Capítulo 37

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- O que fazia aqui? Perguntou Cameron.

- Precisava correr um pouco, meu pai apareceu e não quis me informar do que descobriram sobre o ataque. Fiquei furiosa e apenas sai correndo. 

- Você sabe que posso sentir cheiros não sabe? Não adianta mentir, você cheira a sexo.

- Cala a boca seu idiota.

- Estou mentindo? 

Eles se encararam por alguns instantes até que ele quebrou o silêncio dizendo:

- Sabe muito bem que se alguém souber de você dois ele estará morto , não sabe? Você é uma herdeira e ele é só um guarda.

- Ele não é só um guarda...

- Ema, você me entendeu muito bem, isso nunca poderá acontecer.

Ema ficou furiosa e o encarou com raiva, mas mesmo assim sabia que era verdade, apesar de saber do respeito que carinho que seu pai tinha por Henry, também sabia das regras que toda aquela tradição exigia, então ficou em silêncio e apenas se afastou com pressa.

- Ema! gritou Cameron- não adianta fugir ou correr, a verdade permanecerá com você. 

Ema correu em direção ao seu quarto sem olhar para trás e só parou quando trancou a porta atrás de si. Respirou profundamente e só então percebeu que o cheiro de Henry estava por toda parte, seu cabelo, sua pele, em sua roupa completamente destruída. Era tão bom, tão perfeito, mas as palavras de Cameron lhe atingiram a fazendo lembrar que ele não era uma mulher comum que poderia se apaixonar por qualquer pessoa e viver uma vida feliz e tranquila, ela era a primeira mulher nascida loba, a primeira que seria alfa e de uma das maiores alcateias do mundo, nada em sua vida era simples, nunca fora.

Além de tudo lembrou-se dos problemas com seu pai e da sua falta de confiança. Precisava contar a Ian sobre o que descobriram sobre sua família, mas também queria deixar bem claro que nunca acreditou em nada que Cameron sugeriu e que confiava nele com sua vida. Mas também precisava descobrir por conta própria de quem partiu aquele ataque e seu verdadeiro propósito.

De repente todas aquelas emoções lhe invadiram o corpo e uma pressão enorme surgiu em seu peito a fazendo perder o ar. Tentava respirar mas não conseguia e espasmos percorriam seu corpo. Quando não sabia mais o que fazer, conseguiu ouvir uma voz firme lhe dizendo palavras calmas e de conforto.

- Apenas respire, respire - dizia a voz.

Depois de alguns instantes conseguiu finalmente ver o rosto de sua voz e Cameron surgiu em sua frente com semblante preocupado mas sereno.

- Ema, respire, você está segura aqui.

Lentamente ela conseguiu se acalmar e ainda permaneceu o encarando confusa. Seu corpo não respondia seus comandos e apenas deixou que ele a carregasse para sua cama. Com cuidado ele a acomodou e a cobriu com a coberta sobre a cama. 

- Como você conseguiu fazer isso? Perguntou Ema.

- Meu irmão também tem isso às vezes, ele fala que falta o ar e não consegue sequer se mexer. Meu pai bateu nele na primeira vez que aconteceu, então, depois disso, só eu consigo acalma-lo. 

- Nunca imaginei que você fosse um irmão atencioso.

- A única coisa que amo na vida são meus irmãos, e você não sabe nada sobre mim Hunt. 

- Tem razão - falou Ema já quase adormecendo - não sei nada sobre você. 

Sua visão ficou escura e lentamente entrou em um sono profundo e sem sonhos.


Na manhã seguinte Ema acordou exausta e sem energia. Lembra-se vagamente da noite anterior mas tudo se misturava a um sonho estranho não conseguindo identificar o que era verdade e o era fruto de sua imaginação. 

Olhou para sua roupa rasgada e tudo lhe atingiu em cheio, a noite com Henry, a briga com seu pai, a ajuda de Cameron. A Ajuda de Cameron? Pensou novamente - que palhaçada é essa?

Pulou da cama e imediatamente pediu por um banho. Depois de pronta e trocada saiu do seu quarto determinada a conversar com Cameron e colocar as coisas no lugar. Eram apenas aliados em uma causa em comum, só isso, e ele deveria saber que tentar manipula-la por uma aliança não daria certo, ela nunca aceitaria tal coisa, porém, seus planos foram interrompidos quando Ian saiu da passagem secreta e a puxou para seu quarto.

- Ian, o que faz aqui?

- É verdade? ele perguntou com os olhos vermelhos de tristeza - é verdade que meu ancestral é Duncan Black?

Ema entendeu que ele soubera daquilo e achou que todos desconfiariam dele.

- Sim, sinto muito. Queria que você soubesse por mim. Quem te contou?

Ele se afastou andando ansiosamente pelo quarto sem acreditar naquela maldição. Sempre serviu com respeito e honra o nome Hunt e agora sua reputação seria ferida por causa de um ancestral bêbado que morrera anos atrás e que sequer sabia o nome.

- Ian acalme-se por favor, ninguém acredita que você tenha alguma coisa a ver com o atentado ao Roni, ninguém, eu juro. 

Ele parou por um instante e a observou desesperadamente tentando acreditar naquelas palavras mais que tudo na vida. Ema se aproximou e o encarou seriamente antes de dizer.

- Você é um guerreiro honrado e um amigo querido, nunca desconfiaria de você.

Sem pensar muito ajoelhou-se aos pés de Ema e ofereceu sua própria adaga dizendo:

- Sou seu servo e você é minha senhora e mestre, e se desejares por essa adaga morrerei.

Ema se ajoelhou ficando na mesma altura que ele e pegou a adaga a jogando de lado o abraçando em seguida.

- Eu juro Ema, juro que nunca faria nada de mal para nossa alcateia.

- Eu sei Ian, eu sei. Não se preocupe com isso, ninguém sequer pensou isso de você, eu confio minha vida em suas mãos.

Ficaram um tempo assim até que ele se acalmou e conseguiu conversar com calma.

- Na minha casa sequer falávamos desse meu avô. ele morreu bêbado e minha avó criou todos os filhos com a ajuda do seu avô Hunt, por isso fomos criados para servi-los e respeita-los, nunca traríamos vocês, nunca.

- Todos sabemos disso Ian, nunca esteve em questão sua honra, nem meu pai, posso garantir, ou não estaríamos tendo essa conversa agora, você sabe disso. Preciso de você mais do que nunca, pois não entendo nada do que está acontecendo agora e isso me assusta e irrita ao mesmo tempo. Posso contar com sua ajuda?

- Sempre - respondeu Ian seriamente. 

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