Capítulo 38

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Caminhamos lado a lado pela empresa sob o olhar curioso de todos os funcionários. Alguns cochichavam entre si e nos olhavam logo em seguida, enquanto alguns evitavam nos olhar. 

Ao sairmos do prédio, novamente uma onda de repórteres nos abordou. 

-A quanto tempo estão juntos? - perguntou um repórter.

-Como conseguiu convencer o Morais a se casar com você? - alguém gritou. 

-Pensam em ter filhos? 

-Vão unir as empresas?

Arthur me protegia com os braços e me colocou cuidadosamente dentro do carro.

-Até quando isso vai durar? - perguntou, pensativo.

Encarei o trânsito e aquilo continuou martelando na minha cabeça. Eu gostava de Arthur, tinha consciência dos meus próprios sentimentos com relação a ele, mas e se fosse outra pessoa? E se eu não tivesse gostado dele? Como seria minha vida no meio dessa bagunça?

Minha cabeça estava dívida entre amar a oportunidade de conhecer Arthur melhor e o fato de tudo isso ser um casamento por contrato.

-Chegamos - Arthur me chamou, me desprendendo dos meus pensamentos.

Encarei a fachada do restaurante e sorri.

-Que bom, minha barriga está roncando de fome - eu fiz um drama.

Ele sorriu.

-Vamos alimentar o meu dragão - falou saindo do carro.

-O que foi que você disse? - eu disse batendo a porta do automóvel.

Ele riu e se aproximou para apertar as minhas bochechas.

-Eu já disse que você fica fofa quando está brava? - falou.

Fui nocauteada completamente de surpresa. Não esperava por aquilo.

-Oh, mas nada supera essa sua cara de vergonha - Arthur abriu um sorriso malicioso.

Dei um soco em sua barriga e sai andando rápido. Era vergonha demais para uma pobre mulher aguentar.

Obviamente ele me alcançou facilmente e segurou a minha mão.

-Me espera, namorada - falou.

-Já conversamos sobre isso - eu disse, tentando parecer ameaçadora.

-Não me faça agarra-la na frente desse restaurante - disse com aquela voz sedutora.

Fingir ignorar ele, pois sabia que suas palavras eram uma ameaça real.

O lugar não era chique, o que era estranho, pois Arthur tinha uma aspecto mimado e eu não conseguia ver ele indo em um estabelecimento em que o prato mais barato custasse menos de três dígitos.

-Gostou? - ele disse com voz nervosa, logo que nos acomodamos a mesa.

-Sim, parece ser um lugar excelente - eu disse.

Ele abriu um sorriso modesto, mas parecia muito contente com a resposta.

-Só não esperava um encontro assim com você - confidenciei.

-Então estamos em um encontro? - perguntou.

Droga. Eu tinha me colocado na armadilha.

-Nós sempre estamos em encontros, não é esse o acordo? - tentei me esquivar.

Ele sorriu, porém parecia triste com a resposta.

-Esse acordo te incomoda, né?

Balancei a cabeça.

-Passei minha vida toda com meu pai me controlando - comecei a lhe contar. - Então sinto que mais uma vez estou fazendo as coisas como ele quer.

O pior de tudo é que eu tinha um sentimento em meio peito que me dizia que havia mais por trás daquela história. Não era algo tão simples assim e sinto que meu pai me esconde as coisas.

-Se não fosse por esse acordo, acha que estaríamos juntos? - perguntou.

Arthur encarava o cardápio e evitava contato visual, mas percebi que estava ansioso.

-Não sei lhe dizer - falei sinceramente. - Eu tinha uma visão completamente diferente de você.

-Não a culpo - falou depois de um suspiro.

Olhei para ele atentamente.

-Você deveria investir mais em sua imagem, deveria deixar que as pessoas soubesse quem é o verdadeiro Arthur Morais - falei.

-E quem é Arthur Morais para você? - finalmente seus olhos pousaram nos meus.

-Um homem incrível - não cedi a essa troca intensa de olhares.

Ele abriu aquele sorriso perfeito e soltou uma doce risada.

-Que bom que minha NAMORADA pensa isso de mim - destacou a palavra bem descaradamente.

Eu fingi estar brava, mas não consegui conter um sorriso.

CASAMENTO DE FACHADA: HERDEIROSOnde histórias criam vida. Descubra agora