa ser forte acima de tudo. 

- Obrigada Gerlane, mas agora gostaria de ficar sozinho, por favor.

Ela assentiu e saiu do quarto deixando Henry despedaçado e sem esperanças.



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