A Alfa

Capítulo 18

Mesmo saindo bem cedo naquele dia, só chegariam ao seu destino no dia seguinte. As Highlands eram belíssimas, com paisagens verdejantes tiradas dos sonhos, porém, as montanhas não ajudavam muito, assim como o inverno que se aproximava, prometendo muita neve e um frio impiedoso.

A guarda ia sempre a frente, Henry era um dos principais membros, por isso seguia a frente juntamente com capitão que seu pai nomeara, já que não seria prudente deixar que todos os guerreiros saíssem e a alcateia ficasse desprotegida.

Ema seguia cavalgando sozinha, logo atrás. Não se importou, assim poderia pensar e observar Henry que mal a olhou nos olhos desde aquele dia em seu quarto. Instintivamente colocou as mãos nos lábios, que ao se lembrar do beijo começou a formigar. Estava tão absorta em seus pensamentos que não percebeu que Ian se aproximou, deixando seu cavalo a poucos centímetros dela.

- Um beijo por seus pensamentos? Ele disse.

Ema se assustou e Taurus sentiu, se agitando em seguida. Ema o acalmou acariciando seu pescoço e dizendo palavras carinhosas ao brutamontes. Todos a olharam, inclusive Henry que fuzilou Ian ao vê-lo próximo de Ema.

- Desculpe Ema, não quis te assustar.

- Não se preocupe Ian, estava distraída realmente, e isso não é bom. Estava apenas pensando em como será daqui pra frente. 

Ian concordou com a cabeça e ficaram assim por alguns minutos, apenas em silencio, cada um com seus pensamentos.

- Acho que será mais difícil  pra você do que para o restante de nós, disse Ian. Não consigo imaginar o peso que há em suas costas, as responsabilidades que terá que assumir, mas quero que saiba que pode contar comigo sempre, além de ser minha Alfa, também é minha amiga.

Ema sentiu seu coração comprimir pelas palavras de Ian. Ele disse exatamente o que ela sentia, e ficou feliz em perceber que alguém a entendia assim.

- Ian, você não faz ideia do quanto isso é importante para mim. Obrigada, você foi muito gentil.

Ambos sorriram um para o outro e continuaram lado a lado até que seu comandante disse que deveriam acampar ali, e antes do nascer do sol seguiriam para a Abadia de Iona.

- Uma abadia?, perguntou Ema.

Angus seu comandante sorriu e se aproximou dela.

- Sim senhorita, apesar de acharmos que a religião nos abomina, é o contrario. Eles nos acham os "protetores dos santos", mas vocês saberão mais quando estiveram mais.

Ema sorriu, pensando bem pode até ser interessante, nunca imaginou que os religiosos eram protetores de sua raça, pensando bem, agora ela achava que não sabia de muita coisa em relação a sua história. 

Se virou e viu que todos estavam arrumando suas tendas. Viu que Henry levava seu cavalo para um riacho ali próximo e decidiu fazer o mesmo. Ao se aproximar ele estava agachado perto da margem passando as mãos pela nuca e o rosto. Ema teve que se segurar para não suspirar alto diante da cena que via. Ele era tão lindo, fora uma tola por não perceber antes.

- Pensei que te encontraria aqui, disse Ema. Henry se levantou e foi na direção de seu cavalo sem olha-la. Porém, Ema não se deixou intimidar e se aproximou. Ficou de frente para ele esperando que ele a olhasse.

- Sim, vim dar um descanso a ele. Quer que eu cuide de Taurus?

Ema assentiu e seguiu Henry até o lago, sem tirar os olhos de seus movimentos por nenhum segundo.

- Quero me desculpar, disse Henry ainda de cabeça baixa, pelo que houve em seu quarto. Me aproveitei da sua fraqueza.

- Nem ouse tentar se desculpar Henry, nem ouse dizer que fui fraca. Dizendo isso ela o empurrou para que ele a olhasse. E quando ele o fez, Ema o beijou, assim como ele havia feito, com fome e força, sem se preocupar no depois. 

Por alguns segundos apenas, Henry não reagiu, tentou com todas as forças, mas nem que seu alfa proibisse em pessoa ele teria recusado o beijo, nem que ele mesmo quisesse poderia se afastar, era mais como respirar, não tinha escolha. Ele a levantou com um só braço e a encostou numa árvore próxima, Ema se afastou por um instante para respirar, enquanto Henry descia por seu pescoço com beijos que mais pareciam queimar sua pele. Ema puxava seu cabelo e enlaçava sua cintura com as pernas.

- Você sabe que não podemos continuar com isso Ema, disse Henry em um sussurro, enquanto beijava sua boca.

Ela negava com a cabeça, não poderia acabar assim, não podia. Aquele sentimento a mataria, a sufocaria se tentasse esquecer.

- Sim Ema, ele disse a soltando de repente, deixando-a com as pernas bambas.

- Mas...

- Eu não vou te esperar.