A Alfa

Capítulo 33

Henry estava decidido a ser racional e evitar muito problemas, mas ao voltar e ver Roni encolhido na cama de olhos fechados não se controlou. Se aquele desgraçado gostava de usar um machado então ele aprenderia a usar corretamente.

Estava naquele instante dentro do quarto do herdeiro Fraser o observando dormir tranquilamente, como se não tivesse feito nada de mais. O cheiro do sangue de Roni acaba bem próximo do quarto do bastardo, deveria ter se limpado antes de prosseguir. 

Quando percebeu que tudo estava em silêncio se aproximou lentamente segurando seu machado favorito. Ele era pesado, porém ainda sim fácil de manusear, no cabo haviam inscrições antigas de sua matilha. Ergueu seu machado e pressionou contra o pescoço de Cameron que acordou ao sentir a lâmina fria contra sua pele.

- O que... o que está fazendo? Ele perguntou segurando o cabo do machado para tentar controlar a força de Henry.

- Soube que gosta de usar machados, então decidi te dar algumas instruções, visto que você não manuseia muito bem.

- Do que você está falando seu vira lata, saia de cima de mim ou ...

- Ou o que? disse Henry num sussurro, vai entrar no meu quarto e enfiar uma machado no meu peito? Pena que encontrou o pequeno Roni ao invés de mim não é mesmo?

- Você está maluco, dizia Cameron de olhos arregalados, eu nunca fiz nada disso.

- Você é um covarde maldito, mas mesmo assim vou te dar uma dica, para ter mais firmeza no momento de atacar seu adversário, disse Henry mudando sua posição para poder acertar seu alvo com mais precisão, você deve segurar no meio do cabo do machado, assim. Então ergueu seu machado sobre a cabeça e se preparava para desferir um golpe certeiro no peito de Cameron quando a porta se abriu e Ema gritou:

- Henry pare!

Ele a olhou confuso e viu Ian ao seu lado que se aproximava para intervir caso precisasse.

- Ema? O que faz aqui?

Ela entrou no quarto e não tirou os olhos dele.

- Não foi ele Henry, não foi ele que feriu Roni, abaixe esse machado.

Henry olhava confuso, saindo aos poucos do transe de ódio que se encontrava. Lentamente abaixou seu machado e viu quando Cameron rolou para o lado da cama e vomitou no chão.

Ema se aproximou mais um pouco e segurou o machado pesado.

- Falamos com Roni, ela falou olhando para Ian que confirmava com a cabeça, ele disse que foi um monge que seguia ordens em nome de Duncan Black.

- Duncan Black? perguntou Henry, se ele sobreviveu a batalha com seu avô, já deve estar morto agora, não pode ser.

- Mas ele tinha herdeiros, já ouvi histórias. Eles talvez queiram contestar nossa herança. Sabiam que eu tenho conflitos com Cameron e o usou para que nossas alcateias se tornassem inimigas.

Os três olharam para Cameron que se levantava confuso e limpava sua boca com um pano.

- Mas do que é que vocês estão falando?

- Acho melhor você se sentar e ouvir, pois alguém quer que nos matemos.

Após relatar toda a história da guerra contra Ducan Black a Cameron, que ouvia atentamente, Ema disse:

- Alguém sabe das nossas diferenças e aproveitou para usa-las. 

- Todos aqui sabem que nos odiamos, disse Cameron, será dificil descobrir quem foi.

Infelizmente Ema concordou com aquilo, todos sabiam dos problemas dos dois, mas quase ninguém gostaria de um conflito com a alcateia dela. Todos sabiam do poder e força que a alcateia Hunt tinha.

- Acho que teremos que trabalhar juntos, ela disse, não gosto tanto quanto você, mas caso isso fosse adiante você estaria morto agora, e sua alcateia sem herdeiros.

Cameron ficou sério e assentiu com a cabeça concordando.

- Mas da próxima vez que entrar no meu quarto e tentar me matar te mato primeiro, ele disse apontando o dedo para Henry que apenas o observava de braços cruzados.

- Henry, Ian, disse Ema, você investiguem mais sobre se Roni tem mais alguma pista. Vou investigar esse monge e preciso enviar uma carta a meu pai.

- Eles não deixarão, disse Ian.

- Tenho meus meios, ela respondeu. Agora vamos, antes que alguém os veja aqui.

Ema saiu do quarto de Cameron e acompanhou Henry e Ian até a passagem. Ian se aproximou e a abraçou antes de entrar na passagem e desaparecer de vista. Henry a observou e depois disse:

- Se eu tivesse matado Fraser, nossa alcateias estariam em guerra agora.

- Roni disse que o monge achou que estava atacando você. Se isso tivesse acontecido eu mesma teria o matado e nem pensaria duas vezes.

Ele se aproximou e a puxou contra o peito a abraçando forte.

- Me desculpe, fui irracional, deveria ter pensado antes de agir.

- Não. ela disse, você agiu pensando na proteção e na honra da alcateia. Você é leal e forte, por isso te amo tanto.

Ele parou de respirar por um segundo, apenas para absorver aquelas palavras tão preciosas. Tirou um fio de cabelo ruivo que pairava em seu rosto e num sussurro disse:

- Nid oes unrhyw un yn y byd hwn na'r nesaf sy'n eich caru chi yn fwy nag ydw i (Não há ninguém nesse mundo nem no outro que te ame mais que eu)

Ela sorriu e o puxou para um beijo, mas esse era diferente pois eles estavam diferentes. Perceberam que o que os deixava mais fortes era ter um ao outro, e que se estivessem juntos tudo poderia dar certo, pelo menos era o que achavam.