𝑪𝑨𝑷𝑰́𝑻𝑼𝑳𝑶 23

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Um barulho de porta batendo fez Ucker saltar, largando o sutiã de Érica e se afastando dela como se ela desse choque.

Ucker: Du-dulce?

Érica olhou para a figura estancada diante deles, e segurou a vontade de sorrir.

Ucker olhou em volta e notou o cenário altamente questionável e inapropriado em que estava: música tocando, ele sem camisa, Érica de sutiã aberto e ele em pé atrás dela parecendo muito mais estar tirando a roupa dela do que colocando.

Ucker: Dulce, espera, eu... - não soube o que dizer. Érica ajeitou a roupa enquanto ele fitava Dulce na sua frente. Meu Deus, nunca tinha visto aquela expressão em seu rosto antes.

Estava sombria. Dulce parecia estar morta. Toda a cor tinha abandonado sua pele e ela tremia. Havia um olhar de reprovação nela que feria profundamente os sentimentos de Ucker. Reprovação não. Decepção. Dulce parecia incrédula. Mesmo sabendo que Érica estava em uma posição questionável, Dulce parecia não enxergá-la, apenas fitava Ucker de uma forma que o fazia querer sumir, desintegrar. Oh, Deus e agora? Nada que dissesse ia funcionar, ele estava certo disso.

Ucker: é só...um mal entendido, espera.

A voz de Dulce saiu com uma agressividade que assombrou Ucker: EU ESTOU ESPERANDO!

Ele abaixou a cabeça, perdendo as palavras, a dignidade e a moral.

Dessa vez a voz de Dulce tremeu: O que é isso, Ucker? Que espetáculo é esse?

Ucker respirou fundo: eu...olha, é melhor sairmos daqui, vou pegar as chaves.

Dulce aumentou o tom de voz: Não, você não vai pegar nada e nem vai a lugar algum! Era aqui, no seu lugar de trabalho, que você estava desfrutando da beleza e charme da sua priminha, é aqui mesmo que você vai me explicar tudo isso.

Ucker olhou para Érica. Ela estava de cabeça baixa e obviamente não ia falar uma só palavra. Tudo bem, era melhor que não dissesse ou seria capaz de piorar as coisas. Se é que havia como piorar. Droga, nem sabia o que dizer!

Dulce olhou os dois amargurada: não tem como explicar, neh? Nem sabe que pretexto inventar.

Ucker: Dulce, não estava havendo nada aqui.. - Dulce o interrompeu aos berros

Dulce: SERÁ QUE VOCÊ PODE TIRAR ESSA MALDITA MÚSICA? - gritou pra Érica, que imediatamente pegou o celular em cima do sofá e desligou. - E VOCÊ, VESTE UMA ROUPA, POR FAVOR!

Érica entregou a camisa nas mãos de Ucker enquanto Dulce assistia impressionada.

Dulce: não é possível tamanha cara de pau! - sentiu um mal-estar tomar conta de seu corpo instantaneamente. Sua cabeça rodou e suas pernas tremeram enquanto analisava Ucker vestir a camisa totalmente desnorteado. - sai daqui, Érica.

Érica não moveu um músculo.

Dulce aumentou o tom de voz sem tirar os olhos de Ucker: S-A-I D-A-Q-U-I, É-R-I-C-A!

Érica se preparou para despejar uma resposta indelicada, mas achou que seria bem melhor se livrar daquela confusão. Respirou fundo, olhou pra Ucker e caminhou até a porta, quase correndo.

Dulce chorava: o que pensa que estava fazendo? O que era aquilo, Uckermann?

Ucker juntou toda a coragem e fôlego que restara e tentou pronunciar alguma palavra coerente: não é o que parece. Dulce, foi uma confusão.

Dulce forçou um sorriso irônico: uma confusão que te deixou pelado e tirando a roupa dela?

Ucker: NÃO, eu estava pondo!

𝗠𝔼𝗨 𝔻𝗘𝕊𝕋𝗜ℕ𝐎Onde histórias criam vida. Descubra agora