𝗠𝔼𝗨 𝔻𝗘𝕊𝕋𝗜ℕ𝐎

𝑪𝑨𝑷𝑰́𝑻𝑼𝑳𝑶 17

Doutor: Bom, garotos... ela infelizmente sofreu muitas fraturas. Duas costelas se quebraram e o osso da perna direita também. Além disso, ela tem ferimentos profundos nas duas pernas, em um dos braços e um corte na cabeça.

Ucker enfiou as mãos entre os cabelos, Poncho abraçou Anahí. Não eram boas notícias, nem um pouco boas.

Poncho: e então, doutor?

Doutor: vamos ter que fazer uma cirurgia com urgência. Além disso, é provável que ela precise de uma transfusão sanguínea. Perdeu muito sangue e estamos com medo por esse motivo. Ela está muito fraca pra agüentar uma cirurgia muito demorada, e infelizmente, operar duas costelas quebradas e um osso fraturado não é um procedimento rápido.

Ucker: Doutor, por favor, faça o que estiver ao seu alcance! Faça até o que não puder, convoque os melhores médicos da sua equipe, use os melhores equipamentos, faça até o duvidável, mas pelo amor de Deus, salva minha Dulce! Pelo amor de Deus! Salva ela!

Anahí, em prantos: sim, doutor, por favor! Por favor!

Doutor: (suspira) sim, farei o que for possível, mas vou precisar da fé de vocês. Essa garota vai precisar ser muito forte! Vamos encaminhá-la imediatamente para a sala de cirurgia. Quando terminarmos, volto para trazer notícias. - retirou-se, deixando na sala de espera, três pessoas em total desespero e desalento. O pior de todos era Ucker, seu coração estava apertado, doía, gritava.

Meia-hora depois, Alexandre entrou na sala de espera e Anahí andou até ele. Ucker, que estava sentado ao lado de Poncho, levantou a cabeça, com o rosto inchado de tanto chorar e fitou-o à distância.

Alexandre: Desculpa a demora, peguei trânsito. Como ela está?

Anahí: mal. Está na sala de cirurgia. Tem muitas fraturas e sangrou muito. O médico disse que... - as seguintes palavras saíram com dificuldade - ela pode não resistir...

Alexandre: Meu Deus! - abraçou Anahí, que chorava novamente - Fica calma. A Dul é forte, sempre foi!

Anahí: mas ela nunca passou por uma situação assim! Meu Deus, quando minha Dulce vai poder viver em paz? Por que que sempre que ela está feliz algo ruim acontece?

Poncho se levanta e vai até a esposa, recebendo-a dos braços de Alexandre e aninhando-a nos seus.

Alexandre caminhou até Ucker e percebeu alguns arranhões em seus braços, mas apenas isso: e com você não aconteceu nada?

Ucker levantou apenas o olhar, que fervia de desgosto: não. Que pena, mas não. - foi sincero, e não sarcástico. O desgosto nos seus olhos era mais por não estar no lugar de Dulce do que por estar frente a frente com o homem que a estava beijando uma hora atrás.

Alexandre, vendo o desespero estampado no rosto de Ucker, sentou-se ao seu lado: eu... queria conversar umas coisas com você... sobre a Dul.

Ucker detestou ouvir outro homem chamando-a de "Dul", como ele costumava chamar, mas seria mais do que egoísta se sentisse ciúmes num momento como aquele. De uma forma ou de outra, se Alexandre gostava de Dulce, também estava sofrendo com a notícia. Ficou calado.

Poncho: olha, eu vou levar a Anahí no refeitório, ela precisa de um chá. Daqui a pouco voltamos... - retiraram-se.

Alexandre ficou em silêncio por alguns minutos, percebeu Ucker apertar as têmporas, sua cabeça latejava. Suas mãos tremiam. Resolveu tentar dar início à conversa.