𝑪𝑨𝑷𝑰́𝑻𝑼𝑳𝑶 12

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Ucker olhava distante: vivi sim... e nas férias então, era uma festa. Minha prima e os irmãos dela vinham passar semanas aqui na cidade e nós brincávamos muito por aqui. O nome dela era Érica, era 1 ano mais velha e eu achava que era apaixonado por ela - riu deliciosamente com a lembrança e Dulce sorriu também.

Dulce: ah é? E como era essa Érica?

Ucker: Ela foi bem mais precoce que eu. Era muito mais alta, tinha o cabelo castanho claro, pele um pouco mais morena que a sua e olhos cor-de-mel.

Dulce: Devia ser muito bonita.

Ucker sorriu: bonita e insuportável, rsrs. Só eu me dava bem com ela e não entendia porque meus primos discutiam tanto com ela. Enfim, perdemos muitas tardes aqui, jogando pedrinhas nesse lago e correndo no meio das árvores. Aqui tinha mais flores e cheirava a mel.

Dulce: e onde estão ela e os irmãos?

Ucker: eu era de classe média, mas meus tios viviam bem melhor que nós na época. Meu tio era gerente de uma transnacional. Uma empresa francesa que se instalou aqui... aí ele comprou ações na França e com o tempo acabou se mudando pra lá. Eu estava entrando na pré-adolescência quando ele se foi, levando minha tia e meus primos. Desde então não os vejo.

Dulce cruza os braços e olha pra água do lago: não se sente um covarde por ter trazido sua atual namorada ao lugar onde você paquerava sua paixonite de infância? - conteve o sorriso para parecer séria.

Ucker olhou pra ela com amor nos olhos e sorriu: paquerar? Eu nem sabia o que era isso, era só um moleque. Achava que a coisa mais romântica que eu poderia fazer era arrancar uma flor qualquer daqui e dar pra ela. Um dia criei coragem e fiz isso.

Dulce fitou-o curiosa: e ela te deu pelo menos um beijinho na bochecha?

Ucker gargalhou: que nada! Pra meu azar tinha uma abelha escondida na flor. Quando ela viu fez um escândalo e ainda me chamou de tonto... pensou que eu tinha feito de propósito... - dissimulou uma cara de sofrimento - foi minha primeira desilusão.

Dulce gargalhou e Ucker aproveitou para admirar por alguns segundos o modo como ela jogava a cabeça para trás e estreitava os olhos quando ria. Era linda nos seus menores gestos.

Dulce: agora entendi porque seus primos brigavam tanto com ela, ela devia ser bem nojentinha...

Ucker: com certeza ela era, rs. - fez uma pequena pausa e voltou a segurar a mão de Dulce - vem cá!

Conduziu-a até a pequena ponte.

Ucker: se arrisca a passar por ela?

Dulce: há quanto tempo ninguém atravessa essa ponte?

Ucker: talvez algumas horas ou quem sabe alguns anos... não vou te afirmar que ela ainda agüente algum peso, mas afirmo que o lago é raso, então, se quiser arriscar...

Dulce sorriu e fez que sim com a cabeça. Subiram na ponte e a madeira envelhecida rangeu um pouco, fazendo com que Dulce automaticamente se apoiasse mais nas costas de Ucker, que andava à sua frente segurando sua mão. Pararam no meio da ponte e Ucker abaixou-se, pegando uma pedrinha e entregando-a a Dulce.

Ucker: Joga na água, sem usar força...

Dulce fez o que ele disse e assim que a pedrinha tocou a água, ela percebeu uma pequena agitação ao redor do local onde a pedra afundou.

𝗠𝔼𝗨 𝔻𝗘𝕊𝕋𝗜ℕ𝐎Onde histórias criam vida. Descubra agora