Capítulo 57

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Eu estava nervosa.

Provavelmente já havia comido metade das comidas disponíveis no local. Minha pele estava áspera e minhas mãos pinicavam desesperadamente.

-Vai ficar tudo bem - dizia minha mãe com um rosto cheio de lágrimas.

Ver ela chorando não estava melhorando em nada o meu humor.

Meu pai tentava manter a calma, mas era difícil para ele. Em seus olhos dava para perceber a preocupação.

Olhei envolta procurando mais alguém, porém não tinha ninguém ali. Nem mesmo Debie tinha aguentado ficar comigo e saiu chorando igual uma criança.

Eu precisava respirar.

Respira. Respiram. Respira. Pensei, mas quanto mais eu tentava, mais difícil ficava e todo o ar em minha volta parecia desaparecer.

-Calma - minha mãe tentou me acalmar mais uma vez.

-Meu Deus, ela está pálida, vai desmaiar - falou Cristiane aparecendo na minha frente.

Meu pai a repreendeu e minha mãe me encarou com preocupação, por hora esquecendo de suas lágrimas.

-Eu estou bem - falei, finalmente.

-Vamos querida, você não pode ficar aqui muito tempo - disse Cris.

A olhei procurando algum tipo de socorro, mas não encontrei.

O jeito foi seguir seus passos pelos corredores até por fim alcançarmos a porta de entrada.

Minha cabeça girava em um turbilhão e eu realmente achava que iria desmaiar a qualquer momento. Mas então a porta se abriu e eu o vi.

Arthur estava parado no pé do altar com o rosto angustiado. Vi o alívio percorrer sua face assim que seus olhos se pousaram em mim.

Tudo fez sentindo então.

Meu nervosismo se foi e eu só estava concentrada nele. Era por ele que eu estava ali.

Caminhei pelo corredor ignorando os olhares e choros de todos ao meu redor. Minha mente só conseguia distinguir aquele sorriso.

Meu pai tentava se manter firme ao meu lado e por um momento, quando o encarei, vi algumas lágrimas brotando em seus olhos.

Ao nos aproximarmos, Arthur veio ao nosso encontro.

-Cuida bem da minha filha - meu pai disse, tentando não chorar.

-Pode deixar, senhor Hamons - falou Arthur.

Ele se virou para mim e sorriu.

-Pronta? - perguntou.

Olhei para o altar e assenti.

-Então venha... - ele sussurrou.

Eu sempre tive certeza de tudo que eu fiz na minha vida. Mas aquele momento era tudo o que eu mais queria. Seríamos um do outro e nada poderia mudar o fato de eu o amar incondicionalmente.

-Vamos - eu disse começando a fazer nosso trajeto até o padre.

-Vamos começar o nosso amanhã, Liz - falou.

Fim

CASAMENTO DE FACHADA: HERDEIROSOnde histórias criam vida. Descubra agora