Capítulo 38

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Estranhamente Ema sentia- se um pouco aliviada. Um dos maiores problemas fora resolvido, pois não queria que Ian se sentisse traído, e sua ajuda era fundamental para seu plano dar certo.
Com isso em mente partiu para seu próximo passo e foi falar com Cameron. Ainda estava confusa sobre a noite anterior, e sentir- se vulnerável diante de uma pessoa que não confiava muito era pior ainda, mas até aquele momento ele mostrou seu valor e realmente, parecia que não o conhecia bem. A sensação de sufocamento ameaçou voltar, mas então lembrou- se da voz de Cameron a incentivando a respirar e foi o que fez, respirou profundamente e mudou seus pensamentos focando nas atividades que tinha no dia.

Naquela manhã estudariam sobre a origem das matilhas mais antigas e da formação hierárquica dentro das alcateias. Na verdade não estava com paciência para isso, mas não poderia sair de sua rotina ou desconfiariam de alguma coisa.

- Existe uma lenda - falou Sonaira andando pela sala segurando um livro - no inicio de tudo existiam 3 irmãos. O pai, preocupado com o futuro dos mesmos decidiu lhe dar poderes. O mais velho recebeu o poder da sabedoria e servia como conselheiro e mediador nas dificuldades. O segundo filho recebeu a força e era responsável pela proteção de todos ao seu redor. E o terceiro recebeu o poder da servidão e cuidaria da sobrevivência dos demais.

Com o passar dos anos o filho mais novo ficou cansado de seu dom. Achava que trabalhava mais que os outros e tinha menos reconhecimento. O pai sabiamente tentou intervir aconselhando o filho nas vantagens de servir os outros mas nada o convenceu  do contrário, ele estava determinado a não ajudar mais ninguém e seguir com sua própria vida, por isso convenceu alguns de seus ajudantes e juntos partiram e formaram uma nova alcateia.

Mas quando os problemas surgiram não havia um sábio para ajudar e nem alguém forte o bastante para lhes proteger, e na alcateia dos outros irmão não havia alguém para lhes servir, então por isso, ao invés de uma alcateia forte, duas fracas surgiram, pois um complementa o outro e cada um tem seu valor. Vocês alfas não serão nada sem seus religiosos e conselheiros, assim como seus servos e plebeus. Um completa o outro e todos devem saber a importância disso. 

- Isso é muito bonito - disse Ema sem se controlar - mas essa própria escola mostra essa diferença de importâncias. Por que o restante da alcateia não é tratada com a mesma reverência que  os alfas?

Sonaira a encarou seriamente e se aproximou.

- Acha mesmo que essa diferença faz mal ao sistema senhorita Ema?

- Sim, eu acho.

- Muito bem, deixe-me elucidar sua questão. Se não temos um líder, alguém que nos guie, assim como as ovelhas, ficamos a mercê de nossas próprias vontades, e isso seria um caos. Porém, se muitas pessoas detém o poder, outras serão prejudicadas pois nem todo mundo sabe governar pensamento no bem comum acima do bem próprio. Em retribuição a sua orientação e proteção, as demais pessoas devem servir as governantes. É um ciclo, e se cada um fizer sua parte o sucesso é garantido.

Ema sentiu um nó na garganta, pois sabia que suas palavras tinham sentido. Não concordava em relação a separação, mas sabia que era necessário um líder dentro de uma comunidade.

- Ainda assim um tratamento diferenciado não ajuda na construção de uma base de respeito.

- Está disposta a ceder seus aposentos confortáveis aos seus compatriotas?

- Com o maior prazer, não preciso mais que uma cama para dormir.

- E será que o restante dos herdeiros concordam com isso?

Ema não se virou para ver, mas um silêncio mortal tomou a sala deixando bem claro a opinião dos demais.

- Ja que essa parte fora esclarecida, partiremos para a próxima.

Sonaira continuou falando mas Ema não ouviu mais nada. Aquilo lhe dava nojo, saber que todas aquelas pessoas apoiavam essas ideias, mas então entendeu que nunca nada mudaria, esse ciclo sempre continuaria, mas apesar de tudo, estava disposta a tentar fazer algoe tornar-se-ia uma alfa melhor, mais forte.

Quando a aula acabou foi almoçar no refeitório e então foi surpreendida por Cameron que a empurrou na frente de todos. Ema reagiu com um chute e instantaneamente começaram a lutar, todos ao redor se aproximaram, porém, em silêncio, afinal são os representantes das duas maiores alcateias que se enfrentavam naquele instante, ninguém ousaria interferir.

Dois mongesse aproximaram e correram novamente trazendo Sonaira com eles para ajudar. A mulher se aproximou e gritou para ambos pararem. Um outro herdeiro se aproximou e agarrou Cameron por trás para conte-lo e Douglas segurou Ema com o mesmo fim.

- Você vai morrer Hunt! gritou Cameron com os olhos furiosos - tome cuidado ou nunca mais verá a luz do sol.

Emaolhou para ele e cuspiu no chão antes de falar:

- Você pode tentar Fraser, mas nunca conseguirá, você é fraco demais.

Os dois foram levados para lados opostos e enquanto Sonaira acompanhava cameron,Ema voltava para seu quarto acompanhada de Douglas.

-Acho que vocês exageraram dessa vez -falou o homem preocupado ao ver um corte nos lábios de Ema.

Depois de alguns minutos a posta do quarto se abriu e Cameron entrou.

- Nunca mais verei a luz do sol? falou Ema debochando dele.

- Foi o que me surgiu assim de repente, não tive tempo de ensaiar, assim que recebi seu recado apenas agi.

- Eu quase me arrependi - falou Douglas ainda sério - você não precisava tê-la machucado.

- Você acha mesmo que eu conseguiria fazer isso tão rápido - respondeu Cameron se aproximando de Ema - ela fez de propósito.

Ema sorriu com o elogio encoberto pegou o pano que lhe era oferecido por Cameron. 

- A semente foi plantada, agora precisamos esperar para que nosso amigo morda a isca. Vocês sabem o que devem fazer, fiquem atentos - falou Ema e os dois saíram do quarto assentindo com a cabeça.

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