Capítulo 46

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Bati forte na porta de Debie até que ela atendesse. Ainda não tínhamos no falado após a discussão no corredor, mas aquele não era o momento para deixar o orgulho se sobressair.

Seu rosto inicialmente apresentava relutância, mas assim que viu meu estado ela me puxou para dentro e trancou a porta.

Eu e Debie tínhamos aquela conexão. Não precisamos dizer que estávamos mal, uma reconhecia a outra pelo olhar e foi assim naquele momento.

-Em quem eu devo bater? - ela perguntou com o olhar furioso.

Eu ri sarcasticamente.

-Em mim - respondi.

Seu olhar foi de surpresa e ela se aproximou, receosa.

-O que aconteceu, Eliz? - ela perguntou.

Outra risada com sarcasmo.

-Nosso pai... - comecei.

Minha irmã se levantou e sua expressão mudou completamente.

-O que ele fez? - questionou.

Dava para perceber que ela estava prestes a sair por aquela porta e ir meter o dedo na cara de nosso pai. Pedi para que se acalma-se e lhe contei todo o ocorrido.

Ela me interrompeu algumas vezes, indignada, mas por fim conseguir lhe dizer tudo.

-Como ele pôde? - perguntou, indignada.

Debie andava de um lado para o outro furiosa.

Eu sabia que sua mente estava cheia de coisas e seus pensamentos estavam conturbados, mas ainda assim....

-Preciso de um lugar para ficar - falei.

-Pode ficar aqui - ela respondeu. - Mas e o Arthur?

Dei de ombros.

Eu e o Arthur éramos um assunto a parte. Ele agora representava alguém muito importante na minha vida, mas eu precisava me resolver antes de colocar alguém no meio dessa bagunça.

Além do mais, ainda me sentia mal por conta do que ele me escondeu e da proporção que tudo isso tomou.

Não tinha como negar que meus sentimentos era todos direcionadas aquele homem e que tudo isso nos rendeu a oportunidade de finalmente termos algo. Porém, a forma como tudo isso aconteceu me feria.

-Por hora, vamos ficar longe um do outro - eu disse.

Ela me estudou com olhos.

-Você vai ficar bem com isso? - perguntou.

Balancei a cabeça, incapaz de concordar com palavras. Eu obviamente não ficaria bem com tudo aquilo.

Eu estava apegada a ele. Seu olhar, seu toque, sua risada. Tudo estava cravado em minhas lembranças e no meu coração.

-E o que vai fazer agora? - perguntou.

Eu suspirei fundo.

-Tenho um plano - lhe confidenciei.

Débora me olhou, novamente fazendo sua análise.

-É um bom plano? - me questionou.

-É o melhor que já arquitetei - falei confiante.

Débora estava desconfiada e me olhava de canto de olho, mas eu conseguia perceber que ela me apoiaria qualquer que fosse o caminho que eu resolvesse escolher.

-O que temos para amanhã? - perguntou.

-Um novo começo - falei.

CASAMENTO DE FACHADA: HERDEIROSOnde histórias criam vida. Descubra agora