- Milady, disse Gerlane ao acordar Ema na manhã seguinte, Milady, sinto te acordar mas são ordem da Senhora Sonaira.
- Está tudo bem, disse Ema tentando se sentar na cama, mas estava tão cansada e com tanta dor no corpo que quase não conseguiu. Gerlane se aproximou e ajudou Ema a se sentar.
- A senhorita é uma heroína, nunca ninguém ouviu falar de um alfa que se sacrificasse por outra alcateia.
-Argh que bobagem, Ema disse alongando o pescoço, heróis não existem. Só não poderia deixar um coisa assim acontecer, é ridículo.
Gerlane sorriu sem concordar realmente com Ema e continuou a ajudá-la a se vestir.
Depois de alguns minutos Ema chegou a arena de treinos onde todos estavam reunidos. Uma fileira era formada a frente de Sonaira que ao vê-la se aproximar disse:
- Agora que estamos todos reunidos vamos começar ao que interessa. Vocês podem achar que aprenderam tudo nas suas alcateias, que são excelentes guerreiros, mas isso não é verdade, não inteiramente. Vocês não conhecem o mundo em que vivem. Somos cercados por forças indescritíveis e antigas, que guiam nossas tradições.Sonaira continuou a falar sobre a magia que existia nos lobos e o quanto interferiam em nossa força, agilidade e descendência.
- O mundo está mudando, os humanos não acreditam e nem temem mais nosso poder como antes. Por isso precisam estar preparados para tudo que acontecer, tudo mesmo. Hoje um amigo, ou o membro de nosso alcateia é um aliado, disse Sonaira olhando diretamente para Ema, mas amanhã ele pode se tornar um traidor e terá que morrer por suas mãos.
Ema se arrepiou ao pensar em matar Henry, isso nunca, nunca aconteceria, preferia morrer antes. Voltou a sua atenção para a mulher que com certeza soube da visita de Henry na noite passada.
- Vocês serão divididos em grupos para participarem das aulas. e depois receberão seu horários.
Assim os filhos dos alfas foram divididos em dois grupos e Ema agradeceu por estar no mesmo grupo que Douglas e longe de Cameron que ficara no outro grupo.
- Fiquei feliz de estarmos no mesmo grupo, disse Ema mais tarde para Douglas, é muito dificil estar sozinha.
- Sozinha? perguntou Douglas. A maioria dos que estão aqui a admiram e não se aproximam por medo, lhe garanto.
- Medo, que bobagem Douglas, olhe para mim, veja meu tamanho, como alguém poderia ter medo de mim.
- Estou olhando Ema, e vejo a melhor de todos, vejo uma esperança de união entre os povos.
Ema sempre ficava constrangida com palavras como aquelas, e na verdade quem sentia medo era ela mesma, pois temia decepcionar as pessoas que acreditavam que ela era especial. Não se sentia assim, não mesmo.
Naquele mesmo dia tiveram aulas sobre a localização de cada alcateia e a importância de cada uma em sua região. A alcateia de Douglas por exemplo, fica em uma região rica em minérios, essencial para o fornecimento de ferro para seus aliados. Ema pensou sobre isso e nos acordos que seu pai costumava fazer, na verdade ele fazia aliados.
Estudaram sobre a história de sua raça. Ninguém sabia ao certo como começou ou com quem, mas que era mais antigo que a religião cristã. Os monges eram responsáveis por acobertar, por assim dizer as lendas sobre os lobos e os lobos pela segurança dos mesmos.
No dia seguinte aprendeu que um lobo não pode transformar nenhum humano, mas que na mordida do Alfa, tinha o poder de despertar, caso alguém tenha propensão a ser lobo por descendência. Por isso apenas um alfa poderia transformar uma mulher de sua alcateia em loba e infelizmente nem todas sobreviviam.
E assim foi durante um bom tempo. Estudou sobre tantas coisas de sua raça, aprendeu segredos que nunca nem ouvira falar, e sentia-se estranha por isso, por achar que sabia tantas coisas sobre si mesma e na verdade não sabia de quase nada.
Constantemente perguntava sobre sua alcateia, e só recebia a resposta de que estavam todos bem. Aquilo a consumia, estava com um mal pressentimento a dias e não conseguia esquecer.
Numa manhã enquanto se arrumava, Gerlane entrou em seu quarto com suas roupas limpas. A observou por alguns instantes e disse:
- Gerlane, você fica somente aqui ou também vai a ala das alcateias?
Gerlane a olhou desconfiada, já a conhecia bem nesses últimos meses e sabia que não fazia perguntas sem um objetivo.
- As vezes vou a outra ala quando precisam de ajuda por lá, por que pergunta?
- Nada, disse Ema disfarçando, só curiosidade.
Gerlane cruzou os braços e a encarou esperando a resposta verdadeira.
- Está bem, disse Ema se aproximando, preciso conversar com uma pessoa da minha alcateia, urgente. Você acha que tem algum modo para isso?
- Sinto muito senhorita, mas se me pegarem ajudando a fazer algo do tipo não terei perdão, ou me jogam de um penhasco ou me mandam de volta para minha família, e eu morrerei em qualquer uma das opções.
Ema abaixou a cabeça desanimada, nunca poderia pedir que Gerlane fizesse algo que pudesse prejudica-la.
- Mas só por curiosidade, como s senhorita falou, com quem quer falar?
- Um amigo, disse Ema, o nome dele é Henry.
- Ah eu já o vi. disse Gerlane sorrindo, todas as moças de lá são apaixonadas por ele.
- É mesmo? disse Ema se ajeitando incomodada, quais moças?
- Todas, não ha uma por lá que não o admire, tanto em força, como inteligência e beleza. Soube essa semana que uma moça se machucou durante um treino e ele a levou até seu quarto no colo acredita.Todas ficaram suspirando por ele.
Ema não queria admitir que sentia uma falta terrivel de Henry, e que a lembrança dos seus beijos a aqueciam durante a noite. E saber que ele era admirado e cobiçado não a ajudou, realmente.
- Está bem Gerlane, disse Ema, deixe isso ai que arrumo quando voltar do treino.
Gerlane sorriu e deixo as roupas limpas sobre a cama de Ema e saiu do quarto com uma ideia em mente.
Henry estava jantando ao lado de Roni e Iam. Não se amavam, mas criaram um vínculo de companheirismo naqueles meses para ajudar sua alcateia, e sabiam o quanto aquela união era importante, ainda mais observando as outras alcateia que se distanciaram naquele tempo por não terem uma âncora os prendendo. Tentava se distrair ouvindo as histórias de Roni mas uma inquietação o invadia nos últimos dias e mal conseguia treinar, comer ou dormir pensando em Ema. Algo não estava bem e precisava encontrar um jeito de vê-la.
- Senhor, disse a moça que servia seu vinho tirando de seus pensamentos, o Frei quer vê-lo. Ele tomou um último gole de seu vinho e deixou o copo sobre a mesa e seguiu a jovem, mas ela tomou um caminho diferente e entrou em uma alcova desconhecida por ele.
- Onde estamos indo? ele perguntou.
- Confia na sua Alfa, a menina perguntou a ele.
- Com minha vida.
- Então preste atenção no caminho e me siga em silêncio.
Henry obedeceu a jovem e juntos entraram em várias passagens secretas entre as pedras e depois de alguns minutos chegaram a uma última. Ela o iluminou comum a tocha antes de abrir a porta e disse:
- Sirvo a senhorita Ema e ela queria falar com você. Seu quarto é a terceira porta, cuidado para não ser visto por ninguém. Ele concordou com a cabeça e saiu discretamente pela porta olhando ao redor em busca de alguém. Ao não avistar ninguem, seguiu em frente e encontrou a porta dita pela jovem misteriosa e entrou sem bater.
Era um quarto enorme e bem iluminado por velas em todos os cantos. Em uma mesa haviam vários livros e algumas anotações. Sobre a cama uma roupa de dormir estava estendida e de longe Henry sentiu o cheiro de Ema. Fechou os olhos para se concentrar melhor na sensação e quase chorou de saudades, porém ouviu um barulho do lado de fora e se escondeu.

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A Alfa
WerewolfEma Hunt é filha do alfa mais importante da história dos lobos. Isso, por si só não é algo comum, porém, ela é a primogênita e já nasceu loba, algo totalmente inédito na linhagem dos licantropos. Mesmo sendo muito talentosa e uma ótima guerreira...