Capítulo 45

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Não sei quanto tempo fiquei sentada no chão e encostada na parede da sala.

Eu não estava chorando, mas também estava incapaz de realizar qualquer outra coisa.

-Liz - disse Arthur ao entrar no apartamento.

-Oi - falei, simplesmente.

-O que aconteceu? - perguntou, correndo em minha direção e se colocando ao meu lado.

Meus olhos procuraram o seu e por um momento eu me senti acolhida. As lágrimas finalmente tomaran conta do meu rosto.

-Arthur - comecei a chorar.

Ele me abraçou e acariciou minha cabeça. Era notório que estava preocupado, afinal, suas mãos estavam trêmulas.

-O que aconteceu, meu amor? - perguntou, a voz apresentava relutância.

Respirei fundo tentando conter um pouco o choro.

-Meu pai mentiu para que eu me casasse - falei.

Seu corpo ficou tenso e ele se afastou.

-Eliz - ele me chamou.

Minha cabeça se ergueu, procurando por ele e vi uma expressão de medo em seu rosto.

-Ele fez isso porque queria te ajudar - falou.

Meu coração parou.

O estudei, não havia surpresa no seu olhar. Ele estava calmo e parecia... Parecia...

-Você sabia? - perguntei.

O choro se cessou e naquele momento meu coração voltou a pesar.

-Eliz - falou a meia voz.

Me ergui e ele se afastou um pouco mais.

-Responda a minha pergunta - falei duramente. - Você sabia?

Seus olhos ficaram tristes.

-Eu sabia -falou, finalmente.

O encarei, perplexa demais para falar alguma coisa.

-Liz - começou. - Se não fosse comigo seria com outro... Quando meu pai falou... Eu não quis que se casasse com um completo desconhecido.

Um soco no meu estômago.

-Você que deu a ideia que eu me casasse com você? - perguntei.

Arthur parecia atrapalhado com as palavras e me encarava com tristeza.

-Sim - falou. - Conversei com o meu pai e pedi para que ele desse a ideia para o senhor Hamons.

-Por que? - perguntei.

Ele me olhou derrotado.

-Porque não queria que se casasse com outro homem - falou.

Comecei a caminhar em direção ao quarto. Joguei todas as minhas roupas que encontrei dentro da mala.

-Elizabeth - ele disse ao me ver com a mala nas mãos. - Não faz isso.

Não havia autoridade na sua voz, era algo próximo da súplica. Porém, eu não estava com tempo para pensar de forma racional e se continuasse naquele lugar eu acabaria falando algo que me arrependeria depois.

-Eliz, me deixa explicar - falou.

Meu olhos voltaram a lacrimejar. Eu chorava desesperadamente.

Senti suas mãos pousaram no meu ombro e eu me afastei, aterrorizada.

-Não encosta em mim - gritei.

-Liz... - chamou a meia voz.

-Eu sei que... Mas por favor, não me peça para que eu entenda tudo isso agora - falei.

Arthur se afastou.

-Eu te disse que se em algum momento duvidasse de algo, que pelo menos acreditasse nos meus sentimentos - falou.

Havia verdade em suas palavras, eu conseguia ver isso. No entanto, havia algo que corria meu coração e o dilacerava. Aquilo em meio peito me fazia querer correr para longe dele e chorar até que tudo se desfizesse ou desaparecesse.

-Me deixe ir, Arthur - falei.

Seu olhar caiu e ele parecia derrotado.

-Eliz, por favor, não me odeie - falou.

Peguei minha mala e o contornei. Indo em direção ao corredor.

-Eu jamais seria capaz de odia-lo - sussurrei.

CASAMENTO DE FACHADA: HERDEIROSOnde histórias criam vida. Descubra agora