Capítulo 41

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Meu telefone começou a tocar e na tela indicava que era meu pai. Arthur gesticulou para que eu atendesse e voltou a encarar a paisagem.

-Alô - eu disse assim que coloquei o telefone no ouvido.

-Você tem reunião com em meia hora, sabe disso? - falou meu pai em um tom sério.

Eu suspirei.

Com essa mudança de cargo, eu tinha me esquecido de checar a minha agenda.

-Remarque - falei.

-Eliz - meu pai sussurrou do outro lado.

A ligação ficou um tempo em silêncio.

-Preciso que cause uma boa impressão, minha filha, só assim consigo colocar você no meu lugar - falou.

-Eu tenho algo mais importante para me concentrar agora - falei com meus olhos pousados em Arthur.

Tínhamos que ter aquele tempo só para nós. Tudo que estávamos vivendo parecia tão incoerente e falso que aquele momento estava sendo precioso para mim.

-Eliz - falou.

-Tenho que desligar, pai - falei e apertei o botão para encerrar a ligação.

Arthur se virou em minha direção e me lançou um sorriso fraco.

-Eu posso te deixar na empresa, vamos - disse ele.

-Nós íamos fugir, lembra? - o provoquei.

Finalmente um sorriso mais leve brotou em seus lábios.

-E para onde vamos agora? - perguntou.

-Já que me mostrou o seu lugar especial, posso te mostrar o meu?

Ele abriu um enorme sorriso.

-Vamos, então? - perguntou.

Arthur me ajudou descer da pedra e seguimos quietos até o automóvel. Pedi as chaves, que me foram entregues sem relutância.

Peguei a via principal e segui o caminho até o canil da cidade.

Chegando lá o veterinário veio me receber.

-Senhorita Hamons, a quanto tempo - falou.

-Ola, doutor, alguma novidade? - perguntei ao me aproximar das jaulas.

-Sempre as mesma coisas, graças a sua ajuda mês passado conseguimos comprar tudo que faltou para eles - me contou.

Bruno, o veterinário, olhou para Arthur que o cumprimentou. Logo em seguida o rapaz seguiu para dentro do escritório e nos deixou a sós.

-Então seu lugar especial é em um canil? - ele perguntou.

Balancei a cabeça.

-Eu ajudo aqui todo mês e sempre dou um jeito de acompanhar o tratamento dos cachorros - falei me abaixando para carinha a Belinha.

Belinha era a mascote do canil, muito dócil e carinhosa. Foi encontrada no meio da rua após ter sido atingida por uma moto. Foram meses de recuperação e mesmo com algumas sequelas, ela ainda era a mais animada do grupo.

-Por que um canil? - perguntou.

-Assim como a gente, eles também tem sentimentos, doenças, necessidades e tudo mais - falei. - Eu sempre tive um amor muito grande por todo o tipo de animal e me partia o coração ver eles perdidos pela rua da cidade.

Arthur suspirou ao meu lado.

-Cada dia que passa eu tenho mais certeza de que você é uma mulher incrível - ele disse.

O encarei surpresa.

Não estava esperando aquela reação.

-Você vai acabar me deixando sem graça - lhe confidenciei.

-Estou falando sério, você que não percebe como é realmente e se tranca dentro dessa fachada bruta - ele deu um passo a frente e tocou a lateral do meu rosto com a mão. - Você é perfeita, Elizabeth.

Ouvir ele dizer meu nome fez com que meus pelos se arrepiassem.

Notando meu completo ato de submissão, ele se aproximou e me deu um delicado beijo. Em seguida se abaixou e começou a fazer carinho em Belinha.

Ficamos quase uma hora brincando com alguns dos cachorros do canil e ajudamos Bruno a distribuir a ração.

Arthur parecia contente e me lançava vários sorrisos de tirar o fôlego.

Por fim, quando já estávamos suados e cansados, resolvemos ir embora para tomar um belo de um banho.

CASAMENTO DE FACHADA: HERDEIROSOnde histórias criam vida. Descubra agora