27. Medo

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SOPHIE LOPES

Elisa estava no mar e brincava nas ondas. Eu a observei e sorri. O dia estava muito lindo. Observei as nuvens que se movimentam lentamente e formavam diversos desenhos. Que estranho! Não lembro de ter saído de casa hoje. Olho ao redor e a Praia está vazia, não tem uma alma viva. Olho novamente para minha namorada, mas ela sumiu. Me levanto rápido e corro para o mar, mas algo me prende na areia, não consigo identificar o que é. Tento me soltar e escuto um grito de socorro, é a voz de Elisa. Me desespero ao ouvir seus gritos. Luto para conseguir chegar até ela, mas nada acontece. Paro de ouvir sua voz e começo a gritar por seu nome. Ela não pode ter se afogado. Fecho meus olhos com força e choro. Quando abro, estou na beira do mar e nada mais me prende. Olho fixamente para as ondas, mas não encontro nada. Grito por seu nome, mas ela não responde. Entro na água desesperada a sua procura. Ao longe vejo uma pessoa boiando de bruços. Nado o mais rápido que consigo, as lágrimas cegam minha visão. Me aproximo do corpo e o viro. Tudo fica escuro, não consigo enxergar, apenas consigo gritar.

- Soph, você está bem? - Abro meus olhos em um susto. Ainda angustiada e com falta de ar.

- Soph, por favor me responde. - Elisa está segurando meu ombro e seus olhos parecem desesperados. O que estava acontecendo?

- Por que você estava gritando? - A única reação que tenho é de abraçá-la. Seguro seu corpo bem próximo ao meu e sinto meus olhos molhados. Foi tudo um sonho. Ela está aqui.

- Eu tive um pesadelo. Você não estava comigo. Era horrível. Tinha muita água. Você gritava, mas eu não conseguia te salvar. - Falei entre soluços.

- Calma meu amor. Eu estou aqui. Estou bem. - Elisa me abraçou e acariciou minha cabeça.

As lembranças de ontem voltaram a minha mente. Elisa estava inconsolável por causa do seu pai. Ela dormiu chorando e eu fiquei muito preocupada. A parte em que contei para minha mãe sobre meu namoro com Elisa, também voltou a minha consciência.

- Estou com medo. - Falei.

- Do que você tem medo?

- Tenho medo de te perder. - Elisa sempre foi muito aberta comigo. Ela sempre me contava tudo, mas ontem foi diferente. Nunca tinha vista ela tão fechada.

- Ei, para com isso. Eu estou bem aqui com você. Não vou a lugar nenhum. - Ela beijou meus lábios.

- Você promete?

- Sim, eu prometo. - A beijei novamente. Queria sentir seu corpo no meu. Então comecei a tirar nossas roupas. Elisa me ajudou. Continuamos a nós beijar. Desta vez foi diferente. A cada momento senti as batidas do coração de Elisa. Não estávamos fazendo apenas sexo, era algo muito maior. Como um comprometimento silencioso. A todo instante ela estava lá comigo.

ELISA FRANCO

Acordei assustada com os gritos de Soph. Ela estava se mexendo muito. Segurei em seu ombro e tentei acordá-la. Ela falava coisas como: Por favor, não me deixei. Me desculpa, eu não consegui.

Chamei pelo seu nome até que ela acordou. Claramente foi um pesadelo. Soph me contou um pouco do sonho, mas não consegui entender tudo. Ela me disse que estava com medo de me perder. Aquilo me atingiu em cheio. Confesso que pensei em terminar ontem, porque estava me sentindo muito estranha, mas foi apenas por conta da tristeza que sentia pelo meu pai. Depois passou. Sempre me sentia assim no aniversário da morte dele. É como se outra Elisa assumisse o meu lugar. Mas eu não iria deixar minha namorada. Eu a amava.

Tentei acalmá-lá. E prometi que não iria deixá-la. Depois fizemos amor. E foi nesse momento que Soph atingiu de vez meu coração. Ela estava vulnerável e totalmente entregue. Como nunca antes. Me senti tão conectada a ela. Foi mágico, muito mais do que apenas dois corpos se amando. Era a união de duas almas.

A HORA CERTA PARA AMAROnde histórias criam vida. Descubra agora