Quando Arthur disse que sairíamos para nos divertir, eu imaginei uma boate lotada e com a música alta tentando estourar meus tímpanos.
Agora eu encarava aquela festa e me perguntava o que raios eu estava fazendo ali.
-Me lembre de nunca mais deixar seu namorado escolher nosso destino - falou Debie.
-Me lembre de nunca mais deixar o meu namorado escolher nosso destino - falei.
Encaramos ele com o braço cruzado.
-O que foi? - perguntou.
-O que é isso? - perguntei ao apontar para o local.
Era como uma construção antiga , porém com traços modernos e uma arquitetura invejável.
-La Vip - ele disse. - Minha balada predileta da cidade.
Conhecíamos muito bem aquela boate, era onde a alta sociedade frequentava e era conhecida por seu requinte e elegância.
-Não acredito que deixei você me arrastar para isso - choramingou minha irmã.
-Vai ser divertido, eu garanto - Arthur falou.
Eu e minha irmã nos olhamos.
-Uma entrada nesse lugar é o valor do nosso aluguel - eu disse. - Tô fora.
-Relaxa, eu pago - ele falou estufando o peito.
-Não é porque somos ricos que devemos agir como se o dinheiro fosse infinito - falei.
Ele me estudou com um olhar curioso.
-Achei que fosse uma milionária - falou.
-E somos, mas nossa mãe sempre nos ensinou o valor do dinheiro - Debie disse.
-Também sei o valor do dinheiro - Arthur disse.
-Não parece querendo socar a gente nesse lugar caro - falei.
Ele me puxou pela cintura.
-Vamos só cumprimentar uns amigos meus e depois vamos para onde vocês quiserem, pode ser? - jogou seu charme.
Eu tive que rir, será que isso funcionava com alguém?
-Tudo bem - eu disse, mesmo estando contrariada.
Chegamos a entrada e logo fomos reconhecidos.
-Senhor Morais, a quanto tempo - o rapaz cumprimentou Arthur. - Senhoras Hamons, sejam bem vindas.
Era óbvio que eles sabiam nossos nomes. A alta sociedade era o principal público desse clube e saber o nome de seus clientes era essencial.
O homem olhou para Emanuela e por não reconhecer ela apenas lhe apertou a mão.
-Quatro entradas, meu amigo - Arthur disse.
Os homens se distanciaram e ficamos nós três paradas próximo a entrada.
Um carro de luxo estacionou e dele desceram algumas mulheres e um homem vestido em um terno vinho sob medida.
-Ola, princesas - ele falou se aproximando. - Estão sozinhas aqui? Posso lhes fazer companhia.
-Não, passo - falei.
Ele se aproximou de mim com os olhos desafiadores.
-Você sabe quem eu sou? - perguntou com desdém.
O olhei da cabeça aos pés.
-Nunca vi mais feio - o respondi.
Ele riu sem emoção e pegou meu rosto com aquelas mãos imundas.
-Eu sou Igor Montanhede, meu amor - ele falou.
Claro que eu conhecia aquele sobrenome. Uma família que tinha acabado de entrar na alta sociedade depois de começar uma franquia de restaurantes. Não era tão ricos, mas estavam bancando os poderosos, principalmente seus filhos. Ouvi boatos sobre eles e achei que fosse mentira, mas agora eu entendo os rumores.
Para alguém de uma família novata nesse mundo, ele era bem burro por não conhecer a responsável por um de seus maiores contratos de fornecimento.
Chutei no meio de suas pernas.
-E eu sou Elizabeth Hamons - falei quando ele se encolheu. - Não me irrite ou eu mesmo rasgo o contrato que temos com a sua família.
-Hamons? - ele perguntou assustado.
Arthur apareceu do meu lado.
-Sim, Hamons - ele falou enfurecido. - E futura Morais.
-Oh, você voltou - falei sorrindo.
-Eu deixo minha namorada sozinha por dois minutos e os marmanjos já caem matando? - ele disse tocando delicadamente onde o troglodita havia apertado.
-Arthur? - o rapaz se contraiu. - Não sabia que ela era sua namorado.
Arthur riu sarcasticamente.
-Não se preocupe com o fato de ela ser minha namorada, mas sim com o fato de ela ser a pagadora dos serviços da sua empresa - ele disse.
-Desculpa senhora Hamons, eu não a reconheci - ele falou.
Imitei a risada sarcástica de Arthur.
-Vou te dar um conselho, senhor Montanhede, seja um pouco mais humilde - falei. - Ninguém gosta de um rico esnobe. E outra coisa, eu não preciso ser reconhecida por meu namorado, mas por quem eu sou. Não é porque sou mulher que não sou importante nesse meio da alta sociedade. Acredite ou não, mas com uma frase minha e eu posso destruir toda a sua reputação.
Eu não era conhecida como Dama de Ferro atoa.
A personagem que criei durante todos esses anos foi muito bem moldada e ela não levava desaforo para casa. Conviver em um ambiente onde a maioria no poder são homens me fez criar uma casca grossa e fiquei muito boa em me defender com palavras. Mas o truque verdadeiro estava no olhar.
Uma ameaça só era uma ameaça se você mostrasse que estaria disposto a qualquer coisa para acabar com aquilo.
-Desculpa, senhora, não vai se repetir - ele disse como um cachorro amedrontado.
Arthur colocou gentilmente a mão em minha cintura e entramos.
-Nossa, fazia tempo que eu não via a Dama de Ferro em ação - falou Debie.
-Dama de Ferro? - Arthur perguntou.
-Você não sabia desse apelido? - minha irmã riu. - Ela foi apelidada assim porque sempre botava medo nos homens. Já imaginou uma mulher negociando? A primeira coisa que os homens pensam é atacar elas.
O olhar que me deu foi bem enigmático.
-Alguém tentou algum coisa com você? - ele sussurrou.
-A maioria, tive que aprender a me defender de algum jeito - falei.
Ele apertou a mão envolta da minha cintura e vi seus olhos se escurecerem, como se estivesse prestes a bater no primeiro que aparecesse em sua frente.
Entramos finalmente no salão e eu me deparei com um aglomerado de mauricinhos e patricinhas em grupos distintos.
Para o meu azar, todos os caras que eu rejeitei durante a minha vida estavam reunidos daquele salão.
Assim que entramos fomos engolidos pelos olhares curiosos.
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CASAMENTO DE FACHADA: HERDEIROS
Romance(NOVA CAPA); Créditos da capa para: @Baby-Blue-Galaxy Elizabeth Hamons e Arthur Morais são os herdeiros perfeitos. Ambos tem a mesma ambição: conquistar a aprovação de seus pais e serem os responsáveis pelas suas respectivas empresa. No entanto, s...