nove

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Venerdi (Sexta-feira)

Dean é rico, e isso é obvio. Depois de vestir um conjunto de moletom rotaxo, desci as escadas e encontrei Dean no estacionamento parado contra um carro idêntico ao primeiro que quebrei, mas quando me aproximei dele, eu percebi: não é idêntico, é o mesmo.

Eu consegui morder minha língua apenas a distância de um bairro da SMD, antes de não aguentar ficar quieta no banco do passageiro:

— Sabe o que eu acho engraçado? – Pergunto quebrando o silêncio de dentro do carro - Eu estou no seu carro, você o está dirigindo e adivinhe? Ele está novinho em folha – Seu olhar não se desvia da estrada. – E ainda assim, sou obrigada a pagar quando claramente, você é rico.

— Eu não sou rico. – Fico surpresa pôr o ouvir falar.

— Uou ele fala – Dean trinca o maxilar, não desviando o olhar da rua – E como essa belezinha foi concertada? Já sei, você tem uma fada madrinha? – Vejo quando ele trinca o maxilar.

— Se eu tivesse, desejaria me livrar de certas pessoas. – O olho ofendida.

— Eu deveria imaginar que você é tão amargurado que nunca viu filmes com mágica – Ele fica quieto, mas acompanho suas mãos apertarem tanto o volante que ficam brancas – Posso pelo menos ligar o rádio? – Não espero a resposta antes de esticar a mão para o rádio, porém sou surpreendida ao sentir um tapa na minha mão – Você me deu um tapa?

— Eu gosto de dirigir em silêncio.

— Que pena, não deveria ter me chamado então – Cruzo os braços, impedindo minhas mãos de retribuir seu gesto, e me encosto contra o banco. Pela janela, consigo reconhecer as ruas próximas ao centro. – Você vive por esses lados né?

— Então quer dizer que você presta atenção em mim? – Ergo uma sobrancelha em descrença quando o vejo abrir um sorriso de canto.

— Quem não presta atenção em você nessa maldita cidade?

— Quem tem medo de mim? – Não sei se soou como uma afirmação, ou uma pergunta.

— Não, esses são quem prestam mais atenção, que nem eu – Ele me olha pela primeira vez desde que entrei no carro. Seus olhos brilham em desafio, e só então entendo que ele entendeu errado o que eu disse – Eu não prestava atenção em você antes de bater em minha porta e me chantagear – Ele sorri sarcástico e volta o olhar para a rua. – Agora só presto para garantir que minha cabeça continue colada ao corpo.

— Claro que sim. – Lanço-o um olhar desafiador.

— Acha que estou mentindo? – Solto um riso irônico. - Sinto muito se estive mais preocupada em estudar do que em reparar em você.

— Eu já havia prestado atenção em você antes – O olho em completo choque, ele o que? Antes que eu possa perguntar-lhe, ele freia o carro, tira o cinto e abre a porta – Troque de lugar comigo.

— O quê? – Ele bate a porta antes de me responder, dá a volta no carro e então abre a minha. Bufo sem paciência e então, pulo o câmbio do carro, passando para o outro banco. Dean me olha com a sobrancelha erguida – Posso saber o por quê? – Dean entra no carro, bate à porta e retira o celular do moletom azul escuro que veste, na verdade, só agora percebo que essa é a primeira vez que o vejo sem a jaqueta, é estranho, mas... a cor lhe cai bem.

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