Capítulo 33

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O bom de o almoço ter sido serviço é que todo mundo estava ocupado mastigando e assim não sobrava tempo para falar alguma coisa.

De uma forma geral, todos se acalmaram, mas a expressividade dos olhares era enorme.

-Aqui, coma mais um pouco - Arthur disse ao colocar mais um pedaço de carne no meu prato.

Eu sorri e percebi que minha madrasta me olhava com cautela.

-Agora que está prestes a se casar, creio que vai largar a empresa - ela falou.

O desejo de Gorete sempre foi deixar seu filho como único herdeiro do conglomerado. Por ela, eu e Debie poderíamos desaparecer e nunca mais voltarmos.

-Muito pelo contrário, continuarei firme e forte no meu cargo - falei.

Minha madrasta riu sarcasticamente.

-Você é bem ambiciosa, não acha, minha amada? - ela sorri inocente. - Casa com um homem rico e ainda fica com olho grande no dinheiro do seu pai.

Agora era minha vez de rir.

-De interesse em dinheiro você entende bem, né Gorete? - outra gargalhada saiu da minha garganta. - Mas não se preocupe, não estou com Arthur pelo dinheiro dele, afinal eu tenho o meu. E também não vou deixar a empresa para que você coloque seu filho mimado no meu cargo.

Ela me olhou fingindo estar ofendida.

-Olha, Sérgio, como ela me trata - falou.

Meu pai colocou a mão na testa e massageou as têmporas.

-Gorete, você procurou - ele finalmente respondeu. - Eliz, seja mais cortês com sua madrasta - se virou para mim.

-Só falei verdades - disse.

-Eliz - ele me repreendeu.

Minha madrasta ficou com uma cara de poucos amigos.

-Pobre garota.. tem que suportar uma mulher tão vulgar - disse a mãe de Arthur.

Isso pegou a todos de surpresa.

-Oi? - disse Devanir surpreso.

-Esta na cara que a esposa do Sérgio não sabe fazer outra coisa além de menosprezar as filhas do homem que ela chama de marido - a mulher disse com indignação.

Olhei para Arthur, confusa, e ele deu de ombros.

-Quem você pensa que é? - minha madrasta gritou para a mulher.

-Cale a boca, Gorete - gritou meu pai.

Cristiane riu.

-Eu sou alguém que não precisou seduzir o marido de outra pessoa para estar onde estou agora - falou com desdém.

Olhei para minha mãe e ela encarava Cristiane admirada.

-Cris - repreendeu Devanir.

Amelia tentava manter a compostura, mas estava claro que ela queria rir.

-Acho que já estamos todos cientes que a Gorete é uma serpente interesseira, poderíamos voltar a comer? Estou aguardando a sobremesa - falou Debie.

-Debora - repreendeu meu pai.

Minha irmã revirou os olhos e se ajeitou na cadeira.

-Olha o problema que você causou, Eliz - disse meu irmão.

-Meu caro, calado você é um poeta, então evite abrir a bora para não sair tanta merda - cortei ele.

Ele abriu a boca para falar algo, mas sua mãe segurou sua mão.

-Elizabeth, você também? - meu pai perguntou com raiva.

-Você viu que eu estava quieta na minha e ela que começou - ergui as mãos como se demonstrasse inocência.

Meu pai bufou.

-Será que não conseguimos ter um almoço normal em família? - meu pai perguntou.

-Não - respondemos eu e Débora em uníssono.

Ele olhou para nós duas e bufou novamente.

-Dessa vez pelo menos está tranquilo - sussurrei para Arthur.

Ele me encarou.

-Tranquilo? Essa é a sua definição de tranquilidade? - perguntou.

Olhei envolta e assenti.

-Meu Deus, não imagino o que seja o caos nessa casa, então - falou.

-Nem queira imaginar - falei.

Por sorte, a conversa retomou a atenção para nós dois.

CASAMENTO DE FACHADA: HERDEIROSOnde histórias criam vida. Descubra agora