quarantaquattro

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Eu achava que já tinha visto Dean zangado, mas nada como agora. Após um telefonema, Dean tomou a direção do meu carro e enquanto eu pressionava alguns lenços soltos que estava no meu porta luvas contra meus cortes, os três discutiam sobre quem poderia ter feito isso. Mas quando chegamos na casa deles, e eu disse que vi a jaqueta vermelha do time na pessoa que me atacou e sobre o comentário de Kaori, foi quando realmente vi Dean explodir.

Enquanto eu o via chutar o sofá e andar por toda a área da sala, bufando de raiva e praguejando milhares de palavrões, uma estranha sensação de satisfação me atingiu ao vê-lo agindo assim, por eu estar ferida. E se não for por isso... foda-se, vou fingir que é.

Mas então, Matteo chegou, e bastou ver meu rosto ainda sangrando, o corte no pescoço chegando a manchar minha blusa -sério, comecei a temer estar com alguma hemorragia-, que a satisfação de antes acabou e me senti culpada ao ver meu irmão surtando, muito pior do que da vez que descobriu que Dean escondeu sobre nossa mãe. O gemido de dor que soltei quando Ettore pressionou algo contra meus machucados, parece ter enfurecido todo mundo ali, Fran chegou a ficar quase da cor de seu cabelo.

— O da bochecha está feio, mais um pouco e precisaria de pontos – Ettore murmura e eu fecho os olhos o sentindo espirrar anticéptico no corte.

Estou sentada no canto do sofá, ele ao meu lado, minha cabeça inclinada para trás enquanto ele cuida dos meus cortes, o do pescoço acabou sendo o menor causador do sangramento.

— Eu não sei quem foi, mas juro que vou invadir o campo e chutar o pau de cada jogador – Fran resmunga em pé atrás de mim, passando uma gaze para Ettore. Eu solto um riso e franzo o rosto quando o movimento me causa dor.

— Eu te ajudo – Zoe resmunga sentada no chão a minha frente.

— Pronto – Ettore se afasta. Ergo a mão e toco curativo que ele fez na minha bochecha – É só para sarar mais rápido, amanhã já estará melhor.

— Valeu – Murmuro.

Ettore se levanta e eu ouço passos descerem as escadas, Martina dá a volta no sofá e joga uma blusa em cima de mim.

— Toma – Estico a camiseta preta – Sua blusa tá fedendo a sangue. – Ergo as sobrancelhas.

— Fedendo a sangue? – Repito e reviro os olhos. Tiro a jaqueta e jogo ao meu lado no sofá. Matteo, Dean, Dante e Pietro, que estavam cochichando na cozinha, entram na sala.

— Caralho o corte foi tão grande assim? – Dante pergunta, se inclinando sobre o sofá e tocando meu ferimento.

— Aí seu idiota. – Bato com a blusa nele, que se afasta rindo.

— Quer que eu coloque a blusa para lavar? – Matteo pergunta, dou de ombros.

— Tanto faz. – Matteo continua me olhando – O que foi?

— Tô esperando você tirar. – Ergo uma sobrancelha e olho ao redor.

Fran e Zoe estão no chão, guardando o que Ettore usou no kit de primeiros socorros. Dante e Pietro estão analisando algo no celular do primeiro, Ettore foi lavar as mãos, Martina está deitada do outro lado do sofá, um salgadinho em mãos, que taca a cada segundo em Dean, encostado contra a parede ao lado da televisão, parecendo pensativo.

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