A Alfa

Capítulo 2

Ema e Henry corriam pelos vales em pura velocidade. Era o melhor momento de seus dias. Correr em forma de lobo era libertador, poder assumir sua verdadeira forma sem ,restrições, sem inibições, era perfeito.

Henry tinha a pelagem cinza claro, quase branco. Seus olhos de lobo eram da mesma cor, o deixando com aspecto de frio e mortal, o que não era verdade, pois Henry era a pessoa mais bondosa e carinhosa que Ema conhecia, e seu amigo mais querido.

Ela por outro lado, tinha a pelagem vermelha como seu cabelo humano e os olhos azuis. Os dois tinham quase a mesma idade, ele tinha 20 anos e ela faria 18, porém Henry era maior e Ema era mais veloz.

Já havia se passado horas desde que deixaram a fortaleza e foram correr, nos últimos meses o pai de Ema, Gregory Hunt, alfa da alcateia, só permitia que ela saísse acompanhada de Henry. Dizia que era por segurança, mas todos sabiam o que realmente passava na cabeça do Alfa. 

O cansaço os dominou e sentiram seus membros enrijecerem devido ao brusco exercício. Os dois foram onde suas roupas estavam guardadas e se transformaram em humanos novamente.

 Henry se vestiu primeiro e se sentou a beira de uma árvore a espera de Ema. Quando a viu, seu coração disparou como sempre fazia. Ema tinha os cabelos ruivos e longos até na cintura, com algumas mechas douradas entre os fios, que davam a impressão que o sol estava refletido ali. Seus olhos tinham o mais profundo azul, assim como o céu de verão. Sua pele era tão branca que nem parecia que ficava horas e horas ao ar livre. Mas o que Henry mais amava nela era seu sorriso. Ele iluminava seu caminho, e trazia felicidade por onde passava, e quando ela sorria, era impossível não sorrir de volta.

Ela usava um vestido branco solto, que descia por seu corpo esguio, e enquanto ela se aproximava, o vento fazia seu trabalho esvoaçando e colando o tecido a suas curvas.

- Minha Deusa, disse Henry sorrindo e levando um bom chute como sempre acontecia.

- Pare Henry, sabe que não gosto que me chame assim. Ema falou sorrindo, pois já se acostumara as brincadeiras do amigo.

Ela se deitou ao seu lado e ele a observou por alguns instantes de olhos fechados, sendo banhada pelo sol da tarde. Ele morreria por ela, pensou, a qualquer momento.

- Sabe, disse Ema quebrando o silêncio, meu aniversário está chegando, você sabe, e eu queria lhe fazer um pedido especial. E assim abriu os olhos e o olhou fixamente. Você faria algo por mim? Qualquer coisa, ele pensou, mas só de lembrar essa data seu coração partia. 

A cada cinco anos, os primogênitos das alcateias partiam para uma escola especial, onde ficavam por mais cinco anos. Henry também iria, mas ficariam separados, pois os filhos dos alfas tinham um treinamento diferente e Ema seria a sensação do momento, pois é a primeira mulher nascida loba e ele não gostava nada disso, pois Ema era ingênua e a alcateia Hunt possuía muitos inimigos, não declarados, claro, pois todos temiam os exércitos e invejavam a prosperidade que havia por ali.

O pai de Henry era John, chefe da guarda do Alfa e seu melhor amigo, mas nada poderia fazer para protege-la enquanto estivessem longe um do outro, e isso o estava matando.

- Claro Ema, qualquer coisa, respondeu Henry com uma seriedade que não era normal a ele, porém, Ema continuou, pois sabia que ele não quebrava promessas.

- Você me daria lua? Perguntou ela sorrindo.

- Sim...

- As estrelas?

- Todas as constelações...

- Você me daria... um beijo?

Henry ficou aturdido. O que ela disse, Um beijo? Era tudo o que ele sempre sonhou, mas ainda sim exitou.

- Ema... Antes que ele pudesse responder, Ema se levantou rapidamente e disse:

- Não Henry, escute, me deixe explicar. Você sabe que em poucos dias iremos embora, e ficaremos trancados lá, talvez eu só te veja daqui a cinco anos, você imaginou isso?

Ele tinha pesadelos com isso, na verdade, mas não poderia tomar o que não seria seu nunca. Mas ela estava ali, tão perto e era tão tentador. Ema o encarava esperando por uma resposta, por um movimento qualquer, qualquer coisa.

Henry se aproximou e passou a mão pelos cabelos longos de Ema e os sentiu deslizar por seus dedos como seda. A decisão de ambos já havia sido tomada. O primeiro beijo de Ema seria dele, pois não poderiam ter nada além disso.

- Ema...Ela fechou os olhos em expectativa e até pode sentir seu halito quente, quando sem mais, o momento foi quebrado pelo irmão de Ema, Scott, que gritava os dois do alto da colina.

Ema sorriu e se levantou, enquanto Henry lutava contra seus mais selvagens instintos. Correu na frente dela para apostarem corrida e de repente tudo parecia certo outra vez.