CASAMENTO DE FACHADA: HERDEIROS

Capítulo 17

-Meu amigo, a quanto tempo não o vejo por aqui - disse um homem que se aproximou de nós.

Eu conhecia aquele rosto.

Conhecia muito bem.

-Dama de Ferro - ele me olhou com os olhos cheios de malícia. - Está ainda mais bela.

Dimitri ignorou as mãos de Arthur em minha cintura e me puxou para um caloroso abraço.

-Bom te ver também, Dimitri - falei, quando ele finalmente me soltou.

-Para de ser assim, você pode me chamar de meu amor - ele piscou.

-Passo - eu disse séria.

O homem tentou pegar minha mão, porém eu a puxei com força. Ele voltou a sorrir maliciosamente.

Quem era Dimitri? Filho dos Valência, ótimo empresário, porém com um ego maior do que ele mesmo. Conheci ele durante uma reunião entre nossas famílias e desde então ele tem uma convicção de que tenho que fazer parte da sua coleção de troféus.

-Já conhece meu noivo, né? - eu disse indicando Arthur, que por sinal estava com uma cara de poucos amigos.

-Noivo? - perguntou Dimitri surpreso.

-Sim, noivo - Arthur falou em um tom cortante.

Dimitri voltou a sorrir, os olhos em desafio.

-Quando se cansar dele e perceber que escolheu um murelhengo, estarei aqui te esperando - falou e nos deu as costas.

Ele estava obviamente irritado, mas ignorei completamente isso.

-De onde conhece o Dimitri? - perguntou Arthur com uma voz grave.

-Negócios - falei, apenas.

Ele me lançava um olhar desconfiado.

-Já estou arrependido de termos vindo para cá - falou.

Dei de ombros.

-Eu avisei que não era uma boa ideia - falei.

-Agora que vejo todos esses homens te olhando como se fosse um pedaço de carne, entendo.

-Se acostume, cunhadinho, aonde quer que vá a Eliz leva a atenção de todos - disse Debie.

-Para de jogar lenha na fogueira, Débora - falei.

Minha irmã era mestre em tornar uma situação simples em alguma cena de novela mexicana, permitindo a todos ao redor que degustassem do espetáculo.

-Venha, reservei uma sala - Arthur disse com uma expressão endurecida.

Seguimos o rapaz até um corredor. Entramos na porta de número 5 e nos acomodamos no sofá.

-Acho que alguns amigos logo aparecerão - falou.

-Quais amigos? - perguntei.

-Ian e um colega dele que eu não conheço - disse.

Eu já havia visto algumas fotos daquele tal de Ian. Era comum que os tabloides de noticia divulgassem as farras de Arthur Morais e Ian Albuquerque. Ambos sempre apareciam juntos e cheios de mulheres ao seu redor.

Ian era tão lindo quanto seu amigo, ele tinha os olhos azuis e um rosto que me lembrava meus ídolos da adolescência. Ele tinha os cabelos castanhos um pouco curtos, mas que lhe fazia parecer bem mais novo, porém o contraste com sua barba sempre dava um choque em seu visual, que alternava entre o idol adolescente e o CEO gostoso.

Bebemos algumas taças e até mesmo a presença de Emanuela se tornou suportável.

Não demorou muito para que Ian e seu colega chegassem, para nossa surpresa, seu amigo era o Igor.

-Oh - ele disse assim que nos viram. - Não quis atrapalhar.

-Relaxa, Igor, não vou te bater - falei. - Pode entrar.

Ian nos encarava confuso, mas deu de ombros e sentou ao lado da minha irmã.

Ele estava com os olhos brilhando e, pela expressão que estampou em seu rosto, eu soube que ele estava caidinho pela doce, nada recatada, Debie. Pensei em avisar, mas resolvi ficar quieta.

-Senhorita Hamons, fazia tempo que não a via fora dos muros de seu castelo - ele falou para Debie.

Mas tinha algo diferente no olhar dela.

-E ai Ian, tudo na paz? - ela respondeu e virou uma taça de bebida.

Igor se sentou ao lado de Emanuela, que sorria timidamente para ele. Revirei os olhos para aquela cena, não conseguiria ficar muito tempo olhando esse nível de falsidade, mas pelo menos ela não estava se arrastando para Arthur e isso já era uma vitória.

-O que querem fazer, meninas? - perguntou Ian em um tom animado.

-Tudo, menos isso aqui - Debie choramingou. - Beber champanhe, em um sofá, com uma musiquinha meia boca? Fala sério, eu queria estar bebendo pelo menos uma vodka de álcool de posto.

Uma coisa é certa, Debie é a pessoa mais legal para se festejar.

-Essa ai é animada - riu Arthur.

Debie lhe lançou um olhar desafiador.

-Eliz, vamos mostrar a esse povo o que é uma social ao estilo das irmãs Hamons? - ela se ergueu confiante.

-Eu amei essa ideia - falei saltitando até o seu lado.

Ian e Arthur se olharam por um tempo.

-O que você vão aprontar? - perguntou Ian.

-Vamos mostrar para vocês o que é uma festa de verdade - falei.

-Você já sabe o que fazer, né maninha? - Debie me encarou com malicia.

Nós sorrimos.