Capítulo 1

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Cheguei em casa e joguei meu blazer sobre o sofá.

Debie estava comendo pipoca sentada em um banco próximo ao balcão e me encarou com aquele olhar calculista.

-O que o velho aprontou dessa vez? - perguntou, desconfiada.

-Ele quer que eu me case - falei, sem rodeios.

Débora começou a tossir sem parar e me encarou incrédula, as suas pupilas dilataram e encobriram todo o azul de seus olhos.

-ELE O QUE? - gritou tão alto que meus ouvidos doeram.

Me joguei no sofá, ignorando o fato de que iria amassar meu blazer novo.

A memória de meu pai me dizendo que eu deveria me casar retornou em minha mente.

Eu me levantei do sofá e comecei a caminha até a saída e só ouvir ele dizer "É algo que só você pode fazer pela empresa".

Aquilo era golpe baixo.

Venho tentando ser a filha perfeita desde que Debie foi expulsa de casa. Sempre fiz tudo certo e trabalhei igual uma louca para construir minha carreira dentro da empresa e um dia ser a CEO de tudo.

A empresa virou minha maior ambição e era crueldade usar aquilo contra mim.

-Pelo menos o noivo é bonito? - ela perguntou minha irmã com deboche. 

-Nem perguntei quem era - falei. - Sai irritada demais de lá. 

Minha irmã se sentou ao meu lado. 

-Duvido que tenha transparecido que estava irritada, você no mínimo saiu com uma expressão gélida, que por coincidência é a que você usa normalmente - falou. 

-Isso é mentira - falei. 

Ela forçou uma gargalhada alta. 

-Você passa o tempo todo dentro da empresa com aquela cara de poucos amigos - Debie me deu um soco. - Talvez se demonstrasse mais o que sente, como esta fazendo agora, já teria arranjando um namorado e agora não estaria nessa enrascada. 

-Não estou afim de namorar - resmunguei. 

-Então prefere ser a cachorrinha do papai que faz tudo que ele manda? - falou com rispidez. 

Ela se levantou e voltou para onde estava. 

-Eu não sou a cachorrinha do papai - falei. 

-Fala isso, mas eu aposto meu mega hair que você vai topar essa loucura de casamento arranjado - falou.

Dei de ombros, apenas. 

Mesmo que eu negasse, eu sabia que Débora tinha razão. Eu ligaria com um sorriso no rosto e diria que tudo bem. Mesmo que isso fosse completamente contra as minhas vontades e princípios. 

Peguei meu telefone e abri a conversa com meu pai. 

09:03 Eu: Tudo bem, eu faço pela empresa

09:04 Papai: Desculpa minha filha e obrigada por tudo.

Tampei meu rosto com o meu braço e segurei a vontade de gritar.

Talvez Debie tivesse razão eu fosse realmente a cadelinha do papai.

CASAMENTO DE FACHADA: HERDEIROSOnde histórias criam vida. Descubra agora